Análise – God of War Ascension

Tal como muitas outras figuras emblemáticas da história da Sony, Kratos surgiu pela primeira vez na PS2 e desde então esteve presente em quase todas as experiências onde a Sony embarcou, fosse como imagem de marca ou jogos que misturavam várias personagens.

Depois de dois jogos para a PS2, PSP, várias colecções HD e um terceiro jogo numeral, os estúdios Santa Monica resolveram que era altura de levar Kratos novamente para as suas raízes para contar mais uma parte da sua vida. Mas será que este regresso ao passado é realmente a melhor opção, ou a história devia ter avançado de forma diferente?

 

God of War Ascension conta um dos episódios mais marcantes da “ascensão” de Kratos a caminho da batalha épica contra os deuses. Aqui Kratos começa aprisionado após ter rompido o pacto feito com Ares o que o coloca no papel de um traidor. Como tal, a vingança é levada a cabo pelas Furies que estão encarregues de castigar aqueles que viram as costas aos deuses.

Como é típico em God of War, este começo serve apenas como um tutorial para que o jogador aprenda as habilidades básicas de exploração e combate da saga, assim como algumas das novidades introduzidas que oferecem mais um pouco de estratégia aos combates.

 

Os veteranos não vão encontrar muitas diferenças entre os jogos anteriores e God of War Ascension. O combate e exploração continuam a utilizar uma câmara fixa que vai alterando entre planos à medida que avançam. Existem alguns puzzles ocasionais para resolver e diversos combates contra monstros onde precisam de dar dano suficiente para os matar ou activar sequências de ataques finais com QTE (carregar de botões cronometrados).

Algumas das novidades mais marcantes passam pela remodelação do sistema de Rage, que agora sobe e desce consoante atacam os inimigos ou levam dano, quando a barra fica cheia, podem utilizar tudo numa só habilidade, ou manter para dar ainda mais dano em ataques sucessivos. Outra novidade é a interacção quase constante com os inimigos e armas adicionais. Agora podem apanhar armas diferentes deixadas para trás para usar quando quiserem, além de que podem agarrar nos inimigos de diversas formas e para diversos fins, algo bem mais complexo do que nos jogos anteriores.

Vejam ou revejam a nossa entrevista com Mark Simon dos estúdios Santa Monica!

Embora tenham sido adicionadas pequenas novidades ou alterações, God of War Ascension continua a ser muito igual a si próprio, seja para o bem ou para o mal. A câmara a meu ver é uma das piores do género, escolhendo ângulos automáticos que não são os melhores, ou no caso de combate mais épicos, afastar demasiado. Isto acaba por prejudicar o novo  jogo e mesmo tendo jogado numa televisão com um tamanho significativo, por vezes Kratos e os inimigos ficavam do tamanho de pequenas peças de LEGO, tamanho pouco aceitável quando estamos rodeados de inimigos que nos estão a atacar e o cenário está em constante movimento.

Depois disto, existem os puzzles que ficam bem aquém do que existia no passado. Estes não vão muito além do que meros obstáculos que precisam ser concluídos para progredir. Novamente a câmara acaba por dificultar a tarefa, pois em muitos casos não conseguimos ver o que está dentro de uma casa ou o que está além de uma plataforma, algo que se resolvia bem com um sistema de câmara livre. Se Bayonetta e até o recente Metal Gear Rising Revengeance o fizeram, porque não aqui?

 

Felizmente, o combate continua a ser tão divertido e empolgante como sempre. É gratificante desencadear vários combos enquanto enchem a barra de Rage e matam um inimigo com um golpe final devastador. É verdade que muitos dos “finishers” podiam ter mais uma ou duas variedades para que Kratos não tivesse de repetir a mesma animação vezes sem conta, mas não deixa de ser bastante desafiante e competitivo.

A competitividade é um termo importante na jogabilidade de God of War Ascension, especialmente tendo em conta que foram adicionadas novas habilidades e estilos de ataque para criar um modo multijogador online com acção directa.

 

Online tomam o lugar de um campeão escolhido pelos deuses que pode lutar por um dos vários senhores do Olimpo. Curiosamente, cada um destes deuses (Zeus, Ares, etc.) representa um estilo de jogo que pode ser visto como classes e o qual adiciona uma maior profundidade e estratégia ao jogo. Temos guerreiros pesados com mais defesa, assassinos e até mesmo curandeiros, boas equipas com boas estratégias estão muito mais aptas para vencer, mesmo que na realidade não vá muito além de Hack and Slash típico.

Podem competir em modos onde jogam com mais ou menos jogadores por equipa e até outros onde cooperam com outros jogadores para matar o maior número de inimigos. Estes modos online fazem lembrar por vezes uma mistura entre o combate normal da campanha e elementos de um MOBA (League of Legends, DOTA 2) onde existem objectivos para cumprir e a equipa com mais pontos vence.

 

É uma pena que os cenários apareçam num número reduzido e os modos sejam poucos, mas para todos aqueles que procuram expandir a experiência de jogo além da campanha, o sistema de evolução, angariação de armas e melhoramento da personagem vão manter os fãs interessados por algum tempo.

God of War Ascension continua a manter o estatuto épico visual ao oferecer alguns cenários e inimigos realmente colossais. No geral as texturas das personagens (em especial Kratos) são realmente impressionantes, sendo apenas prejudicado pelos inimigos clonados e repetitivos que surgem em grandes quantidades em cada cenário.

 

A Banda sonora continua a manter o seu timbre épico, mesmo quando não estão em combate. As vozes podem ser ouvidas tanto em português como inglês, mas caso não necessitem de jogar em português e percebam a língua inglesa, então recomendo as vozes originais que tem muito mais alma e não ficam tão diluídas no som dos combates ou da música.

Tal como seria de esperar, God of War Ascension é mais um bom jogo da saga e os fãs de Kratos ou de Hack and Slash vão ficar certamente deliciados com esta epopeia. Porém, God of War Ascension deixou-me algo desapontado. Os combates épicos já não tem o mesmo impacto que o passado, a história é cativante mas muito menos forte e a câmara consegue ser um dos maiores inimigos, privando o jogador de algo essencial, visibilidade.

Vejam também a nossa vídeo-análise de God of War Ascension!

Um ponto positivo vai realmente para o Online, que mesmo não sendo algo realmente arrebatador, é um bom primeiro passo para que God of War consiga dar cartas no Online quando transitar para a PS4. Pelo caminho, ficamos com God of War Ascension, uma experiência conservadora de boa qualidade mas que só vai preencher realmente o coração dos fãs, estando mais próxima do Bom do que do Excelente.

Positivo:

  • Continua épico como sempre
  • Novo modo Rage é uma boa mudança
  • Combate divertido e desafiante
  • Online é um primeiro passo positivo
  • Banda sonora imponente

Negativo:

  • Câmara fixa
  • História mais humana mas com menos impacto
  • Secções de puzzles e plataformas menos fortes
  • Partidas online demoram a encontrar jogadores

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