O Beijo. Que fenómeno é este, cujo subtexto transcende o mero enlace entre lábios? A importância não pode ser desprezada, caso contrário estaríamos a vulgarizar 20.160 minutos da nossa vida (valor médio que uma pessoa dedica a praticá-lo ao longo da mesma). Para entendermos a origem do beijo, devemos ter em atenção que beijar sabe bem e faz bem, liberta químicos que aumentam o bater do coração, reduz o colesterol, diminui o stress e elimina 2 a 3 calorias (se o beijo for intenso). Em outra pessoa, ou a um objecto, o beijo exige um movimento complexo que activa 34 músculos faciais, bem como 112 músculos associados.
Segundo os psicólogos, que estudam a evolução humana, o acto de beijar pode ser rebobinado até à prática de alimentar outra pessoa através da boca, normalmente, o filho. A transição de comida já mastigada de uma boca para a outra pode parecer repulsivo numa perspectiva evoluída da nossa construção social, mas a saliva da progenitora oferece substâncias extra para a criança, nomeadamente: ferro, proteínas e cálcio, elementos que encontramos no leite materno. A comida pré-mastigada facilita a digestão da criança e é um comportamento recorrente nos outros mamíferos, bem como nas aves.
O contacto boca a boca é, portanto, sinónimo de intimidade, confiança e proximidade. A saliva contém informação sobre os indivíduos (código genético), garantindo que é saudável e experiente, numa espécie de segredo biológico que se conta sem ser verbalizado. O beijo serve também para antecipar o acto sexual, desvendando à partida se os parceiros são compatíveis. Quanto mais pessoas são beijadas, maior é a probabilidade que se formem pares ideais, logo, potencia a continuação ideal da espécie.
A conotação cultural do beijo abrange vários significados, que variam mediante o contexto em que se insere. O beijo pode expressar sentimentos, emoção, amor, paixão, romance, atração sexual, actividade sexual, afecto, respeito, saudação, amizade, paz e votos de boa-sorte, bem como outros motivos pontuais. O beijo pode ser um ritual, um acto formal ou simbólico. O Beijo Romântico exige mais do que a simples proximidade física, exige intimidade e cumplicidade. Segundo o psicólogo Wilhelm Reich, socialmente o acto de beijar é uma afirmação contra o ambiente que constrange a privacidade, que enaltece o romance, afirmando-se como prova de coragem e rebeldia de duas pessoas. A dita “clandestinidade” do beijo pode ser recuperada no tempo, quando as cartas escritas mascaravam o beijo com a letra “X”.
Segundo Marcel Danesi, em “The History of the Kiss”, os primeiros relatos sobre o Beijo remontam à Mesopotâmia, onde se beijava para agradar os Deuses. Há registos da prática no Antigo Egipto, bem como no Antigo Testamento, no qual a primeira referência surge em Genesis 27:26, onde Jacob engana o pai em troca da sua bênção “Ora chega-te, e beija-me, filho meu. E chegou-se, e beijou-o; então cheirou o cheiro dos seus vestidos, e abençoou-o” (sem esquecer a traição de Judas). Os católicos possuem inclusive uma relação mística com o beijo, nomeadamente: no rosário; na bênção; com o crucifixo; bem como com a imagem de Cristo. O beijo também desempenhava um papel importante no reconhecimento da hierarquia, sendo o beijo dado mediante a diferença hierárquica das pessoas (um camponês beijaria os pés do rei, já duas pessoas com o mesmo estatuto fá-lo-iam na face). Durante a reforma Protestante, o beijo foi apelidado de “acto carnal nojento,” valorizando e atiçando ainda mais o misticismo do beijo durante a Idade Média, nomeadamente, na arte dramática (o beijo na boca era recorrente nas histórias, lendas e dizeres populares).
Provavelmente o beijo com maior destaque na arte, pelo simbolismo e significado, acontece na obra “Romeu e Julieta”, na qual William Shakespeare representa o beijo como ode à liberdade de escolha e prevalência do amor. O beijo perfilava-se enquanto a recompensa mais honrosa que o homem podia receber pelas respectivas provas de amor, mas Romeu e Julieta dividiram o protagonismo do beijo, acumulando a responsabilidade e o mérito.
Nas artes plásticas, algumas obras marcantes merecem destaque por denotarem a inspiração no tema do beijo, bem como a elasticidade da temática nas várias camadas da arte. Das cores, às texturas, passando pela intenção do artista, às decisões tomadas, devemos salientar: Pygmalion and Galatea (Jean-Léon Gérôme 1890), In Bed: The Kiss (Henri de Toulouse-Lautrec 1892), The Kiss (Auguste Rodin século XII), The Kiss (Gustav Klimt), The Kiss (Constantin Brancusi), The Lovers (René Magritte 1928), The Kiss (Pablo Picasso 1967), Kiss V (Roy Lichtenstein 1964) e O Aniversário (Marc Chagall).
O beijo em público ainda é tabu em alguns países. Não só é proibido, como é censurado nas plataformas de media. É certo que dez por cento da população mundial não beija – por superstição ou construção social -, contudo é importante destacar a importância do Cinema na nova dimensão social do beijo.
O primeiro beijo romântico, projectado no ecrã, remonta ao cinema mudo norte-americano, no filme The Kiss (O Beijo), de 1896. A curta-metragem tinha a duração de 47 segundos e relatava o beijo entre os actores May Irwin e John Rice no final do musical The Widow Jones. Realizado por William Heise e Thomas Edison, a película causou fricção negative na opinião pública, obrigando à intervenção policial nos locais em que foi projectado. Um crítico contemporâneo apelidou a película de “nojenta”, realçando que o acto era deplorável no palco, mas no grande ecrã, a “troca de fluidos” era ainda pior. O contexto social norte-americano do início do século XX etiquetou o beijo de “excessivo e luxurioso, com postura e gestos sugestivos que não devem ser mostrados”, dando razão aos estudos de Freud (a questão da perversidade), originado a criação de um código de conduta e autorregulação em Hollywood, que limitava a duração dos beijos, bem como a postura dos actores (não podiam levantar os pés e tinham de beijar em pé ou sentados). O não cumprimento das regras, conduzia à eliminação das cenas.
Contudo, a imaginação adora estar balizada e reprimida, e a adversidade exigiu a construção de metáforas visuais para fintar as regras e chegar ao público, criando, paradoxalmente, impacto ainda maior (técnica usada nos filmes de terror, porque o que não vemos é mais assustador quando a solução passa por imaginá-lo).
A socióloga Eva Illouz elaborou em 1935 o estudo que identificou o tema do amor (consagrado no beijo romântico) como “a mais importante representação nos filmes em Hollywood”. Após o primeiro beijo de boca aberta, no filme “O Demónio e a Carne” de 1926, interpretado por Greta Garbo e John Gilbert, o romance reincidiu em 95% dos filmes na década de 30, levando a crítica a apelidar o fenómeno de “fórmula romântica”. Estávamos na Era de Ouro de Hollywood, no início da introdução do som, que se estendeu até aos anos 40, deixando na história clássicos como E Tudo O Vento Levou, bem como Casablanca (A Kiss is Still A Kiss) e A Dama e o Vagabundo.
Hollywood ofereceu uma nova perspectiva à cultura moderna ocidental, na qual o beijo não é apenas uma expressão de afecto, mas o beijo prolongado, acompanhado com um abraço, seria a face visível do romantismo e do desejo sexual. Podemos afirmar que o Cinema não inventou o Beijo, mas ao longo do século XX, a conquista gradual de Hollywood nos horizontes das construções conservadoras (alimentado pelo desejo do público), tornou o Beijo essencial, indispensável, vibrante e visível. Hollywood criou uma iconografia glamorosa e requintada do beijo, com uma coreografia elegante e ensaiada, que na vida real é geralmente mal-amanhado, desajeitado e pouco gracioso (se mantivermos os olhos abertos, veremos um nariz desfocado em tamanho gigante). Em todo o mundo, mesmo países sem herança no acto de beijar (China e Japão), ganharam rotinas e criaram as próprias/novas experiências em redor do beijo.
O Cinema tem o poder de representar intimidade, verbalizando em imagens as sensações que o beijo provoca, engrandecidas por uma narrativa que prepara e conduz ao momento. Contudo, nem tudo são rosas na técnica de relatar o Beijo no Cinema. Recuperando “O Beijo” de Thomas Edison, a pelicula revela problemas de fluidez visual e estática, tais como a postura dos actores em cena, o enquadramento, a ligação entre a acção e a narrativa, iluminação, bem como a intenção na cena. A interação entre os actores é pouco orgânica e não “vende” o enlace amoroso entre ambos. Ambos estão sentados, de frente para a camera, com a cara em perfil. Quando o beijo acontece, estão num ângulo de 45 graus em favor da camera mas em desfavor da naturalidade.
A técnica do beijo no cinema exigiu uma adaptação ao meio, ultrapassando as dificuldades criadas pela ausência de som, o desaparecimento das faces devido ao enquadramento, iluminação da cenas e dificuldade na optimização da expressão dos actores (como apresentar o cabelo, a boca e a testa). O avanço tecnológico criou a possibilidade de editar os planos, transformando por completo a narrativa visual do cinema, proporcionando ao beijo uma nova dimensão estática e artística, bem como os “tempos” que não são traduzidos na representação. Os realizadores passaram a aplicar a gramática, agora clássica, do cinema, criando a interação entre os personagens, alternando os planos entre as duas pessoas (passam a estar em plano aproximado cara-a-cara), e a mudança do eixo, que permitiu relatar e contrapor a expressão dos personagens. Quando as duas caras desaparecem quando se encostam, o ritmo e a construção da acção permite ao público mais do que a simples constatação do beijo, o público está dentro do momento.
Embora o beijo no cinema fosse considerado um aperitivo para o acto sexual, os filmes nunca ultrapassaram a fronteira do beijo, contudo, devido à iluminação, maquilhagem e planos aproximados, o beijo tornou-se ainda mais sugestivo e “apimentado” do que no teatro. A censura, nos primórdios do cinema, relembrou o universo perverso levantado por Freud, limitando o beijo no único conteúdo sexual que o público tinha direito no ecrã. O legado da censura resiste ainda hoje, numa Hollywood que é regulada nas próprias regras, assistindo a sucessivas conquistas ao longo do tempo, e à medida que o proibido consolidava habituação e aceitação.
O primeiro beijo entre dois homens ocorreu ainda no cinema mudo, no filme “Wings” (1926), melodrama sobre a Primeira Grande Guerra que acabaria por vencer o Óscar de Melhor Filme, sendo o primeiro beijo entre homens um sinal de amizade (o beijo aconteceu numa fase em que tudo era novo e experimental). O primeiro filme a ter um beijo lésbico foi exibido em 1931, no filme “Mädchen in Uniform” (Meninas de Uniforme) de produção alemã, realizado por Leontine Sagan (os beijos entre pessoas do mesmo sexo só voltariam em 1970). 1926 também teve significado para a história do beijo no cinema, com o filme “Don Juan”, no qual foram contabilizados 191 beijos do actor John Barrymore.
O primeiro beijo inter-racial ocorre em 1957, no filme “Uma Ilha ao Sol”, que acabou por desencadear desacatos no Sul dos Estados Unidos. O maior beijo de sempre, registado em Hollywood, remonta a 2005, no filme “Kids in America”, com duração de 6 minutos ao longo dos créditos finais. Na década de 40, Alfred Hitchcock tentou estabelecer esse recorde, mas a censura não autorizou a iniciativa do cineasta, que substituiu o longo beijo em “Notorious”, por uma sucessão de vários beijos com 3 segundos entre Cary Grant e Ingrid Bergman. Cinema Paradiso de 1989, realizado por Giuseppe Tornatore, presta uma homenagem ao beijo no cinema, com Alfredo (Philippe Noiret) a deixar ao amigo e auxiliar Salvatore (Jacques Perrin) uma bobine onde estão montadas todas as cenas de beijo cortadas pelo padre de localidade (os cinemas da Itália pertenciam, em sua maioria, à Igreja).
1992, permitiu que o beijo fosse digno de reconhecimento pela crítica, com a inclusão nos MTV Movie Awards, na categoria de Melhor Beijo. O filme Brokeback Mountain (2005), realizado por Ang Lee, mereceu a atenção da Academia, embora o enredo em redor de uma relação homossexual entre Ennis (Heath Ledger) e Jack (Jake Gyllenhaal) tivesse cenas de envolvimento sexual implícita. Com a mesma relevância, há a salientar “O Último Tango em Paris” (1972) e “La vie d’Adèle” (2016). Embora explorem a sensualidade, e sejam reconhecidos por essa vertente, criaram impacto na sociedade, atingiram as massas, e desempenharam a função pedagógica de esclarecimento social.
O beijo no cinema nem sempre é sinónimo de arte, também pode padecer pelo facilitismo dos lugares comuns. São recorrentes beijos à chuva, no aeroporto, na lareira ou na praia. O beijo exige sempre silêncio, tornando-se numa forma de comunicação recorrente dos personagens (há mais formas de consagrar o amor…). Há um corrente de estudiosos cinematográficos que defende que os primeiros filmes com vampiros surgiram como contraponto ao romantismo do beijo, atribuindo ao romance e à sedução um manto de horror e perigo. Sinceramente, a conotação das presas que perfuram o pescoço da vítima, possuem uma diferente imagética simbólica.
O país que nos ofereceu o Kama Sutra, atravessou quatro décadas sem exibir o beijo nas respectivas produções. Embora a prática tivesse acompanhado os primeiros passos em Bollywood (até aos anos 30), a censura obrigou uma geração de cineastas a representarem a intimidade com metáforas, nomeadamente: dentes-de-leão que se tocavam oe/u toros em combustão na lareira. O toque das mãos e o encostar das bochechas representavam o limite, sendo recorrente o uso do fogo para assinalar o crepitar do desejo, bem como números musicais coreografados – cantados cara-a-cara – como simbolismo do enlace sexual.
O beijo no cinema português exige um enquadramento diferente do mercado americano. Na altura, a luta era outra. O início do cinema português tem lugar com a Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança (1896), numa réplica do filme dos irmãos Lumière. A ficção cinematográfica portuguesa nasce em 1907, por Lino Ferreira, que realiza O Rapto de uma Actriz.
Em 1926, Portugal é absorvido pela ditadura, que cria em 1935 o Secretariado Nacional de Informação para controlar o cinema de acordo com as necessidades do regime. Começa a era do cinema salazarista, com a propaganda da ideologia política, nos quais se destacaram os actores de revista: Beatriz Costa, António Silva, Maria Matos e Vasco Santana. Um dos primeiros beijos registados acontece em A Canção de Lisboa (1933), no qual Vasco Santana e Beatriz Costa partilham um beijo fugaz e envergonhado. As obras cinematográficas respeitavam os parâmetros exigidos pelo Antigo Regime, ou seja, sem conteúdo politico ou de crítica social, inclinadas para a comédia e com conteúdos para entreter o povo. Com a revolução de1974, os horizontes alargaram e permitiram a exploração de conteúdos políticos, de crítica social bem como romance.
Nos bastidores da evolução do beijo no cinema, há a destacar a evolução do erotismo, que consolidou o espaço na sociedade moderna a reboque da aceitação do beijo. Embora o beijo possa ser associado e dissociado do erotismo, a sedução e a carne representadas na arte transcendem o simbolismo do beijo.
É reconhecida a influência do erótico na arte desde os primórdios da tinta, sendo transversal a várias culturas e estilos. As primeiras culturas consideraram o impulso sexual como representação do sobrenatural, tendo a religião, à posteriori, enorme influência na castração criativa e na clandestinidade, bem como na triagem das obras que sobreviveram até aos dias de hoje. Já a pornografia, entendida como tal, surge apenas na era da Rainha Vitória, com o significante associado à prostituição e ao respectivo impacto ma saúde pública.
Embora já existissem curtas-metragens com cenas pornográficas, o cinema deu à luz ao primeiro filme com uma linha narrativa e sexo explícito em 1970, com o filme Mona (uma película com 59 minutos com direito a lançamento nas salas de cinema). Contudo, o apogeu da libertação das amarras e dos tabus acontece em 1972, com o filme Garganta Funda, que mereceu curiosidade e aprovação do público, tornando-se um fenómeno social.
A morte e a sexualidade são temas recorrentes na arte. Ao longo da história têm inspirado os artistas – e quem aprecia a arte – na projecção do desconhecido e das inquietações do Homem.
A palavra-chave deste trabalho é a incerteza, a incerteza que combusta no fascínio pela sexualidade, libertando-se na arte, construindo e simulando, tranquilizando as incertezas e inquietações dos artistas, permitindo que o público as assuma enquanto suas. O beijo estica ainda mais o conceito de incerteza, proporcionando uma certeza imprevisível, o amor. Segundo Guy Merchie, em o Princípio da Polaridade, “a incerteza é um ingrediente no apego e no amor. Talvez, mesmo manifestações de raiva, atiçam o polo oposto, chamado de amor”(Fisher 1955). A incerteza pode conduzir aos maiores sentimentos de pertença e dependência. Quando se misturam as coisas boas e as coisas más, existe uma projecção das nossas vidas, porque a nossa vida é aleatória e incerta, a dúvida no romance, explorado na narrativa, e a dúvida da sobrevivência do romance no cinema, cativaram ainda mais o misticismo e o simbolismo, bem como o usufruto da arte.
No cinema, a representação mais fiel da realidade na arte, capaz de atingir grandes massas, o tema torna-se ainda mais apetitoso, fácil e imediato, assumindo uma proporção nunca vista. A incerteza não desaparece, mas torna-se mais esclarecida, à medida que os artistas ganham experiência e conquistam a dúvida colectiva, estabelecendo novos horizontes.
Não podemos dissociar o beijo do cinema, tendo em q conta que os beijos mais populares na cultura contemporânea estão na biblioteca da Sétima Arte. Embora pareça que há uma dominação do homem sobre a mulher, considero que o beijo é uma vitória de ambos em prol de um bem maior, que é o amor. Não existe denotação luxuriosa no beijo, nem motivos para a azia social nos Estados Unidos.
Recuperando Danesi, “o cinema desempenhou um papel crucial na propagação do simbolismo do beijo na sociedade e no mundo”. As pessoas beijam com maior regularidade e a mais pessoas, tornando o beijo na forma primária para expressar uma emoção. Hoje em dia, qualquer representação de romance não existe sem o beijo, e está “profundamente entranhado na nossa concepção de fazer amor”.
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