Durante anos, Monster Hunter foi claramente o elemento dominante a bater no que toca a jogos do género. Mesmo com coisas como Gods Eater Burst, Toukiden, Soul Sacrifice e até Freedom Wars (um dos meus favoritos pessoalmente), nunca houve um que conseguisse fazer o que Monster Hunter fez, firmar um género que só o Japão tinha vontade de jogar.
Wild Hearts é a resposta da EA e Tecmo Koei a Monster Hunter e a tentativa de oferecer uma resposta que esteja a altura. Depois de várias horas com ele é fácil perceber que aquilo que faz, faz bem, aquilo que tenta fazer por si, é bem-vindo, mas o resultado final ainda está longe de poder competir na mesma arena do colosso da Capcom.
Wild Hearts é em quase tudo igual a Monster Hunter, havendo caçadas para fazer, coisas para apanhar, monstros para matar e utilização dos seus restos para construir coisas melhores. Os cenários tem uma forte inspiração oriental, o que até acaba por não se destacar assim tanto tendo em conta que Monster Hunter Rise seguiu este caminho recentemente.
Algo que se sente diferente logo a início é o peso da jogabilidade. Wild Hearts é um pouco menos pesado e mais livre, sendo que até armas mais convencionais parecem mais velozes que armas como Insect Glaive ou Dual Sword permitem. Não existe uma variedade assim tão grande de armas aqui, mas são profundas o suficiente para demorar a aprofundar e explorar as suas variações.
A segunda e maior diferença na minha opinião passa pelas construções que podemos criar em tempo real. Wild Hearts permite escolher algumas ferramentas que podemos levar para o terreno e com elas temos coisas simples como caixas que podemos empilhar, catapultas ou até martelos gigantes. Cada um destes requer determinados materiais para construir, mas na maioria dos casos, são bastante acessíveis. Como seria de esperar, estas construções “à Fortnite” permite aqui fazer coisas como ganhar altitude para fazer ataques mais fortes ou desviar de ataques em tempo recorde antes de um ataque devastador.
A adição destas engenhocas não é fácil de entender à partida e caso tenham experiência em outros jogos do género, faz com que os controlos de Wild Hearts pareçam um canivete suiço. Dei por mim a falhar implantação destas ferramentas, não conseguir realizar saltos como deve ser ou atacar com o botão errado. Felizmente tudo isto é uma questão de ambientação e depois de algumas horas de jogo, já estava muito mais confortável com a organização dos botões e com as próprias ferramentas.
O mundo de Wild Hearts tem algumas zonas a que temos acesso fora da aldeia principal que serve como a nossa base. É nestas regiões que vamos encontrar não só a fauna local mais simples, como os vários monstros do jogo que servem como prato principal da aventura. Cada um deles tem um design relativamente original e mesmo sendo Javalis gigantes ou Lobos com raízes de gelo a sair pela pele, os designs acabam por ser interessantes e apelativos. Também ajuda que estes combates sejam bastante divertidos e que as crituras tenham padrões curiosos de explorar para cada classe.
A evolução das personagens está aliada ao seu equipamento e consoante a classe, mas existe uma árvore de talentos para determinadas coisas, sendo a das Karakuri (as construções), uma das mais importantes, permitindo melhorar muito as suas funções e alternativas.
Tudo isto é necessário, pois Wild Hearts ainda tem muitas horas de duração e existem versões finais de alguns monstros que são bons desafios.
Visualmente, Wild Hearts beneficia de uma boa direcção artística e composição de paisagem muito fortes. O motor de jogo faz um bom trabalho em vários sentidos, mas é estranho como falha em coisas simples como texturas que estão em locais bem visíveis, sofre com problemas de transição de iluminação e pode parecer algo fosco em zonas com mais árvores ou flora. Também não se consegue perceber como os movimentos de combate são tão fluídos e em alguns diálogos parecem tão robotizados. A banda sonora é bastante boa no geral e existem bons trabalhos vocais tanto na versão inglesa como japonesa, embora esta última pareça encaixar melhor neste jogo.
Wild Hearts ainda não luta com Monster Hunter pela liderança do campeonato, mas já começa a construir as bases para vir a competir mais a sério caso queira regressar com alguma sequela. O que está aqui é mais do que uma boa opção para quem gosta do género, mas sim um complemento para quem quer mais Monster Hunter na sua vida.
Positivo:
- Combate rápido e divertido
- Ferramentas de construção
- Direcção artística
- Cross-Play
Negativo:
- Inconsistências visuais
- Número de monstros podia ser maior
- Nem todas as ferramentas são úteis
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