Análise: Upside Down – Um Amor Entre Dois Mundos

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É possível identificar com facilidade o motivo pelo qual um filme de 2012 chega às salas de cinema em Março de 2014, uma questão de lógica de mercado. Não obstante, tendo em conta as novas tecnologias e o fácil acesso à informação em “estado gasoso”, não deixa de ser curioso que um projecto demore 2 anos a chegar aos cinemas. Será que quem viu o trailer em 2012 ficou à espera da estreia em solo nacional? Ou encomendou o DVD no Amazon? Eventualmente descarregou o filme num portal que viola os Direitos dos Autores.

Upside Down narra a história de amor entre Adam (interpretado por Jim Sturgess) e Edden (Kirsten Dunst), duas pessoas que vivem em planos diferentes e gravidades em conflito. Um amor impossível devido às leis naturais e sociedades que não se respeitam. Sem contar com o par romântico, a pelicula conta com um naipe de actores “desconhecidos”, e com qualidade duvidosa, nomeadamente: Timothy Spall, Blu Mankuma, James Kidnie, Vlasta Vrana, Kate Trotter e Holly O’Brien.

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A realização e o texto são da autoria de Juan Solanas, e deixam alguns pontos de interrogação. Do ponto de vista técnico, Upside Down é um projecto que desperta facilmente a atenção, sendo visualmente interessante, com um conceito criativo e elementos apelativos. Juan Solanas desempenha um bom trabalho na concepção artística visual, com enquadramentos invertidos, picados e em rotação (elementos que têm em consideração a gravidade).

Um dos grandes trunfos do projecto é a fabulosa direcção de fotografia. Pierre Gill desempenha um trabalho notável no tratamento da imagem, assente em tons frios, que mistura elementos quentes, principalmente em contraluz. Os efeitos especiais estão ok, e a produção deu o melhor para credibilizar as diferentes gravidades.

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O resultado de Upside Down é a extensão da história do filme: um conceito interessante, esteticamente sustentado, no entanto, sobre a forma de outra força gravitacional, uma embrulhada de asneiras e incoerências. O que está excelente na concepção, tem uma foça que a empurra para o péssimo.

Um dos elementos mais difíceis de trabalhar, curiosamente, existe de forma natural. Jim Sturgess e Kirsten Dunst têm química, e acreditamos no amor entre os dois, porém, a péssima direcção de actores e o catastrófico argumento tornam o romance frustrante. O filme teria ficado a ganhar se o amor entre os dois crescesse de forma gradual e aos olhos do espectador, vencendo as dificuldades e as leis naturais. Infelizmente, a relação é musculada fora de cena, o que fragiliza o interesse do espectador sobre os personagens.

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Outro problema com gravidade é a verosimilhança. Apesar de pertencer ao domínio da fantasia, quando se estabelece uma realidade fora do comum, as leis não podem ser alteradas ou entrar em conflito, devem ser inequívocas e cristalinas. Outro exemplo “do que não deve ser feito” é a ordem das coisas através da coincidência: Adam e Eden conhecem-se por coincidência, Adam reencontra Eden por coincidência, os dois resolvem os problemas por, lá está, coincidência. Mas que realidade esquizofrénica, que quer juntar e separar o par romântico. Por fim, Adam decide mentir para se aproximar de Eden, aplicando a técnica de escrita da “Revelação da Mentira”, que, fundamentalmente, trabalha um personagem na ascensão do que não é.

Upside Down é um filme confuso, que não combina com a premissa criativa e a realização interessante. É um filme que pode servir de exemplo para quem quer escrever um guião, e não quer cometer erros grosseiros. Claramente, uma ideia perdida.

 

Positivo

  • Realização
  • Direcção de Fotografia
  • Kirsten Dunst
  • Premissa

 

Negativo

  • Direcção de Actores
  • Verdade do mundo instaurado inconsistente
  • Plot holes gigantescos

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