The Walking Dead é um fenómeno de popularidade fácil de explicar. Momentos de alta-tensão, decisões sobre pressão, dilemas e sobrevivência em situações de limite. Predicados mais do que suficientes para alimentar a adaptação de um videojogo.
Não é necessário começar a jogar The Walking Dead: Survival Instinct para que o título crie entusiasmado num fã, a caixa do jogo pisca o olho com um ingrediente aliciante, os protagonistas são os irmãos Daryl (voz de Norman Reedus) e Merle (voz de Michael Rooker), duas das personagens mais cativantes da série, que não pertencem ao universo das BD, e que têm uma oportunidade de dar a conhecer as dificuldades que enfrentaram até aos acontecimentos em Atlanta. Finalmente existe uma explicação pelo motivo que levou Daryl a adoptar a besta como arma preferida, e perceber o que fazia Merle antes de ficar preso no topo do edifício. As respostas estão disponíveis para Xbox 360, PS3, PC e Wii U.
A acção do jogo começa no princípio da epidemia zombie, oferecendo a possibilidade de encarnar Daryl e explorar o jogo através do género first person shooter clássico. Os objectivos são simples e intuitivos: matar zombies e sobreviver. Seja feita justiça, se o jogo tenta recriar um holocausto zombie, não há muito mais a fazer.
A jogabilidade em The Walking Dead: Survival Instinct é pouco ortodoxa, as acções são genéricas e os comandos seguem o modelo estandardizado, mas o drama começa na relação do nosso personagem com o mundo, como interage e o que pode ou não fazer. Nem sempre as acções são evidentes, as fronteiras dos cenários são duvidosas e a interação com os elementos só resulta de vez em quando (há portas que abrem enquanto outras não, podemos saltar por cima dos carros dependendo das situações). Os mapas não estão organizados, quem não respeitar a bússola pode antecipar as etapas do jogo e comprometer o funcionamento da consola. Também há algumas dúvidas em relação à física, por exemplo: como é que um zombie sem braços, consegue agarrar Daryl?
Visualmente The Walking Dead: Survival Instinct remete para a experiência no universo 128 bits, com texturas pouco detalhadas e elementos construídos sem qualquer padrão de exigência (os zombies têm todos a mesma estatura, vão todos ao mesmo costureiro e cabeleireiro).
Os zombies acabam por comportar-se como… zombies, o que facilitou imenso o trabalho dos programadores no desenvolvimento da inteligência artificial. Os adversários do jogo tomam decisões estranhas, como aguardar atrás de uma porta pela nossa passagem, como se tivessem uma bola de cristal, ou comtemplar pedaços do cenário, ignorando a passagem de Daryl. A trilha sonora cumpre o que era exigido, com uma biblioteca de sons retiradas da série e com as vozes dos actores originais.
A experiência em The Walking Dead: Survival Instinct é curta. As missões são repetitivas, as adversidades ficam limitadas aos zombies, as acções não incluem puzzles exigentes e fica a sensação que basta correr em frente para terminar os níveis.
Mas tudo isto seria amenizado se a Activision e a AMC tivessem explorado a franchise. É uma facada nas costas não ser possível jogar com Merle, não há nenhuma revelação exclusiva para quem chega ao fim de The Walking Dead: Survival Instinct e o passado dos irmãos não enriquece com o enredo.
Fica mais um jogo de zombies, a léguas da experiência proporcionada por Resident Evil, mas com o carimbo The Walking Dead. Durante uma dúzia de níveis, e missões reminiscentes, conseguimos alguns momentos interessantes (exemplo: Hospital), a possibilidade de apanhar alguns sustos e cortar zombies às postas.
The Walking Dead: Survival Instinct colocou-se a jeito para as críticas dos exigentes fãs da série, que gostariam de conciliar uma experiência videojogável satisfatória com mais elementos das personagens icónicas da série.
Vejam a vídeo análise para saber mais sobre a nota final:
Positivo
- Vozes de Norman Reedus e Michael Rooker
- Diálogos entre Daryl e Merle
- Mecânica intuitiva
- Jogo licenciado
Negativo
- Final abrupto
- Insipiência das missões
- Envolvente pouco elaborado
- História interessante mas insuficiente tendo em conta a franchise
- Física subdesenvolvida
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