Análise – The Cave

Estamos na era dourada dos jogos Indie, hoje em dia, criar um jogo de nível amador e elevá-lo a um lançamento numa grande plataforma pode resultar num êxito enorme, e ser uma porta aberta para muitos que de outra forma não conseguiriam dar frutos.

O conceito de Indie deixou de ser tão preciso e limitador como no passado e ao surgir The Cave, um projecto dos criadores de Psychonauts e o criador original de Monkey Island, então o caso muda de figura.

The Cave reveste-se de um conceito interessante, estamos a falar de um jogo de plataformas que testa a fibra e inteligência do jogador com uma série de desafios interligados que permitem explorar a caverna de forma contínua,desbloqueando novos caminhos consoante resolvemos os enigmas colocados ou através da habilidade única de cada explorador.

Para isto existem várias personagens ao vosso dispor, mas só podem levar três delas para o interior da caverna. As personagens que escolhem não entre o lote disponível não vão muito além de uma ou outra habilidade especial que não afecta a progressão normal do jogo, o que acaba por funcionar como uma faca de dois gumes, pois se por um lado, não ficamos limitados pela selecção, cada um dos exploradores não vai além de uma estética diferente e um ou dois caminhos extra.

Explorar a Caverna é uma aventura de grande impacto, mas também algo confusa e recheada de frustração. Muitas vezes o jogador tem de recuar diversos passos para recolher objectos que são necessários mais à frente e por outras vezes, algumas personagens ficam tão afastadas que têm de estar sempre a mudar entre elas, para solucionar alguns puzzles que só podem realizar com os três personagens. Admito que este problema não seja tão sentido quando jogam com outras pessoas e cada um controla uma personagem, mas é algo penoso quando jogado por apenas um jogador.

Além deste problema, a Caverna acaba por ser algo confusa de navegar. Tão depressa estamos presos numa área de uma dimensão considerável, sem grandes opções além do caminho directo, enquanto em outras, escolhemos um caminho que nos leva de imediato à próxima área o que nos impede de explorar o resto. Era melhor que o jogo oferece-se algumas pistas sobre o caminho para uma nova zona e outros caminhos extra para explorar.

O sistema de plataforma e puzzles, juntamente com a própria caverna são os elementos que acabam por abonar em favor de The Cave, isto porque estes funcionam bastante bem, mesmo que alguns puzzles sejam demasiado “estranhos”, pouco intuitivos e de resolução pouco perceptível.

Já a Caverna e algumas das personagens que esta engloba são dignas do vosso tempo, com uma boa selecção de piadas de qualidade e um humor bastante divertido. As vozes podem não ser as melhores em alguns casos, mas a Caverna consegue fazer as honras em muitas situações sem precisar de ser uma GLaDOS masculina.

Quanto ao visual e música, A Double Fine conseguiu realizar um trabalho bastante consistente e fora alguns bugs visuais e problemas com a detecção de colisão, The Cave consegue ser um jogo bonito de ver, mas nada ao nível de algo como Trine 2.

A versão Wii U a que tivemos acesso peca também pela falta de qualquer tipo de interacção com o ecrã do Gamepad, o qual mostra apenas as personagens presentes na vossa equipa. Uma decisão menos feliz que nada tem a ver com a consola, mas com os criadores do jogo.

No fim de contas, tenho a dizer que esperava um pouco mais de The Cave, um jogo dos estúdios da Double Fine, com a participação de nomes como Tim Shafer e Ron Gilbert. The Cave podia ter sido muito mais e melhor, e embora seja um bom jogo de plataformas e exploração com muito humor, não deixa de ser bastante repetitivo e aborrecido em alguns momentos chave.

Positivo:

  • Várias personagens interessantes para escolher
  • Bons puzzles que vos vão colocar à prova
  • Precisam de jogar várias vezes para conseguir explorar a caverna
  • Podem jogar com os vossos amigos
  • Humor da Caverna

Negativo:

  • Demasiado repetitivo
  • Restritivo por vezes
  • Exige que refaçam alguns caminhos por várias vezes
  • Alguns puzzles não são intuitivos
  • Falta interacção com o Gamepad no caso da Wii U
Daniel Silvestre
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