Análise – Super Mario RPG

Se existe um RPG que me passou sempre ao lado apesar de todos considerarem um clássico, esse jogo é Super Mario RPG. Muito ouvi falar deste jogo, muitas vezes estive para o jogar e não foram raras as vezes que pensei que o iria fazer se algum dia fosse feito um remake, ou até um remaster.

Por isso mesmo, Super Mario RPG ficou de imediato na minha lista de jogos mais desejados para este ano quando foi revelado de surpresa. Melhor ainda quando vi que ia ser exactamente fiel ao original. Algo que se comprova na análise que fiz com ele.

É fácil ver aqui que Super Mario RPG é mesmo o primeiro passo de Mario neste género, existem aqui várias mecânicas e conceitos que foram desenvolvidos nos jogos de Mario & Luigi. Claro que sendo o começo de tudo, também é muito mais simples e directo, ao bom estilo dos JRPG da sua época.

Super Mario RPG é um jogo que funciona como uma aventura de plataformas isómetrica enquanto exploramos os cenários e um JRPG puro e duro quando estamos em combate. A aventura coloca o nosso Mario como o herói que percorre o reino em busca da princesa e descobrir quem é uma entidade maligna que está a invadir o reino. A história vai levar-nos a visitar várias zonas e encontrar aliados para juntar à nossa equipa. É um sistema verdadeiramente à antiga que ainda resulta muito bem.

Apesar de não ser perfeito, o sistema de plataformas funciona bastante bem, havendo muitas sequências de plataformas e zonas ou items que só podem ser alcançados com o recurso ao salto, aliás, este é até um dos pontos de referência constante algumas das piadas recorrentes do jogo, já que o Super Mario é uma espécie de estrela que todos respeitam e conhecem como um herói.

Os combates começam quando entramos em contacto com um dos inimigos que estão espalhados pelos cenários. Existe uma quantidade bastante considerável de inimigos diferentes e cada um deles com vários estilos de ataques e fraquezas, mas existem coisas bastante diferentes que acontecem aqui que não estão presentes na maioria dos JRPG.

No seu núcleo, os combates são o convencional, usando turnos e seleccionando ataques ou habilidades que gastam pontos que são gastos pela equipa. A grande diferença é que os ataques e a defesa acontecem em tempo real e carregando nos timmings certos, podemos dar mais dano ou defender para levar menos. Para alguém como eu que não se dá bem com coisas de ritmo, é bastante comum falhar os timmings, mas quanto mais sobe o contador, maiores são as recompensas aplicadas às personagens da equipa.

As habilidades por seu lado usam conceitos típicos de Super Mario, como saltos, bolas de fogo, etc. Claro que as duas personagens recém chegadas são as mais convencionais do género, com ataques eléctricos, lasers e não só. Também existem ataques especiais consoante as personagens que temos na equipa quando o contador de carga chega ao máximo. Com o final do combate, somos galardoados com experiência para subir de nível e ao evoluir a personagem, podemos alocar pontos adicionais ao ataque, vida ou magia. A minha escolha recaiu quase sempre em aumentar o ataque e nunca senti que isso criou desiquilibrio ou me dificultou a jogabilidade.

Curiosamente, quase a meio da jogabilidade, vão surgindo alguns mini-jogos pelo caminho que envolvem várias coisas, como descer um rio e tentar apanhar o máximo de moedas, como tentar ser rápido a subir uma montanha usando inimigos e barris, ou até mesmo fazer uma corrida de Yoshi. Estes mini-jogos trazem pequenos momentos de corte na jogabilidade tradicional e resultam bem na maioria dos casos, só é estranho estar a meio da história e de um momento para o outro temos um tutorial para algo extra. Estes mini-jogos podem ser repetidos, pois nem sempre é fácil acertar com eles à primeira.

Visualmente, Super Mario RPG faz-me lembrar a escolha que a Nintendo resolveu fazer com The Legend of Zelda: Link’s Awakening, mas não indo tão a fundo. Em vez de colocar as personagens em tamanhos mais humanos, foi escolhido exactamente o estilo visual e estético do original, mantendo os cenários muito parecidos, mas dando-lhes exactamente o visual esperado de um universo que faz lembrar bonecos de brincar. Mario e Peach, por exemplo, são achatados por opção tal como eram na Super Nintendo, o que lhe dá um certo charme. Os menus foram trabalhados e melhorados, assim como as habilidades e ataques especiais. Os cenários usam um sistema de iluminação inteligente que faz destacar os adereços dos mesmos e as cinemáticas têm muito bom aspecto. Infelizmente são notórios alguns abrandamentos na fluídez nas aldeias de maior dimensão, o que é estranho tendo em conta que não é um jogo assim tão exigente.

A banda sonora original está aqui presente caso a queiram usar, mas a nova versão é sem dúvida a ideal e foi muito bem recriada. As músicas estão mais melodiosas, preenchidas e também épicas. Só tenho pena que muitas delas se repitam ao longo da aventura, como a música das masmorras ou túneis que é sempre a mesma (algo tenebrosa até para alguns dos cenários). Não existem vozes, mas também já seria de esperar. Tudo o resto é compensado com alguns efeitos sonoros clássicos e outros tantos que encaixam lindamente nos tempos actuais.

Algo curioso em relação a este RPG, é que fica bem além do tradicional para o género, mesmo no tempo das 16 Bits. Super Mario RPG não vai além das 15 horas e pouco acima das 20 se quiserem fazer tudo. Finalizado o jogo, não existe grande incentivo para o voltar a jogar caso derrotem todos os bosses opcionais. Mesmo assim, existem muitos e bons jogos que duram menos que isto e já começam a ficar aborrecidos a meio, enquanto aqui, é uma aventura sólida e directa que me vejo a revisitar daqui a uns anos.

Super Mario RPG na Nintendo Switch é exactamente aquilo que um bom Remake deveria ser. É uma versão actual e modernizada do clássico, exactamente com o mesmo charme, jogabilidade e alguns polimentos que fazem sentido tendo em conta a geração actual. É sem sombra de dúvida em óptimo jogo que embora não seja incrível, é uma referência que volta para mostrar como já estava à frente do seu tempo.

Positivo:

  • Aventura divertida e com carisma
  • Bom sistema de combate
  • Muitos tipos de inimigos
  • Vários mini-jogos
  • Banda sonora actual e clássica

Negativo:

  • Visão isométrica não ajuda nas plataformas
  • Bastante fácil
  • Acaba depressa
  • Merecia mais meia dúzia de músicas

Daniel Silvestre
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