Análise – STAY

STAY é capaz de ser um dos jogos com a premissa mais interessante que joguei este ano. Inspirado claramente nos thrillers psicológicos e alguns dos jogos indie mais badalados das duas últimas gerações, este cria uma aventura que podia ser ainda mais do que tenta.

O conceito de STAY é simples. Um homem é raptado e fechado dentro de uma casa. Existem poucas saídas óbvias e um dos grandes focos é um computador com o qual a personagem consegue falar apenas com uma pessoa, o jogador. Apesar do conceito parecer bom, é bastante limitado e as escolhas são poucas para dar a ideia de que existe mesmo uma grande influência.

A parte mais bem pensada do jogo, é a passagem do tempo. O tempo que passam longe do jogo faz com que as coisas avancem na história. Tendo em conta que a personagem fica sozinha neste lugar estranho e hostil, esta pode começar a ficar deprimida ou até agressiva. Existem vários finais possíveis, por isso podem imaginar as coisas que podem acontecer se forem bons aliados ou alguém que não quer saber.

Para ajudar a perceber o estado da personagem, existe toda uma panóplia de medidores de ansiedade e afins que sobem e descem consoante a situação ou as respostas que são dadas. Isto vai também afectar a confiança da personagem em nós. Quanto maior for a confiança, melhor será o grau de aceitação quando sugerimos alguma coisa ou incentivamos a fazer algo que poderia ser visto como “mais perigoso”.

A início estava bastante céptico com o que havia sido prometido, mas fiquei bastante ligado à personagem principal e à história, simplesmente porque queria saber o que se passava e o motivo de toda esta situação. Curiosamente, STAY está no seu melhor quando não está a ser um jogo. As sequências de “diálogo” são boas e dão uma sensação de algo em tempo real, no entanto, o calcanhar de Aquiles são os puzzles.

Os primeiros puzzles de STAY até são bastante simples, mas os mais avançados requerem que se pense demasiado “fora da caixa”. Como exemplo, fiquei preso demasiado tempo num puzzle onde o que importava não eram as dicas no ecrã, nem a ordem em que se arrumavam as coisas, mas sim a luz que incidia. Este exemplo e outros surgem de forma bastante rebuscada, especialmente para mim, que gosto de ser desafiado com coisas difíceis, mas que saiba o que estou a fazer e as peças que devo usar.

O visual de STAY é um misto entre pixelart e alguns desenhos mais simples. O modelo funciona bem, mas senti que por vezes, a personagem não parecia exactamente a mesma nas suas diferentes realidades. A banda sonora é bastante boa dentro do seu estilo e cria alguma atmosfera de suspense e tensão.

STAY é um jogo que pode ser concluído em cerca de duas horas, isto claro, consigam perceber os puzzles logo à primeira. Com vários finais diferentes, não me surpreende que tentem jogar pelo menos mais uma vez, pois eu fiquei com vontade de ver o que acontecia se tivesse tomado outras decisões. Depois de um jogador durante a primeira noite e na manhã seguinte, deixei a Switch para trás com o destino da personagem a pesar na cabeça, o que é bom sinal.

Embora tenha apreciado jogar STAY e reconheça que é um jogo bastante bem escrito e algo diferente, também senti que tem tendência para deixar algumas das suas mecânicas e ideias mal explicadas. STAY não é um jogo para todos, mas os fãs de experiências Indie com cabeça vão certamente gostar de o jogar.

Opinião secundária por:

Mathias Marques

STAY é um jogo que tenho estado a acompanhar desde o dia em que foi anunciado, o seu conceito era interessante e estava curioso sobre o que este tinha para oferecer enquanto jogo e experiência. Tenho a dizer que está mais virado para uma experiência, em especial quando estamos a conversar com o protagonista desta história, sendo que o jogo tenta compensar um pouco ao oferecer umas secções de jogabilidade com puzzles que por vezes parecem um pouco forçados na história.

Tendo em conta que STAY está disponível em portáteis e consolas é discutível qual a melhor forma de o apreciar, pois o jogo continua mesmo com o jogador ausente e isso afecta a personagem e possivelmente a situação que poderão encontrar quando regressarem, sendo uma mecânica interessante e que os jogadores devem experimentar. O jogo é bastante curto e devido a isso não precisam de se preocupar muito com os tipos de finais que encontram, já que podem rapidamente repetir o progresso feito.

Citando o Daniel,O modelo funciona bem, mas senti que por vezes, a personagem não parecia exactamente a mesma nas suas diferentes realidades.”, e isso é verdade. No entanto as animações feitas com a personagem ajudam a adicionar realismo à situação, esta demora o seu tempo a escrever ou a olhar para algo que lhe chame o interesse e isso é reflectido na pequena janela que transmite a sua cara enquanto falamos esta conversa connosco.

STAY é uma ideia interessante, e ao mesmo tempo algo que provavelmente irá rapidamente cair no esquecimento, mas é uma experiência que aconselho a darem uma oportunidade, sendo que gostaria de ver algo mais elaborado no futuro. O jogo podia correr mal mas a situação de thriller e a personagem principal conseguem agarrar o jogador e levar o mesmo numa aventura bizarra onde o destino de uma pessoa está nas nossas mãos.

Positivo:

  • História bem escrita
  • Consegue criar ligação à personagem
  • Influência do tempo

Negativo:

  • Inconsistência visual
  • Puzzles fora da lógica
  • Liberdade de escolha bastante curta

Daniel Silvestre
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