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Hoje vou falar-vos sobre uma miúda que não é daqui da zona; é de outra dimensão!
Star vs. The Forces of Evil estreou em 2015 no canal de televisão americano Disney XD, e foi um sucesso desde o primeiro episódio. Porquê? Imaginem uma misturadora (sem lâminas cortantes, de preferência, está bem?), e coloquem lá dentro a inocência de uma menina de 14 anos, magia usada sem nexo, batalhas épicas contra todo o tipo de monstros, dimensões paralelas, piadas com referências, um pouco de Steven Universe, outra pitada de Gravity Falls, outro cheirinho de Adventure Time e voilá! Eis uma série de animação que desperta gargalhadas genuínas do princípio ao fim.
A primeira vez que me deparei com este universo adoravelmente louco foi através de uma imagem .gif, em que a Star rodopia no mesmo sitio, abanando a varinha mágica e criando um arco-íris com coelhinhos e esquilinhos… que do nada pega fogo. Fiquei intrigada se a .gif seria uma fanart de algo ou se pertencia a alguma série, e foi aqui que nasceu o vício de ver 13 episódios de uma assentada só. Até ao momento, ainda só saiu uma temporada, mas a Disney já encomendou três. Sim, Disney, queremos mais cachorrinhos que disparam laser pelos olhos e narvais que são expelidos de varinhas mágicas!
A série foi criada por Daron Nefsy, a segunda animadora a ter a sua própria série em toda a longa história da Disney. Nefsy inspirou-se nos ideais de liderança femininos dos animes japoneses, como Sailor Moon, Magic Knight Rayearth, Revolutionary Girl Utena, e Unico. Ainda assim, Nefsy não sente qualquer tipo de descriminação ao apresentar e exibir o seu trabalho.
A história é simples: Star Butterfly é uma princesa muito querida, inocente, trapalhona e cheia de energia, que vive numa dimensão paralela chamada Mewni. No dia do seu 14º aniversário, Star recebe da mãe, a Rainha Butterfly, a Royal Magic Wand, um procedimento tradicional na família real de Mewni. Mas tendo em conta que a loirinha não tem propriamente jeito para lidar com magia, os reis Butterfly enviam Star para a dimensão da Terra, a fim de aperfeiçoar as técnicas de magia bem longe de Mewni. A única forma de viajar entre dimensões é através das Dimensional Scissors, que cortam portais em qualquer lado.
Esta varinha muda de aparência consoante a pessoa que pega nela. Exemplo disso é quando a Rainha Butterfly entrega a varinha a Star: enquanto nas mãos da rainha, a varinha é longa e dourada, com safiras encrostadas; quando vai para as mãos de Star, a varinha transforma-se e muda de aspeto, tornando-se mais pequena, arroxeada e com uma grande estrela com asinhas na ponta oposta à do manípulo. Esta versão da varinha é muito similar ao bastão usado pela Kinomoto Sakura em Card Captor Sakura. Talvez outra inspiração?
Na Terra, Star conhece Marco Diaz, um jovem que foi eleito na escola como o miúdo mais seguro e mais responsável. Mas Marco está farto de ser visto como alguém que nunca arrisca e sente que precisa de algum perigo na sua vida. Por isso, acaba por se aliar a Star Butterfly na luta contra as Forces of Evil, deixando-a viver em sua casa. Facilmente, Star acaba por considerar Marco o melhor amigo que ela tem na Terra, sendo que esta amizade será testada por diversas vezes. Uma dessas vezes é com Tom, ex-namorado de Star, um demónio com três olhos e crises de raiva que vive na dimensão Underworld.
O objetivo de Star, para além de aprender a usar a varinha como deve de ser, é protegê-la e evitar que caia nas mãos das Forces of Evil, lideradas por Ludo, um pseudo-pássaro mauzão que não mede muito mais que 1 metro de altura, e que quer governar o Universo. Além do Universo, Ludo também quer ter um corpaço espetacular, cheio de músculos definidos e inchados, e ser um nadador-salvador. Outro vilão da série é Toffee, um réptil especialista em eficiência maléfica. A parte engraçada é que o ator que concede a voz a Toffee é Michael C. Hall, mais conhecido na cultura televisiva como Dexter.
Star vs. The Forces of Evil tem um excelente elenco de atores que disponibilizaram as vozes para tornar esta animação ainda mais espetacular. Tal como mencionado anteriormente, Michael Hall faz parte deste elenco, assim como Eddie Deezen (Mandark em Dexter’s Laboratory), Maurice LaMarche (Brain em Pinky and the Brain), Artt Butler (Captain Ackbar em Star Wars: The Clone Wars), Adam McArthur (Lee-Char em Star Wars: The Clone Wars), Matt Chapman (Mermando The Merman em Gravity Falls), Nate Torrence (Officer Benjamin Clawhauser em Zootopia), Fred Tatasciore (Hulk em Ultimate Avengers, Next Avengers, Hulk Vs, Marvel Ultimate Alliance 2 e Avengers: Earth’s Mightiest Heroes), Alan Tudyk (King Candy em Wreck-It Ralph), Minae Noji (Milla Maxwell em Tales of Xillia), Grey Griffin (Azula em Avatar: The Last Airbender), e a lista continua…
Outra característica das dimensões em Star vs. The Forces of Evil é que cada uma tem uma banda sonora diferente, apropriada ao contexto e ambiente apresentados. Assim, a música de fundo da dimensão Amethyst Arcade, por exemplo, é completamente diferente da Plains of Time, o que torna cada mundo único e com um tanto quanto de personalidade. Aproveito também para dizer que a música de abertura (I’m From Another Dimension de Brad Breeck) é das mais viciantes que já ouvi nos últimos tempos. Breeck também escreveu e compôs muitas músicas e os temas de abertura para Gravity Falls.
Star vs. The Forces of Evil acaba por surpreender até os céticos com as personalidades únicas e extravagantes dos personagens, os cenários super criativos, a animação estranha que consegue ser bonita ao mesmo tempo, o argumento com efeito-surpresa, as piadas hilariantes com pequenas referências à cultura televisiva e pop quotidianas, os acontecimentos estranhos que parecem saídos de uma tripe de ácidos… Enfim, todo um brainstorm de criatividade em versão desenhos animados para adolescentes e, francamente, adultos, que ainda têm em si aquele espírito acriançado que teima em iluminar os dias.
Positivo:
- Animação em flash bem conseguida
- Abrangência de público
- Desenvolvimento de personagens
- Banda sonora muito característica
- Piadas inteligentes
Negativo:
- Poucos episódios
- Maior parte dos problemas que surgem são resolvidos no mesmo episódio
- Falta de explicação nalguns fatores importantes