Análise – SimCity

A série SimCity é uma das jóias da coroa do PC. Desde a sua estreia em 1989, o jogo de gestão e criação de cidades teve algumas sequelas e spin-offs, conquistando o coração de muitos jogadores nos anos 90 e posteriormente. Em 2003 a Maxis lançou o mais recente jogo da série, SimCity 4, um jogo que marcou um passo importante no que toca a inovação e o consolidar de uma série com mais de 20 anos.

Chegou então um novo jogo, no qual a Maxis decidiu chama-lo simplesmente de SimCity. Esta simplicidade centra-se no facto do estúdio querer reforçar a ideia de dar uma nova vida à série com este reboot, estabelecendo novos patamares não só na mecânica de jogo, bem como certas funcionalidades que não estavam bem assentes na série.

SimCity continua o mesmo que jogaram há alguns atrás. Vamos ter de construir e gerir uma cidade, usando a nossa imaginação e estratégia durante a sua concepção. A construção foi ligeiramente simplificada mas possui os mesmos padrões que marcaram a série. As casas, lojas e fábricas não estão pré-construídas como por exemplo, um hospital, escola ou esquadra, sendo assim, vamos espalhar no chão do cenário aquilo que se chamam zonas, e em cima dessas zonas a população irá construir aquilo que pretendemos, sejam elas zonas residenciais, zonas comerciais ou industriais.

Nos antigos jogos da série, espalhávamos as zonas à nossa vontade e a população construía desde que houvesse uma estrada a passar perto, agora o jogo obriga o jogador a espalhá-las ao longo de estradas, garantindo assim que tudo o que espalhamos, gera uma infra-estrutura. Casas pequenas, grandes prédios, restaurantes fast-food ou fábricas enormes, esses tamanhos irão depender do tipo de densidade da estrada em questão. Depois de colocadas as zonas, iremos ver os prédios ou casas erguerem e os Sims a deslocarem-se para as suas habitações em carrinhas de mudanças.

O jogo continua na sua essência altamente intuitiva – talvez um pouco mais simplificado nesta edição. A nossa imaginação continua a dominar a nossa criação, mas tudo isso terá de vir acompanhado com alguma paciência visto que a gestão é ainda mais importante para termos sucesso neste jogo. Basicamente nunca devemos dar um passo maior que a perna, sendo necessário construir com moderação e discernimento para não ter um orçamento negativo e ficar à mercê de empréstimos bancários. É muito bom ver que essa gestão obrigatória que oferece também elementos de estratégia não sofreu grandes alterações, tornando o jogo de uma certa forma difícil.

Todas as nossas construções terão repercussões positivas ou negativas, e o humor dos Sims relativos às nossas construções, será expressa a partir de pequenos smiles. Os Sims irão também expressar-se sobre várias situações que se passam na nossa cidade, sendo com pequenas bolhas de conversa ou deslocando-se à câmara municipal para mostrarem o seu desagrado. Estes poderão também dar-nos algumas tarefas ou missões que poderão formar os jogadores menos experientes, e reforçar a cidade.

O motor de jogo GlassBox para além de oferecer um realismo ainda maior a toda esta cidade, pretende também informar de uma maneira mais apurada o jogador. A partir de animações e cores, vamos ser informados sobre o que se passa no jogo e sobre alguns dos recursos que dão vida a esta nossa criação, desde o trânsito nas estradas, se a água chega a todos os residentes da cidade, sistema de saneamento e não só.

A Maxis e a Electronic Arts tentaram dar um enfoque ao multiplayer, tornando este jogo num título com conexão obrigatória e constante, e que traz os seus benefícios no que toca a gravação das nossas cidades, informações em tempo real do nosso mundo são transportados para a nossa cidade, etc. Este é também o primeiro jogo a adoptar o multiplayer de raiz, onde vamos poder partilhar a nossa região com outros jogadores para que estes possam criar as suas cidades, sendo possível visitá-las, trocar recursos e até serviços.

Infelizmente este multiplayer trouxe problemas gravíssimos de sobrecarga nos dias iniciais e mesmo hoje em dia a qualidade multiplayer está de uma certa forma comprometida, havendo algum lag na troca de recursos com outros jogadores e não só. Essa sobrecarga nos dias iniciais tornou o jogo praticamente injogável para muitos, sendo que a nossa redacção sentiu um pouco na pele esse problema de fidelidade dos servidores da Electronic Arts. No futuro, poderemos também ficar incapacitados de jogar SimCity em caso de manutenção dos servidores ou algum futuro erro, algo inadmissível e isto mesmo quando queremos jogar sozinhos.

Com algumas novidades e remoções, este novo SimCity continua a ser o mesmo jogo que conhecemos desde há muitos anos, sendo que a evolução não foi assim tão acentuada quando comparado com os restantes jogos da série. Vimos o jogo ser simplificado no que toca à sua construção e manutenção, mas a gestão dos nossos recursos e dinheiro continua a ser uma tarefa difícil e de paciência, isto porque o nosso instinto leva-nos a criar a nossa cidade sempre o mais depressa possível. Infelizmente, existem certos aspectos poderão franzir algumas testas, como é o caso do tamanho reduzido das nossas cidades e as relativamente poucas opções do modo Sandbox.

Se gostam de um jogo no geral brilhante e conciso no que toca à sua apresentação, então estarão bem servidos. Os modelos e as animações cumprem bem o seu objectivo, por isso poderão ver casas a serem levantadas como na realidade, efeitos de fogo e fumo excelentes, mas no fundo, grande parte dos modelos das infra-estruturas poderiam ter um nível de qualidade mais aprofundado, podendo até confundir os mais distraídos por breves momentos se estarão na realidade a jogar ainda SimCity 4.

Os efeitos de som estão excelentes e tornam a experiência mais apurada, podendo só com um simples barulho da cidade chamar a atenção ao jogador sobre o que se está a passar. Os Sims comunicam connosco com a muito conhecida língua da série, o Simlish. Pode ser um aspecto minucioso e pessoal, mas de facto sinto saudades das músicas que me acompanharam na série, como as faixas Jazz de SimCity 3000 por exemplo, e este jogo falha completamente neste patamar, possuindo um número reduzido de músicas e sem a possibilidade de personalização.

SimCity continua o mesmo jogo de sempre, extremamente intuitivo, capaz de sugar inúmeras horas da nossa vida e a possibilidade de partilhar uma região com outras pessoas torna a experiência ainda mais interessante. Infelizmente, o jogo parece não ter evoluído como esperava, ficando uma sensação de deja-vu e de que a Maxis poderia ter arriscado um pouco mais com este reboot.

Não percam a nossa vídeo-análise a SimCity!

Positivo:

  • Continua altamente viciante
  • Consumidor de horas
  • Acessível para jogadores novos
  • Motor de jogo GlassBox
  • Cooperação multiplayer

Negativo:

  • Online obrigatório mesmo quando jogamos sozinho…
  • …significa que não poderemos jogar em alturas de manutenção
  • Lançamento desastroso devido aos servidores
  • Maxis tomou poucos riscos neste jogo
  • Zona de construção bastante pequeno

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