Análise – Ring Fit Adventure

A Nintendo é exímia em criar periféricos e acessórios que não criam as melhores primeiras impressões. Recentemente, foi apresentado ao público o Ring Fit, um aro de borracha que seria a ferramenta ideal para ajudar a fazer exercício na Nintendo Switch. Como sempre há que ver para crer e é impressionante como Ring Fit Adventure faz com que uma ideia que parece estranha seja um dos lançamentos surpresa do ano.

Se há algo que adoro dizer para quem percebe pouco de videojogos, é que a vida é tal e qual um RPG, pois cada dia oferece novas experiências e faz com que essa experiência seja usada mais tarde. Pois bem, o exercício físico funciona da mesma forma e quem começa a fazer meia dúzia de abdominais hoje, daqui a um mês já consegue fazer o dobro ou o triplo.

Por isso faz também todo o sentido que Ring Fit Adventure use os sistemas de um RPG clássico de forma exímia para criar uma experiência ao mesmo tempo divertida e recompensadora, bem melhor do que seria de esperar. Aqui os Joy-Con são usados como medidores para confirmar que estamos a fazer bem cada exercício e podem crer que vão sentir o desgaste do exercício se fizerem as coisas como deve ser.

Quando iniciam Ring Fit Adventure, são saudados com uma série de perguntas que vos permitem personalizar a aventura a vosso gosto. Podem tornar tudo mais fácil ou arriscar os modos mais exigentes onde cada ronda de exercícios é bem mais longa e com mais séries. É fácil começar a suar durante uma sessão de jogo e caso tentem jogar pelo menos meia hora por dia, vão começar a notar alguns resultados.

O chamariz principal de Ring Fit Adventure é mesmo o modo história, uma aventura onde somos um desportista que liberta uma entidade maligna e temos de o voltar a aprisionar. A história serve apenas de pano de fundo para visitar uma série de níveis e mundos onde vamos ter de correr para chegar mais longe e derrotar inimigos em combates por turnos que nos permitem dar dano. Até chegar aos inimigos, temos de correr por vários caminhos lineares, usando o anel para saltar, sugar moedas ou lançar sopros de ar para interagir com os cenários.

A mistura entre todos estes elementos é que faz com que Ring Fit Adventure seja extremamente apelativo. Com uma data de horas de jogo em cima, é fácil entrar dentro do registo e estar preparado para lutar contra os próximos inimigos e progredir neste mundo, não pela história, mas sim pela “pica” que dá ao jogar. Aliás, este jogo até consegue ser perigoso, pois nunca devemos ir além do que o corpo está habituado, mas sentimos vontade de continuar a jogar. Quanto mais jogamos e mais fazemos, mais a personagem evoluí para ficar mais forte e ter acesso a novos equipamentos que ajudam ao longo da aventura.

Se não são pessoas que gostam de ter um modo história no vosso exercício (se não, não sabem o que é bom), existem também uma série de rotinas mais normais que podem realizar sem se sentirem incomodados por estar a jogar uma história que gira em redor de coisas místicas e dragões cheios de músculos. Algumas das rotinas de exercícios até podem ser usadas com a consola sem estar ligada à TV, o que é ideal para quem quer ver televisão enquanto faz exercício. Se gostam de se colocar à prova e desafiar amigos, também existe uma boa série de desafios em forma de mini-jogos que ajudam a testar várias partes do corpo, somando pontos pelo caminho. Atenção que jogar com outras pessoas é sempre uma mais valia e se forem como o Alexandre Barbosa, vão querer comprar um depois de experimentar.

Claro que nem tudo são flores e arco-íris em Ring Fit Adventure, pois este está limitado por vários estilos de problemas lógicos e logísticos. Para começar, não podemos jogar tudo com a liberdade que queremos, pois na verdade, só podemos jogar até o corpo começar a doer, se planeiam fazer mais que isso, não o façam, faz mal à saúde não descansar. Como é um jogo que requer movimento, não pode ser jogado depois de comer ou em alturas em que não queremos andar a fazer barulho em casa. Por fim, também existe o problema de espaço. É preciso ter espaço para o jogar e mesmo que o tenham, alguns terão de andar a arrastar móveis e afins, o que pode ser mais um factor de aborrecimento.

Além de ter sido construído sobre boas ideias, Ring Fit Adventure também é bem bastante bom a nível visual. O design das personagens, cenários, inimigos e afins é bastante sólido e apelativo. A música em si complementa bastante bem o ambiente do jogo, embora tenha pena que ao nível das vozes, apenas o Ring tenha falas sem os grunhidos ou sons estranhos que todos os outros usam.

Mesmo não sendo altamente revolucionário e tendo alguns problemas de detecção no que toca a percorrer alguns menus girando o Ring, ou no medidor de pulsação, Ring Fit Adventure é um projecto supreendente que faz com que a Nintendo volte a mostrar aos mais cépticos que existem coisas bizarras que podem ser mais do que parece à primeira vista.

Se gostam de RPG, querem dar uns toques de exercício e podem fazer tudo isto na vossa casa, então recomendo Ring Fit Adventure vivamente. É uma das boas surpresas do ano e um jogo que nunca na vida pensava que iria ter com orgulho na minha colecção de RPG.

Positivo:

  • Mistura bem feita entre desporto e jogos
  • História com elementos de RPG
  • Vários estilos de exercício completos
  • O conceito funciona bastante bem
  • Mini-jogos divertidos

Negativo:

  • Não é um jogo que se pode jogar quando se quer
  • Precisam de ter espaço em casa para ele
  • Detecção de pulsação e alguns movimentos falham

 

 

Daniel Silvestre
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