Análise – Retro City Rampage

Que tal vos parece a ideia de pegar em Grand Theft Auto 3 e recria-lo na velhinha NES sob o nome Grand Theftendo? E se eu vos dissesse que esta história é mesmo verídica? Brian Provinciano, começou o projecto em 2002 tirando partido do seu tempo livre, e para isso usava uma ferramenta de desenvolvimento para a velhinha 8-bit da Nintendo criada por ele mesmo. A brincadeira começou a saber-lhe demasiado bem, então decidiu criar um jogo original baseado no que tinha desenvolvido para ser lançado nas consolas e PC. Eis que nasce então Retro City Rampage.

Retro City Rampage é um sandbox muito ao género de Grand Theft Auto. A cidade está completamente aberta para darmos largas à nossa imaginação e fazer aquilo que bem nos der na cabeça com a personagem de nome The Player. Como é óbvio, esperem repercussões por parte da polícia, e tal como em GTA, o nosso nível de procurado irá aumentar de acordo com os estragos que fizemos, e isso fará com que a polícia mande reforços cada vez mais fortes para nos abater.

Depois de tiradas estas comparações mais óbvias com GTA, Retro City Rampage passa para um jogo que irá não só parodiar, mas também celebrar os bons anos 80/90 que compõem a infância de muitos de nós. Depois de executar uma missão, The Player vê-se numa situação em que acaba por ser transportado dos anos 80 para o futuro, na mesma cidade de Theftropolis. Depois desta viagem pelo tempo, a personagem conhece Doc Choc no seu veículo, um evidente tributo a Doc Brown de Regresso ao Futuro no seu veículo, o DeLorean, e descobrimos que a máquina que nos transportou para o futuro, está agora avariada. Para voltar a funcionar, teremos que encontrar novas peças que estão espalhadas pela cidade, sendo que grande parte da história centrar-se-á nessa procura.

Retro City Rampage é um jogo com grafismo em 8-bit, muito semelhante ao que poderíamos encontrar numa NES ou Sega Master System e não só. A visão deste jogo é aérea, semelhante aos antigos Grand Theft Auto. No topo do ecrã temos várias instruções como mini-mapa, barra de energia, nível de procurado, pontuação, e armas que temos em nossa posse. Iremos ter também ícones que nos afirmam a localização de uma nova missão, sendo que os ícones azuis representam as missões importantes para o seguimento da história, enquanto que as amarelas representam as secundárias.

Estas missões são dos pontos mais altos do jogo, existindo uma enorme variedade e fazendo referencias a grandes aspectos da nossa cultura. Os momentos são de loucos, e iremos desde desempenhar missões para os Go-Go BustersGhostbusters – até ajudar o Shredder das Tartarugas Ninja a instalar um sistema de repelente para répteis replicando a dificílima missão das bombas submarinas das Tartarugas Ninja na NES, ou então entregar cartas bem ao estilo do Paperboy e até executar níveis ao estilo Splosion Man. Todas as missões irão ser diferentes, e o humor constante irá oferecer um bom momento aos jogadores.

Para além da variedade, a dificuldade irá aumentar consoante a nossa progressão no jogo, começando a haver missões que nos irão tirar do sério e obrigar a ter um grau de paciência mais elevado. Apenas com a história principal, os jogadores ainda terão que dispensar umas poucas horas, mas se quiserem ficar mais tempo em Theftropolis, têm sempre as missões extras ou então as peripécias especiais bem ao género Kill Frenzy que nos irão colocar a matar num tempo limite para atingir números especiais.

Apesar de parecer excelente até agora, chegamos a uma parte que infelizmente não está assim tão excelente, a jogabilidade. Jogadores habituais de GTA irão habituar-se rapidamente aos controlos, havendo um botão para fazer carjacking, vasculhar entre as várias armas ou fazer lock-on em inimigos para conseguirmos acertar mais facilmente. Visto que o jogo possui uma vista aérea, vamos controlar a personagem com um analógico e a nossa linha de fogo noutro, e isso é bom. Depois de nos habituarmos, vamos reparar que as ordens que damos acabam por ser executadas de uma maneira bastante presa e por vezes estranha. A sensação de velocidade neste jogo é pouco entusiasmante, havendo poucos carros que façam um quarteirão a uma velocidade vertiginosa.

A aparência deste jogo é simplesmente fantástica. Este jogo consegue capturar visualmente e sonoramente tudo aquilo que tornou a era dos 8-bits inesquecível. Todos os cenários estão bem trabalhados, com bastantes pormenores para um jogo com uma capacidade visual muito limitada, e as referências vão desde lojas com memes da internet como “Pwned”, “O Rly”, até a outras que parodiam a Apple com a loja “iPomme”, e até referencias ao clássico da NES, Skate or Die, a lista continua.  Infelizmente, algumas das piadas criadas acabam por ter pouco impacto. A nossa personagem é personalizável com vários items que vamos desbloqueando, podendo variar desde cortes de cabelo até a chapéus que podemos comprar.

Nomeando mais algumas referências, vamos poder encontrar Solid Snake, Batman, cenários e canos de Super Mario, The Legend of Zelda, Punch-Out, o famoso erro encontrado no final de Ghostbusters da NESConglaturation – e não só. A cada minuto do jogo, encontramos novas surpresas tornando este jogo numa enorme viagem recheada de nostalgia. A banda sonora é igualmente excelente, passando pelo chiptune tipicamente 8-bit, e o reportório possui versões alteradas de jogos da NES como Mega Man 2, até músicas originais. Excelentes também são as skins que estão disponíveis no menu de opções, que irão colocar o jogo com uma palete de cores de variadas plataformas, desde a NES, C64, DOS CGA e até o GameBoy clássico e até o Virtual Boy, bem como também molduras alusivas a cabines de arcade ou Gameboy, etc.

Retro City Rampage é um hino aos videojogos e à nossa cultura, oferecendo uma homenagem excelente a tudo o que há de bom nestes dois universos a partir de um jogo que é altamente divertido duma ponta à outra. Apesar dos pontos negativos é um jogo a não perder.

Positivo:

  • Um hino aos videojogos e a cultura gamer
  • Mundo aberto bastante divertido
  • Parodia momentos marcantes dos videojogos
  • Variedade na jogabilidade

Negativo:

  • Pode tornar-se demasiado enfadonho para alguns jogadores
  • Jogabilidade pouco trabalhada em certos aspectos
  • Algumas piadas pouco conseguidas

Daniel Silvestre
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