Análise – Puppeteer

Com a explosão dos estúdios Indie, o mundo dos videojogos ficou repleto de jogos com tratamentos visuais totalmente distintos. Olhar para Outland, Journey ou The Unfinished Swan mostra bem que nem tudo precisa de ser uma representação exacta da realidade.

Com Puppeteer, a Japan Studio prova que não são apenas os Indie que conseguem criar experiências visuais inéditas e a verdade é que existe sempre algo a mais por onde explorar.

Puppeteer, tal como o nome indica, é um jogo baseado num espectáculo de marionetas, contando a história de como o Moon Bear King conseguiu tornar-se num ditador e de como rapta as almas das crianças para alimentar os seus planos diabólicos.

Depois de muito tempo de domínio tirânico, eis que surge Kutaro, um rapaz fantoche com uma aura especial que consegue entrar nos aposentos do Moon Bear King e roubar a tesoura mágica Calibrus.

Assim começa uma aventura que vai levar Kutaro a percorrer o reino de forma a salvar os aliados da deusa e pôr um fim às aspirações do rei e dos seus lacaios malvados.

Puppeteer é jogado tal e qual como um jogo de plataformas em 2D à moda antiga. Kutaro pode saltar, agachar e lutar com o auxílio da tesoura. A tesoura não só serve como arma de combate directo, como permite que o fantoche consiga percorrer áreas inteiras apenas a recortar os tecidos que encontra pelo caminho.

As secções de plataformas são bastante divertidas e oferecem quase sempre mais do que uma opção de caminho, embora sejam incentivados a recuar pelos dois para apanhar todos os cristais ou procurar por novas cabeças.

Já que falamos em cabeças, estas funcionam como os pontos de vida de Kutaro. Cada vez que levam dano a cabeça salta e precisam de correr atrás dela antes que desapareça. Infelizmente, a vasta maioria das cabeças não fazem muito mais do que certas animações para abrir um caminho ou encontrar segredos, o que é uma pena.

Para compensar, pelo caminho vão encontrar algumas habilidades especiais para Kutaro que o fazem mais forte e ajudam a resolver vários puzzles espalhados pelo cenário.

Podem jogar Puppeteer sozinhos ou acompanhados, sendo que um controla Kutaro e o outro a personagem que pode interagir com os elementos do cenário. Se não tiverem ninguém com quem jogar, este modelo funciona na mesma e só precisa de um pouco de habituação. Entre a utilização do comando regular e Move, gostei de jogar das duas formas, mas o Dualshock foi o meu método de eleição.

Apesar de ter um preço mais curto, Puppeteer ainda é bastante longo, com várias zonas e mundos para visitar, cada um com três actos diferentes e muita história para ser despejada em falas pelas personagens que rodeiam Kutaro.

Onde Puppeteer brilha de forma majestosa é na sua aproximação ao mundo do teatro de marionetas. Seja pelo seu visual estilizado, pelas transições de cena ou pelas próprias personagens e cenários, a Japan Studio conseguiu captar muito bem a essência de um teatro do género.

Ao visual está ligado intrinsecamente os sons sólidos do palco a mexer ou mudar de cena, os risos e gritos de espanto da plateia e as vozes altamente teatrais das personagens que faz com que pareçam que estão a falar para o público as poder ouvir. A música por seu lado podia ter mais força, só se fazendo notar com impacto nas fantásticas batalhas contra os bosses do jogo.

Puppeteer acaba por ser um jogo sólido com um visual inovador e algumas boas ideias. Infelizmente também não faz muito mais além disso. É um jogo de plataformas altamente competente e com boas ideias, mas que procura manter-se fiel ao seu conceito para o bem ou para o mal, o que resulta numa aventura fantástica manchada por alguns níveis bastante simples e objectivos que se tornam repetitivos.

Se são fãs de plataformas à moda antiga, este é um jogo a ter em conta, mas para todos os outros, é um bom jogo com uma direcção artística inédita na indústria e a um excelente preço.

Positivo:

  • Preço
  • Direcção artística
  • A tersoura é uma arma divertida de usar
  • Excelentes batalhas de bosses
  • Vozes teatrais bem escolhidas e som da plateia

Negativo:

  • Poucas cabeças realmente relevantes
  • Vários cenários pouco inspirados
  • A missão do segundo jogador é aborrecida
  • Encadeamento repetitivo da estrutura dos níveis
Daniel Silvestre
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