Análise – Pikmin 3

A Nintendo não costuma criar franchises novas com regularidade, mas quando o faz, surgem coisas como Pikmin, uma mescla entre gestão e estratégia em tempo real que tem tanto de curioso como brilhante.

Pikmin e Pikmin 2 na GameCube foram revolucionários para a era em que foram lançados, mas entretanto, a indústria já viu muito mais experiências inovadoras e surpreendentes do que é possível enumerar e algo como Pikmin, podia já não manter a mística de outros tempos.

Apesar de tudo, Pikmin 3 ainda consegue manter o espirito original da série, mesmo que existam alguns problema que o impeçam de ser um jogo obrigatório para a Wii U.

Pikmin 3 conta a história de 3 viajantes espaciais vindos de um planeta onde o excesso de população criou grandes problemas relacionados com a escassez de alimentos. Alph, Charlie, Brittany ficam encarregues de explorar um novo planeta, o qual pode ter a matéria prima necessária para a sobrevivência de Koppai.

A primeira meia hora de Pikmin 3 está dividida entre as três personagens (Charlie, Alph e Brittany) que precisam de se reunidas após a nave ter-se despenhado neste planeta hostil. Pelo caminho, os três acabam por encontrar os Pikmin, criaturas sociais que podem ser comandadas para recolher objectos, construir ou destruir estruturas e combater.

Os primeiros dias servem como um tutorial para aprender cada uma das vantagens que cada Pikmin oferece e como podem criar mais ou usa-los em combate. A movimentação e controlo é feito ao estilo de um jogo estratégia em tempo real, onde controlamos uma das três personagens e usamos o ponteiro para chamar os Pikmin ou atira-los para um objectivo.

O facto de existirem 3 personagens jogáveis, alarga as possibilidades de realizar vários objectivos ao mesmo tempo. Podem encarregar um explorador da tarefa de recolher fruta com alguns Pikmin, enquanto outro leva os restantes para destruir um muro ou lutar contra um inimigo. Embora esta função seja uma boa ideia, requer uma quantidade enorme de multi-tasking para controlar tudo o que se está a passar tanto no ecrã como no mapa do Gamepad e em muitos casos, mandar uma das personagens para um local em piloto automático é perigoso e pode resultar na morte de muitos Pikmin.

Esse é um dos primeiros problemas de Pikmin, o facto da inteligência artificial ser demasiado inconstante e não ser raro perder Pikmin pelo caminho porque estes não perceberam uma ordem ou porque ficaram presos no cenário, deixando de seguir a nossa personagem. O mais curioso é que estas criaturas conseguem construir uma relação de empatia com o jogador, fazendo com que se sintam responsáveis e culpados por cada Pikmin esborrachado ou que fica para trás quando a noite cai e estes ficam no solo sem grandes hipóteses de sobrevivência.

Isto mostra que Pikmin 3 é um jogo cruel, mas não é realmente difícil. Os Pikmin podem ser cultivados em grandes quantidades e a passagem de cada dia de jogo consome menos recursos do que é possível apanhar em cada missão. Existe sempre uma sensação de urgência, mas esta não é tão sufocante como no primeiro jogo.

Quanto aos controlos, recomendo jogar Pikmin 3 com o Wii Remote e o Nunchuck pois é notório que este jogo foi desenvolvido a pensar na Wii e na sua capacidade de apontar para o ecrã. A segunda melhor opção acaba por ser o Gamepad, dada a presença do ecrã táctil que inclui o mapa que dá imenso jeito durante toda a aventura (também podem usar o Wii Remote e Nunchuck com o Gamepad a servir de mapa).

Infelizmente, a campanha dura pouco tempo, não indo além das 10-12 horas de jogo, mas existe um pouco mais para explorar sozinhos ou acompanhados por outro jogador. Podem unir esforços nas missões especiais que apresentam novos desafios e zonas para explorar, onde o objectivo é apanhar máximo possível de mantimentos num curto espaço de tempo para bater recordes e por fim, o modo competitivo Bingo Battle, onde dois jogadores tentam ver quem é o mais rápido a apanhar as frutas marcadas num cartão de jogo, e assim fazer Bingo.

Pikmin 3 é um jogo bastante vivo visualmente. Os ciclos dia/noite encobrem os mapas com um pequeno nevoeiro matinal e conseguem recriar elementos naturais que se enquadram perfeitamente com as criaturas que habitam este mundo e os próprios cenários em si, com chuva, neve e zonas cavernosas isoladas.

Existe sempre uma sensação familiar de que este mundo está próximo do nosso, mas continua a deixar uma impressão de território alienígena, tendo em conta o que encontram em cada cenário e os inimigos que precisam derrotar pelo caminho. Este sentimento é reforçado pela música calma e misteriosa e os sons de cada animal, é um trabalho sonoro bem trabalhado e credível.

Pikmin 3 pode não ser tão brilhante e impressionante como o primeiro jogo e não é um título que justifique a compra da consola por si só (só se forem grandes fãs dos primeiros jogos). De qualquer forma, é uma viagem fantástica a um mundo diferente e curioso, num género pouco explorado com sucesso nas consolas. Se já tem uma Wii U, então este é um bom jogo para manter a consola a funcionar até aos próximos grandes lançamentos.


Vejam também a nossa vídeo análise a Pikmin 3 aqui!

Positivo:

  • Jogabilidade RTS que funciona bem
  • Bem menos sufocante que os anteriores
  • Modos para partilhar com outros jogadores
  • Mapa no Gamepad é realmente útil

Negativo:

  • Campanha curta
  • Fraca inteligência artificial
  • Não aproveita bem a presença de três personagens
Daniel Silvestre
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