Análise – Outriders

Destiny não foi o primeiro, mas foi claramente o caso mais gritante de um RPG que queria ser um liveservice eterno. Embora não tenha durado 10 anos como prometido, ajudou a pavimentar o caminho para outros jogos similares que foram surgindo e morrendo quase à nascença.

Prontos para roubar uma fatia desse bolo, os estúdios da People Can Fly em conjunto com a Square-Enix têm em Outriders o seu candidato a Live Service RPG dentro do género. Embora o conceito seja algo diferente e exista algum foco nos diálogos que regem a história, Outriders é mais uma viagem atribulada dentro do género.

Aqui jogamos com uma personagem criada por nós que vai numa demanda para outro planeta após a terra ter sido reduzida a um rochedo pouco habitável. Neste novo planeta onde vamos certamente fazer o mesmo, somos recebidos da pior forma e depois de congelados, voltamos à vida para descobrir que o planeta já está em estado de caos e existem tempestades capazes de dar poderes às pessoas.

Isto é o mote para uma campanha feita a pensar numa aventura cooperativa onde existem centenas de inimigos para abater, bosses gigantes com vidas duras de roer e muitas coisas para apanhar e equipar para termos um pouco de mais força para dominar as próximas zonas do mundo. Sim, uma descrição bastante similar que preenche bem todos os jogos do género.

A verdade é que só descobri tudo isto horas após ter iniciado pela primeira vez o jogo na PS5. Ao que parece os servidores de Outriders estavam a ter problemas de ligação aos servidores e isso fez com que estivesse várias horas à espera de solução. O mesmo voltou a acontecer no dia seguinte e posso dizer que houve dias que nem consegui entrar. Ao final de quatro dias com o jogo tinha jogado o equivalente a umas seis horas e estado à espera do servidor por uma soma parecida de horas. Por vezes tive até de impedir que a PS5 fosse para o modo de repouso.

Voltando ao jogo, quando ele corre, consegue ser bastante interessante em termos de temática e até divertido em termos de jogabilidade. Em muitos momentos fez-me lembrar os meus tempos felizes com Borderlands, em outros tantos fez-me lembrar os vários problemas de ligações, qualidade de loot e problemas com bugs que tive com Destiny. Ou pior ainda, Anthem.

Podem escolher uma de várias classes e existem habilidades próprias para cada uma delas. Resolvi optar por uma que se parece mais com o típico Tank e até que me dei bastante bem. Porém, deu para perceber que falta equilíbrio ao jogo em termos de dificuldade e mesmo quando estamos aparentemente bem protegidos, existem sempre milhares de balas a voar de todas as direcções.

Como não tinha ninguém com quem jogar Outriders, não tive uma boa experiência a tentar encontrar outros seres humanos que fossem decentes para partilhar as minhas aventuras. Tive também informação por várias vezes que o jogo teve problemas a ligar a outros jogadores, o que pode estar relacionado com a questão anterior dos servidores.
Embora me tenha lembrado por várias vezes de Borderlands, a verdade é que a People Can Fly andou vários anos para trás e fez um jogo bem ao estilo dos inícios de 2010, com cores escuras e pouco inspiradas, personagens com aspecto algo deprimente e cenários que podiam ter muito mais claridade. Existem algumas boas ideias em termos de armaduras e inimigos, mas não deixa de ser bastante desapontante ver tanto castanho e cinzento.

Tendo em conta que Outriders tenta escrever uma história com alguma interacção, foi feito um esforço para dar voz decente às personagens e o resultado não é nada mau. O mesmo se sente com a banda sonora que é bastante regular e cumpre a sua função.

Pessoalmente não tinha grandes expectativas para Outriders, por isso nem fiz questão de acompanhar grande parte do seu desenvolvimento. No entanto, já não é a primeira vez que um jogo chega e consegue provar que estava errado. Fiz o meu melhor para apreciar o jogo em si e até podia ter desistido face a todos os problemas de ligação que tive, mas fiquei no global com um sabor bastante agri-doce.

Apesar de Outriders ser um dos grandes lançamentos previstos para estes meses, foi talvez um dos jogos mais difíceis que tive para analisar desde que 2021 chegou. Não apenas por ser algo desapontante, mas por ser um jogo que tenta recusar ser jogado. Assim sendo, só fez com que a experiência fosse ainda mais frustrante do que já é logo à partida. Se todos os problemas e concepção descuidada não aflige e querem saber se vale a pena o vosso investimento, quando funciona, Outriders até que é um bom jogo.

Positivo:

  • Combate divertido
  • Tema da história
  • Classes interessantes

Negativo:

  • Servidores com problemas graves
  • Dificuldade irregular
  • Parece mais um Anthem

 

Daniel Silvestre
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