Análise – Metro: Last Light

No que toca a jogos pós-apocalípticos, a série Metro da 4A Games ganhou de certeza um lugar no coração dos fãs do género, e isto com o lançamento de Metro 2033 no PC e Xbox 360 em 2010. Baseado no livro de Dmitry Glukhovsky, o jogo fala sobre um holocausto nuclear em Moscovo por parte de um fictício Quarto Reich que leva aos sobreviventes da cidade Russa a refugiarem-se no enorme e extenso metropolitano da cidade. Este ataque devastador dizimou grande parte da população e transformou algumas das criaturas em aberrações da natureza.

Aquilo que parecia ser uma tarefa de sobrevivência em conjunto toma proporções drásticas com a criação de grupos radicais e políticos dentro do metropolitano, tornando o ambiente tão mortal quanto a cidade inundada de radiação. Depois do sucesso deste jogo, a 4A Games lançou um novo capítulo de nome Metro: Last Light e com o mesmo protagonista, Artyom.

Metro: Last Light conta a história do metropolitano de Moscovo depois do ataque em larga escala da raça misteriosa que vagueia na deserta cidade de nome Dark Ones. Infelizmente, a nossa missão não ficou completa, visto haver um membro desta espécie que conseguiu escapar ao ataque. Cabe então a Artyom acabar aquilo que começou, e suprimir esta raça de uma vez por todas. Mesmo assim, esta missão não será fácil, visto que Artyom é capturado por Nazis e o regresso à sua instalação militar para informar o seu falhanço estará longe de ser concluída.

Metro: Last Light é um FPS bastante claustrofóbico, escuro e intenso. Dentro do metropolitano iremos escolher entre atravessar uma zona furtivamente ou entrar a “matar” de arma em punho e limpar tudo o que nos aparece à frente. Atravessar pelos cenários silenciosamente é uma tarefa difícil, onde a nossa afeição por sombras irá ditar o nosso sucesso e caso sejamos vistos por alguém, um som de aviso irá soar dando-nos a oportunidade de reagir e voltar a esconder.

Algumas missões envolvem obrigatoriamente acção furtiva e são dos momentos mais espectaculares do jogo. Pequenas acções como o desenroscar de uma luz para não sermos detectados ou o ligar de um rádio para distrair os inimigos tornam o jogo especial. Podemos também poder matar ou imobilizar inimigos com um simples ataque nas costas, ou até atirar facas para matar a longa distância sem fazer qualquer barulho.

Mesmo assim, e se quiserem atravessar o cenário de arma em punho com grandes trocas de tiros, então preparem-se porque a natureza claustrofóbica do jogo irá ajudar os inimigos a matar-vos mais depressa ainda. Fora do metro do Moscovo vamos encontrar outro mundo espectacular cheio de perigos e menos fechado. Cá fora os nossos inimigos são outros, criaturas mutadas devido à extrema radiação, desde animais parecidos a cães, outros voadores, rastejantes, e uma poluição no ar mortal.

Artyom poderá equipar-se de um arsenal de armas não muito vasto, mas eficiente para a tarefa, arsenal este que poderá ser melhorado com a possibilidade de compras de vários extras, desde um carregador de munições maior, mira ou silenciador. Iremos também dispor de um certo número de items que são indispensáveis para a nossa sobrevivência como é o caso da nossa bússola que não nos deixa ficar perdido, isqueiro para queimar teias de aranha e descobrir zonas secretas, até à máscara de oxigénio extremamente útil em zonas onde o ar não é respirável.

Eu achei que a 4A Games fez um excelente trabalho no ambiente e na mecânica em si deste jogo, e tal como aconteceu em Metro 2033, não tomaram muitos riscos, mantiveram-se neste sistema de escolha entre acção furtiva e entrar de arma em punho durante grande parte do jogo, adicionando uns poucos elementos novos em certas secções do jogo. Mas lá está, podiam ter arriscado um pouco mais em trazer mais aspectos inovadores ao jogo. Mesmo assim, não deixa de ser uma experiência impactante.

Na apresentação o jogo tem os seus momentos altos e baixos, onde os altos conseguem fazer esquecer completamente os baixos. No que toca à ambiência do jogo em si a 4A Games fez um trabalho espectacular neste jogo. A escuridão, claustrofobia e suspense andam de mãos dadas em grande parte do jogo, dando ao jogador um incómodo que nos desperta os sentidos e faz disparar o coração. A contrastar com este aspecto temos depois as zonas povoadas e amigáveis do Metro que transpiram vida e um grande número de pormenores, com várias pessoas a falar, uns cantam, outros libertam as mágoas, ou seja, para onde quer que olhemos, encontramos algo novo.

O mundo exterior é também espectacular de se ver. Sempre que sairmos para fora do metropolitano vamos encontrar uma paisagem enorme de ruínas com um ambiente bastante sinistro onde Artyom terá que puxar da sua máscara de oxigénio e lutar pela sua vida com as suas armas. Dado ao facto de Artyom ter estado em contacto com um Dark One quando era mais jovem, por vezes iremos testemunhar alguns flashbacks e actividades paranormais em certas zonas do jogo, criando um ambiente ainda mais pesado.

Usar as sombras para progredirmos no nosso caminho e criar distracções para fugirmos de uma determinada zona são o prato do dia neste jogo, mas são os pequenos elementos que fazem a diferença neste jogo, como é o caso de limpar o visor da nossa máscara quando chove intensamente ou então quando fica sujo de sangue. Mesmo assim, a apresentação em geral tem as suas falhas, como é o caso de algumas animações de certos NPCs serem bastante rígidas, e as expressões faciais não fazerem juz à intensidade das frases que estão a proferir.

A banda sonora não irá ocupar grande destaque na nossa aventura, onde apesar de estar presente, é toda a produção sonora que enfatiza este ambiente negro que merece um aplauso. É impressionante o facto de entrarmos numa zona e reparar que o som consegue encaixar que nem uma luva, como é o caso dos longos túneis que compõem o metro, sistemas de ventilação, zonas altamente povoadas, e pequenos aspectos como gotas a cair, falas no fundo do túnel. Um jogo que merece ser jogado com uns bons headfones.

Metro: Last Light foi sem dúvida um passo em frente no geral, onde o maior destaque vai para a apresentação e para o fantástico ambiente que ganhou uma força ainda maior. Se querem experimentar um FPS diferente e com uma narrativa bastante interessante, então este é o vosso jogo.

Não percam também a nossa análise em vídeo de Metro: Last Light.

Positivo:

  • Um ambiente pesado e sombrio muito bem conseguido
  • Uma excelente continuação à aventura de Artyom
  • Detalhe gráfico deu um passo em frente
  • Variedade entre acção furtiva e frenética
  • Sonoplastia excelente
  • Experiência bastante sólida de uma ponta à outra

Negativo:

  • A nossa missão principal parece ficar um pouco esquecida
  • Animações rígidas durante as falas
  • Um pouco da mesma fórmula

Daniel Silvestre
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