Jogos indie não são poucos, alguns muito bons e outros nem tanto. Dito isso, não há muitos como Luna: The Shadow Dust, um jogo Point-and-Click com imensa qualidade sonora e artística, criado pela Lantern Studio, um estúdio não muito conhecido e só com este título no seu portefólio, conseguido através do Kickstarter.
Comecemos pela introdução, Luna: The Shadow Dust introduz-nos ao nosso protagonista, um humano jovem de idade e com um passado desconhecido, cujo nome, Üri, só descobrimos pelos “achievements” da Steam. Ao cair do céu e salvo por uma chama, este descobre estar no que parece ser um deserto com apenas uma porta à distância. Ao tentar aproximar-se, a sombra de um corvo aparece e assusta a nossa chama amiga, dando uma ideia do que se está a passar no mundo à nossa volta. Após este pequeno puzzle inicial, a nossa chama abre a misteriosa porta, revelando uma torre gigante e mística. Ao entrar começamos a trabalhar em escalar a torre, resolvendo vários puzzles, até nos cruzarmos com a nossa personagem secundária, um animal de espécie desconhecida que nos irá ajudar a resolver os vários puzzles que nos esperam.
Não podemos falar num Point-and-Click sem falar em puzzles, que será também o núcleo deste título. Cada quarto desbloqueado na torre é um puzzle para resolver e posso garantir que nenhum quarto é igual ao outro, seja em visual ou nos seus quebra-cabeças, o que não só nos mantém atentos, como maravilhados com o que a torre tem para nos oferecer.
Dito isto, à medida que avançamos, os quebra-cabeças vão ficando mais complexos e longos, uma espada de dois gumes, porque torna-se ainda mais satisfatório desvendar a solução. Os quartos ficam muito maiores em escala e primeiro que se perceba como resolver o puzzle, já andámos para a frente e para trás, para cima e para baixo imensas vezes, o que se torna cansativo ao ter de se esperar que a animação de subir as escadas ou pressionar a alavanca acabe para seguirmos em frente. O que vale é que estas animações mesmo assim, são muito agradáveis de se ver.
Uma das coisas que mais salta à vista em Luna: The Shadow Dust é a arte. Desenhado e animado à mão com um estilo de arte que relembra Salvador Dali e Escher nos cenários e edifícios. O “design” das personagens está recheado de personalidade e características que não se vêm em duas personagens diferentes, cada uma bastante distinta e reconhecível quase de imediato. A maneira como se movimentam e estão animadas está cheio de maneirismos só daquela personagem.
Sempre que um novo quarto é desbloqueado, este tem tantos detalhes e objectos distintos do quarto anterior, que é impossível não parar um pouco para observar tudo o que o que os quartos têm para oferecer. Sem dúvida que existe uma grande paixão e dedicação para com o aspecto visual.
No entanto, o prazer visual é só igualado, senão superado, pela banda sonora. A música de ambiente é incrível e sinistra, tocada nos momentos certos intensificando tanto o abstracto do mundo que nos rodeia, como o elo entre as nossas personagens principais.
Este ponto é sem dúvida o mais forte deste título e o meu favorito, podia ficar horas a ouvir só a música de fundo do menu principal. Cada quarto tem a sua própria melodia, ajudando no sentimento tão distinto entre quartos que mencionei anteriormente.
Até a música de Luna: The Shadow Dust tem um desenvolvimento com a história, começando no início do jogo como apenas sons distantes e espaçados, acabando com melodias repletas de emoções para que nós sintamos o que as personagens estão a sentir no momento. À medida que avançamos ou resolvemos puzzles, a música torna-se mais triunfante, conduzindo-nos até à resolução desta misteriosa história.
Resta então falar da narrativa. Esta não é de modo algum o ponto fraco do jogo, mas também não há muito que se lhe diga, pois Luna: The Shadow Dust é um título curto. Especialmente muito curto, para quem já souber o que está a fazer. A história tenta reportar ao porquê do protagonista ter caído dos céus, como veio parar a esta terra e porque foi levado para a torre.
A resolução da narrativa, que realmente ata todas as pontas soltas pelo fim da mesma, mesmo tendo um plot twist um bocado óbvio para quem prestar atenção, só desvendado no fim mesmo. Embora simples, é uma história agradável de se viver.
Luna: The Shadow Dust merece receber muito mais atenção do que já recebeu. Os pontos negativos são irrisórios comparando em tudo o que o jogo acerta. Não é uma experiência incrível, nem é um jogo marcante, nem está repleto de ideias inovadoras, mas é um jogo genuíno e enternecedor. Fico curioso para ver o que Lantern Studio nos trará no futuro. Toda a gente envolvida tem imenso talento, paixão e dedicação no que está a fazer e aparentemente sabe o que está a fazer. Luna: The Shadow Dust está disponível para PC.
Positivo:
- Arte e animação muito boa
- Banda sonora tremendamente agradável e bem composta
- “Designs” únicos e personagens bem escritas para uma história silenciosa
- Puzzles que obrigam a parar e pensar mas satisfatórios de resolver
Negativo:
- História curta e um bocado óbvia desde ínico
- As animações nos puzzles mais longos tornam-se cansativas e demoradas
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