Análise – Gun Crazy

Nos últimos anos tem-se assistido a uma onda de jogos indie a invadir a indústria de videojogos como nunca antes se viu. Desta maneira, e a partir de um projecto de crownfunding, surge Gun Crazy, pelas mãos da Ritual Games.

Gun Crazy é um jogo do género shoot’em up, no qual o nosso objetivo é prosseguir em frente até ao final, ao mesmo tempo que enfrentamos vários enxames de inimigos.

O jogo tenta replicar uma estética pixelizada, semelhante àquela vista nos jogos arcade 2D. Neste aspecto consegue transmitir toda a magia e nostalgia desses jogos com mestria. Contudo, falando já no level design, apesar de visualmente apelativo, é um pouco simples.  Num mesmo nível podemos ver várias estruturas e inimigos repetidos de uma forma constante, sem grande variedade.

Como o foco do jogo é acção, a história acaba por ser deixada de lado. Daí que fique em aberto quais as motivações da personagem que controlamos e o contexto do mundo em que estamos inseridos.

Gun Crazy é um jogo relativamente curto. Isto traduz-se na própria longevidade dos níveis, os quais conseguem ser completos em poucos minutos. Mesmo assim, o desafio de completá-los, é difícil. Uma vez que ao nos aproximarmos do fim de um nível, somos colocados frente a frente com uma batalha contra um boss. Aspecto este que consegue elevar subitamente a dificuldade do jogo, de mediana a muito difícil. Tendo inclusive morrido várias vezes durante a minha experiência com o jogo.

Quanto ao som, este também consegue fazer-nos mergulhar nos tempos dos jogos 16-bit de outrora. Tendo faixas rítmicas que conseguem acompanhar positivamente a acção da nossa aventura.

O jogo conta com alguns power-ups que dão à nossa personagem, diferentes tipos de munição. Ainda assim, apesar de eficazes, não são muito diversificadas. Um dos aspectos que considero um dos problemas no jogo, é a quantidade excessiva de bombardeamento que levamos no ecrã. Ora pelos drops dos inimigos, ora pelos nossos tiros e projéteis dos inimigos. Fica uma verdadeira confusão entre efeitos e sprites.

Como o gameplay é simples e a longevidade bastante curta, o jogo deixa a desejar por mais. As bases estão lá, porém necessitavam de ser refinadas e repensadas, para separar Gun Crazy, dos restantes jogos do género. Graças à sua simplicidade acaba por parecer bastante semelhante e até revela alguma falta de inovação neste requesito.

De uma forma geral, Gun Crazy conseguiu entreter-me. Contudo nenhum dos seus aspectos se destaca, como referi. A relação benefício-custo e da qualidade/longevidade do jogo acaba por ser posta em causa, na medida em que, aquilo que nos é entregue, não compensa pelo preço. Ainda assim, reitero que aquando de uma promoção, pode ser uma boa aposta, isto caso sejam fãs do género ou simplesmente queiram passar alguns instantes a disparar contra inimigos num ritmo de acção constante.

Positivo:

  • Gameplay sólido e simples;
  • Recria com sucesso a ambientação de jogos arcade 2D;
  • Tem potencial para melhorar e crescer nas bases já criadas;
  • Batalhas contra bosses são um bom desafio…

Negativo:

  • …contudo não estão bem niveladas;
  • Pouca variedade de inimigos e de level design;
  • Falta a presença de um contexto/história;
  • Longevidade deixa a desejar;
  • Bombardeamento constante de efeitos no ecrã;
  • Podia ter desenvolvido muito mais os conceitos apresentados;

João Luzio
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