Análise – Gears of War: Judgment

Juntamente com a série Halo, Gears of War tornou-se num porta-estandarte da Xbox 360, tendo recebido os jogos desta criação da Epic Games e do designer Cliff Bleszinski. Desde a sua estreia que já vimos três jogos deste shooter na terceira pessoa, todos eles com Marcus Fenix como personagem principal. Neste novo Gears of War: Judgment, a Epic Games e a People Can Fly voltaram atrás na história e decidiram centrar-se nos eventos que precedem o Emergence Day, o ataque em grande escala dos Locust ao planeta Sera.

Neste jogo o enredo centra-se num esquadrão de nome Kilo cujos dois soldados são grandes conhecidos da série, Damon Baird e Augustus Cole. Os restantes soldados de Kilo são Sofia Hendrik e Garron Paduk. Gears of War: Judgment começa com o esquadrão a ser julgado em tribunal de guerra. Sendo assim, o jogo irá centrar-se nos testemunhos destes réus sobre os acontecimentos que os levaram ao tribunal, e dessa maneira iremos jogar e pôr-nos na pele destes soldados.

Como podem esperar, o enredo irá desempenhar um papel muito importante neste jogo. Os soldados estão a ser julgados pelo uso não autorizado de uma arma de nome Lightmass Missile e não só, e cada testemunho dos soldados é um acontecimento que iremos viver e participar. Cada testemunho será uma missão que iremos fazer, por vezes curta, e isso oferece um destaque maior a estória afectando também a jogabilidade, e isto porque a experiência torna-se mais “afunilada”. Felizmente a narrativa torna o jogo bastante interessante e deixa o jogador a ansiar pela conclusão.

O modo principal da campanha de nome Trial é de pouca duração, mas mesmo assim a Epic Games colmatou esse problema com a inserção de uma segunda campanha de nome Aftermath. Nesta segunda campanha iremos pegar no jogo durante os eventos de Gears of War 3 e em missões com Baird e Cole. É bom rever os membros do esquadrão nesta vertente da campanha, e apesar de ficar interessante, a estória deixa algumas perguntas sem resposta.

Dado ao facto da estória ser o ponto com mais destaque no jogo, a jogabilidade e progressão acaba por estar alinhado com esse aspecto. As missões/testemunhos que iremos reviver são ainda mais lineares, com confrontos pequenos mas mais intensos e isso não mau. Para ajudar no interesse da estória e por forma a manter alguma frescura no jogo, iremos enfrentar várias adversidades em combate, desde iluminação quase inexistente, até fraca visibilidade, limitação no armamento e isso graças ao sistema Declassify que antecede cada missão.

Tanto o multiplayer online como offline receberam novos modos bem como melhorias e polimentos. Horde evoluiu para Survival, um modo onde continuamos a tentar sobreviver as várias vagas de Locust mas com a particularidade de cada um dos membros da nossa equipa possuir uma classe e habilidade especial. Se o trabalho em equipa em Horde era fundamental, agora torna-se ainda mais.

Overrun é outro novo modo onde vamos poder escolher entre os Locust ou os COG. A mecânica deste modo centra-se mais em objectivos do que propriamente kills, sendo que os Locust terão de fazer tudo para destruir os COG de uma maneira parecida ao modo Beast de Gears of War 3, enquanto que os COG terão de sobreviver durante algum tempo para que a arma Hammer of Dawn destrua os Locust. É um modo que funciona bastante bem e oferece uma experiência bastante fresca à série, visto que a sobrevivência dos COG poderá ser reforça com o uso de engenhos novos  como barreiras ou granadas que curam.

No multiplayer clássico vamos encontrar finalmente um modo Free-for-all, e é altamente satisfatório e divertido ver os jogadores a lutarem cada um por si por um lugar no topo da tabela. Temos também os restantes modos como Team Deathmatch, Execution e Domination. O multiplayer funciona bastante, mas houve certos sacrifícios que a People Can Fly teve de fazer para aumentar o nível de velocidade do jogo, sacrifícios estes que poderão incomodar ou desapontar alguns dos fãs. Neste multiplayer não vamos poder executar inimigos que estejam downed nem usá-los como escudo ou colocar granadas nas paredes. Perdeu-se alguma da magia do multiplayer, mas mesmo assim continua jogável.

Gears of War: Judgment é um jogo agradável de ser ver. Os cenários continuam assustadores, sérios e bem detalhados para aquilo que é considerado uma guerra enorme. Se estavam à espera de melhorias significativas no que toca ao aspecto visual, então vão ficar desapontados, porque a qualidade está praticamente igual – por vezes até inferior – à de Gears of War 3. É curioso também ver Baird e Cole com menos duas décadas. A inteligência artificial está mal trabalhada tanto nos inimigos como NPCs, por isso não se assustem se virem essas mesmas personagens a fazer algo completamente desastrado ou a deslocarem-se para zonas sem nexo.

Ponto positivo para o trabalho sonoro. Tal como podemos esperar de um jogo com um pano de fundo tão épico e um tema tão sério, a música vai assentar que nem uma luva com uma banda sonora excelente e que está de mão dada com o jogo durante bastante tempo. As actuações de voz e efeitos de som também se encontram bem trabalhados dando uma boa dose de credibilidade às personagens.

Os jogadores gostam de ofertas, e a inclusão de uma cópia digital do primeiro Gears of War irá deixar um sorriso na cara de muitos.

Gears of War: Judgment justifica-se como um jogo de retalho, ao contrário do que se tem dito, sendo que o único problema neste jogo centra-se na forma como foi executado. Sem dúvida que a People Can Fly tentou algo diferente neste capítulo e podia ter feito ligeiramente melhor. Continua frenético e perfeitamente jogável, mas um pouco mais de ênfase na campanha e menos sacrifícios no multiplayer podiam ter dado um resultado melhor.

É um jogo com mais pontos altos do que baixos que consegue justificar bem o seu valor, e uma compra obrigatória para os fãs. Se estão a pensar em ingressar nesta série, então esta é uma boa oportunidade não só devido à estória, mas também pelo facto de incluir o primeiro jogo da série.

Vejam a vídeo análise para saber mais sobre a nota final:

Positivo

  • Continua a ser uma experiência frenética e satisfatória
  • Declassify oferece algo novo constantemente
  • Modo Free-for-All
  • Modo Overrun
  • Inclusão do primeiro Gears of War

Negativo

  • Sacrifícios no multiplayer
  • Inteligência Artificial
  • Grafismo algo datado
  • Trial com uma estória pequena

Daniel Silvestre
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