Análise – Fire Emblem Engage

Parece que foi há meia dúzia de dias, mas já lá vão quase quatro anos desde que Fire Emblem Three Houses chegou à Nintendo Switch e deu ao universo da saga mais uma expansão do seu novo estilo de progressão em história e com os relacionamentos entre personagens. Como em equipa que ganha, não se mexe, seria de esperar que Fire Emblem Engage seguisse este caminho e fosse beber aos grandes elementos dos anteriores.

Curiosamente não é isso que acontece. Este novo jogo recua um pouco em vários elementos de elos sociais e relacionamentos (embora ainda cá estejam de forma light) e dá muito mais foco ao centro da série, o seu combate estratégico por turnos e personalização de personagens.

Fire Emblem Engage conta a história de um mundo que aguarda pelo regresso do seu herói, mil anos após um combate contra o Fell Dragon, uma entidade que quase destruiu o mundo. Claro que esse herói somos nós, mas não fomos o único a combater neste evento. Nesta história, os heróis de outros Fire Emblem podem ser invocados através de anéis que os chamam de outros mundos para combater a nosso lado. Este é o mote para um sistema que é um dos grandes elementos do jogo.

A história é em si bastante simples, mas é contada de uma forma alegre e dinâmica em grande parte do tempo, o que não a torna aborrecida. Grande parte das personagens com quem interagimos são interessantes e algumas delas vão ser novas referências para os fãs da série. Como os elementos sociais são menos profundos neste jogo, nem todas as personagens têm oportunidade de brilhar tanto quanto deviam, mas há sempre espaço pelo menos para conhecer as suas motivações e objectivos.

À semelhança de Fire Emblem Three Houses, existe um espaço que serve de Hub onde vamos estar entre missões. É aqui que podemos interagir com outras personagens, ir às compras e realizar algumas actividades secundárias. É um espaço mais pequeno que a escola do jogo anterior, mas parece também muito mais acessível e bem organizado. Porém, maior parte do tempo de jogo também não é passado aqui.

A melhor parte de Fire Emblem Engage é efectivamente aquilo pelo qual sempre foi conhecido, o seu sistema de combate. Este está extremamente polído e se não fosse o caso de haver muitas formas de o aprofundar, seria talvez também dos mais simples e directos de perceber e dominar. O combate continua a ser inteiramente por turnos, baseado num sistema de grelha onde as personagens se podem movimentar consoante as suas capacidades de movimentação e estatísticas.

Já como é tradição, as personagens funcionam como unidades e cada unidade tens as suas forças e fraquezas, continuando a existir a vantagem de cada arma sobre as outras. Existem classes tradicionais que representam espadas, escudos, lanças, dragões e feiticeiros, mas aquela que ficou melhor foi a dos curandeiros, pois estes agora além da sua preciosa ajuda, conseguem intervir na batalha com outras habilidades próprias que ajudam os aliados em combate.

Como disse antes, tudo isto podia ser Fire Emblem à moda antiga, mas Engage quer adicionar uma dose de personalização e profundidade extra aos combates e para isso aparecem os anéis com os heróis dos outros jogos. Com eles podem lutar ao lado de personagens como Marth, Crom, Celica, Lucinda, entre muitos outros clássicos e mais recentes. Com a atribuição de um anel a determinada personagem, além de ficar mais forte, tem ao dispor uma série de vantagens e habilidades.

Com o sistema Engage, os combates sofrem uma grande mudança. Com o anel certo na personagem certa, podemos criar um verdadeiro colosso de combate, capaz de dar cabo de inimigos com um só golpe. Além disso, as personagens podem ser fundidas para criar uma entidade ainda mais forte durante três turnos. Quando neste estado, além de mais poderosa, podemos usar um golpe especial devastador (acompanhdo de uma sequência visual bonita), que serve como um finisher especial.

Após cada confronto, as personagens principais e os anéis evoluem, o que dá ainda mais escolhas e variantes ao que podemos cruzar entre elas para os próximos combates. Como existem muitas missões para jogar e ainda cenários alternativos que podemos escolher, é fácil treinar as personagens e testar as suas habilidades mais a fundo.

Algo que se destaca de imediato em Fire Emblem Engage é o seu visual. Uma vez mais a Nintendo consegue ter um jogo que troca o visual mais detalhado por uma vertente mais cartoon das personagens e cenários que acaba por ser a melhor opção. O desenho das personagens fica mais colorido e arredondado, parecendo que não existem quase arestas nas mesmas. O design das mesmas e cenários é bastante forte, embora os mapas pudessem ter uma texturas mais trabalhadas em alguns espaços. No entanto, tudo isto resulta num jogo bonito, colorido e com uma fluídez bastante sólida.

No departamento sonoro também temos um trabalho muito positivo, com uma série de músicas já conhecidas e novas que encaixam perfeitamente no ambiente de Fire Emblem. Quanto às vozes, existe opção para japonês e inglês, sendo escolhi a segunda opção para as minhas sessões de jogo. Posso dizer que nem todas as persongens têm vozes que me agradaram (extremamente Anime), mas do que experimentei do Japonês, existem ainda mais personagens com o típico estilo de voz, por isso deixei-me estar pelo inglês que é muito positivo no geral.

Fire Emblem Engage é um jogo longo e não é por não ter tantos momentos sociais que não vão ter mais de 40 a 50 horas de diversão com ele. É claro que muitos vão ignorar actividades secundárias e os mini-jogos, mas podem ter certeza que os combates pelo menos vão conseguir sugar um grande volume de tempo apenas por si só.

É óbvio que os fãs dos jogos mais recentes vão sentir que Fire Emblem Engage deu um passo atrás ao dar menos importância às ligações entre personagens e alguns eventos que acompanhavam estes momentos. Por outro lado, este é um regresso ao passado com alguns elementos num formato mais “light”, o que vai agradar aos fãs mais antigos da franquia que já começaram a jogar no Game Boy Advance ou na GameCube e querem é profundidade no combate.

No fim de contas, Fire Emblem Engage é um compromisso entre os dois universos que dá um passo em frente e outro atrás dependendo do lado da barricada em que estão. Para mim é um equilíbrio bastante bem alcançado que merece ser jogado por todos os fãs de Fire Emblem, sejam eles novos ou antigos.

Positivo:

  • Visual forte e garrido
  • Combate profundo e viciante
  • Boas personagens no geral
  • Sistema Engage é bem-vindo

Negativo:

  • Algumas vozes estridentes
  • Factores sociais podiam ter mais profundidade

Daniel Silvestre
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