Análise – EA SPORTS WRC

Apesar de jogos de WRC não terem demorado a surgir na indústria dos videojogos, foi na era da PS2 que a minha caminhada começou no género com dois jogos em específico, Colin Macrae Rally 4 da Codemasters e WRC da Evolution Studios (na altura a trabalhar para a Sony). Foram estes os dois jogos que me tornaram fã do género e até a ligar muito mais ao campeonato do mundo de Rally.

Por isso mesmo, foi com grande entusiasmo que vi os astros alinhar e ver a equipa da Evolution (uma parte passou para a Codemasters e agora para a EA), voltar a ter a licença de WRC nas suas mãos. Estamos a falar de duas das melhores equipas que criaram jogos de Rally a colaborar numa nova era de WRC. As expectativas não podiam estar maiores para este EA SPORTS WRC, mas o resultado final não foi exactamente o que estava à espera.

EA SPORTS WRC faz por abrir essa nova era agarrando num motor de jogo diferente (Frostbite) e faz com que a experiência das equipas se junte à força da licença para criar a derradeira experiência de Rally. A melhor parte de tudo isto, é que funciona, pelo menos no que toca a representar a prova, as licenças e em especial, as pistas que são retiradas das localizações que as provas oficiais visitam.

EA SPORTS WRC tem vários modos para competir. Existe o clássico modo carreira onde construímos e gerimos a nossa equipa, propostas de competição, patrocínios, aparições, etc. O modo recorre à típica passagem de tempo e gestão do mesmo, mas não é o melhor modo a fazer-nos sentir realizados, pois não existe grande pompa sobre os nossos feitos e é fácil continuar apenas pela vontade de continuar a competir. Para expandir este conceito, podemos apenas competir no campeonato e fazer provas sem as preocupações da gestão e afins. Estes campeonatos podem ser jogados no Junior WRC, WRC 2 e WRC que acabam por ser as classes principais, embora existam outras classes representadas com alguns carros clássicos e menos conhecidos, assim como a possibilidade de construir os nosso próprios carros.

O Online é feito através do modo Clubs onde entram para um ou vários e podem realizar as provas para a contagem geral dos pontos. Caso online não seja a vossa coisa, podem gastar tempo no Quick Play onde vão directos ao assunto, Time Trial (um dos meus favoritos) e aprender a dominar o jogo no Rally School.

Vamos falar de um dos problemas mais notórios de EA SPORTS WRC. Quando olhamos para ele como um todo, este projeto faz lembrar os jogos mais recentes de WRC, parecendo no geral mais baço, menos detalhado, com pistas menos ricas em pormenor e até algo desfocado. Se o tiverem a jogar, isto até é menos notório, mas o problema é quando o vamos comparar com a outra verdadeira referência que era até agora a competição, Dirt Rally 2.0.

Quando posto lado a lado com um jogo com mais idade e que corria até na geração anterior, EA SPORTS WRC parece ter sofrido um grande downgrade. Os carros parecem mais baços e com muito menos presença de detritos, lama e neve acumulados. Os danos dos impactos também parecem menos realistas e severos e olhar para a iluminação, detalhe e reflexos dos carros ou pistas é uma diferença demasiado clara para não me deixar confuso. O que se passou aqui? Por muito que as pistas tenham aumentado em dimensão, só existe uma justificação para isto, problemas com o motor de jogo ou pelo facto de a equipa ainda não estar à vontade com ele. Se for esse o caso, não valia esperar mais uns meses para o lançar?

Infelizmente os problemas visuais não se ficam por aqui, pois estes também afectam a condução. Para começar existe bastante corte na imagem (screen tearing) que cria distração e ocasionalmente, o jogo congela por um breve momento que atrapalha a jogabilidade. Este é um problema grave que senti nas minhas sessões de jogo (jogado em PS5) e que não podem acontecer num jogo como estes onde o piscar dos olhos pode ditar uma ida à valeta. Se o primeiro é um problema que acaba por distrair, o segundo já é bem mais grave.

Sem contar com isto, a condução de EA SPORTS WRC é bastante boa e melhor ainda, divertida, pois tenta ir mais na direcção do arcade do que da simulação (embora possam tentar puxar por isso nos menus). Os carros respondem de forma realista e com muito mais diferença entre classes e pisos. No entanto não percebo como em alguns casos (especialmente na prova principal), é mais fácil perder o controlo do carro ao acelerar a boa velocidade depois de uma curva sem meter o pé a fundo, isto faz ainda mais confusão quando acontece tanto em gelo, como em alcatrão, o que não faz muito sentido.

Para aproveitar melhor a jogabilidade e perceber qual a direcção da Codemasters para este jogo em termos de jogabilidade, podem mudar a dificuldade e treinar, mas aconselho que comecem pelas classes mais baixas e lentas que são a melhor porta de entrada para começar a dominiar as diferenças entre carros e tipos de pista.

Outro ponto bastante positivo e algo que já não sentia há muito tempo em jogos da EA é a qualidade da banda sonora. A equipa que a escolheu percebeu exactamente o público que jogará estes jogos e então escolheu uma boa série de músicas mais suaves de dança, house, synthwave e lounge para preencher a banda sonora nos menus. Não estamos a falar apenas de nomes menos conhecidos, pois podem encontrar artistas famosos como Royksopp, M83 ou Four Tet. Já não me sentia tão ligado a uma playlist da EA desde os tempos de Burnout Paradise.

Entretanto existem outras coisas mais pequenas que não percebo o motivo de cá estarem. Por que motivo a EA precisa de me perguntar se quero receber novidades ou iniciar a minha conta em vários menus? Era mesmo preciso espetar aqui um Rallypass? Aliás, a possibilidade de personalizar o nosso avatar é tão básica a nível físico que meter luvas ou capacetes novos é o mais próximo que temos de ter mais controlo sobre estes.

Com isto tudo pode parecer que não gostei de EA SPORTS WRC, mas a verdade é que temos aqui um bom jogo de Rally. Mas existem aqui muitos problemas para limar com updates e o esqueleto de uma série que espero vir a ser muito maior e melhor. Não foram apenas os problemas e o downgrade visual que prejudicaram EA SPORTS WRC nesta análise, foi expectativa (especialmente as minhas) de algo grandioso que devia ter sido e que vamos ter de acreditar que poderá ser para o próximo ano.

Positivo:

  • Boa utilização da licença
  • Modo para conduzir em momentos icónicos
  • Jogabilidade divertida
  • Excelente banda sonora
  • Pistas mais longas e entusiasmantes

Negativo:

  • Visualmente pior que um jogo mais antigo
  • Problemas com freezes durante a condução
  • Carros sofrem de reacções estranhas em pisos onde não deviam ter
  • Intrusão de “coisas à EA

Daniel Silvestre
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