É impossível esconder a minha paixão por Nier, este é sem dúvida um dos grandes exemplos de como as aparências iludem e que por debaixo de uma camada estranha, existe algo que vai além do que podemos imaginar à primeira vista.
Apesar de ter jogado Nier, nunca joguei os jogos originais de Drakengard, não por falta de vontade, mas porque são dois RPG que nunca adicionei à colecção. Adorados por uns, odiado por outros, a saga resultou em Drakengard 3, uma história de origem que segue os pergaminhos à sua maneira.
Em Drakengard 3 jogam como Zero, uma de seis irmãs de uma linhagem de feiticeiras que salvaram o mundo do caos e da guerra. Pelos seus motivos pessoais, Zero tem como único objectivo matar as suas irmãs a todo o custo. Esta jornada homicida vai revelar uma série de personagens psicóticas, distorcidas e motivos mais obscuros do que se podia imaginar.
Nier pode ser um jogo estranho e carregado de situações pesadas, mas Drakengard 3 consegue ser doentio com o humor e despreocupação como aborda determinados temas e os conceitos de morte. Curiosamente, o equilíbrio é bem encontrado, embora ocasionalmente faça com que até os jogos de Suda 51 sejam coisas para crianças.
Uma coisa é certa, seja por adorar ou odiar as suas personagens, ninguém vai ficar indiferente a este leque de seres corrompidos e distorcidos. O caso de Zero é o mais gritante, pois tão depressa a adorava, como a seguir só me apetecia dar-lhe um par de tabefes.
Já no que toca à jogabilidade, Drakengard 3 mistura vários estilos num só. Na sua maioria, é um jogo de acção Hack and Slash que faz lembrar jogos como Dynasty Warriors e Devil May Cry, enquanto engloba um sistema de evolução e progresso similar a um RPG. Pelo caminho, existem ainda alguns segmentos de acção aérea onde Zero usa o seu dragão Mikahil para lutar.
Embora seja algo repetitivo no que toca a combate no solo, Drakengard 3 faz valer a sua variedade de armas e golpes para romper com a monotonia. Cada novo lacaio introduz um tipo de arma e existem mais destas para comprar com os pontos de experiência ganhos.
Os cenários são bastante similares aos de Dynasty Warriors, embora englobem mais elementos de exploração e plataformas. Infelizmente este elemento é um dos menos conseguidos do jogo, pois cada vez que surge uma zona de plataformas mais elaborada, o jogo parece sofrer de ligeiras quebras que me atiravam directamente para o precipício. Outro elemento menos conseguido é a repetição de inimigos que surgem de forma quase regular, ao ponto da própria Zero fazer piadas sobre isso.
Os momentos montados em Mikahil também conseguem ser bastante divertidos, misturando elementos de acção on-rails ao estilo Ikaruga, com combate mais lento e pesado. Estes momentos podem sofrer de um ou outro problema de câmara, mas são bem mais intuitivos do que podiam parecer à primeira vista.
Sendo um jogo de acção Hack and Slash, Drakengard 3 incentiva ao combate certeiro e eficaz. É preciso aprender qual é a melhor arma para cada situação e usar os seus pontos fortes para criar o maior número de combos. Quanto melhor for o vosso estilo de combate e capacidade de limpar os inimigos sem sofrer danos, mais depressa acumulam um medidor de especial que transforma Zero numa autêntica maquina assassina durante alguns segundos.
A história de Drakengard 3 ainda demora algumas horas a concluir, mas não está completa sem que vejam todos os finais alternativos. Para alguém que não esteja habituado à série, o final “normal” pode ser algo desapontante, mas a história é sempre mais vasta do que parece. Pelo caminho vão desbloqueando missões que servem para treinar e ganhar mais items ou armas.
Graficamente, Drakengard 3 parece bastante datado, mas em grande parte, a direcção artística, ambiente e personagens complementam de forma aceitável os cenários mais vazios, inimigos clonados e texturas menos conseguidas que abundam em determinadas zonas.
A apresentação no global é muito própria e as personagens são bastante fortes, mesmo que a versão inglesa das vozes as faça parecer mais artificiais do que realmente são. A banda sonora é fantástica, mas infelizmente não está ao nível da epicidade de Nier.
Drakengard 3 é um jogo difícil de recomendar, afinal é um jogo de culto, feito a pensar numa legião de fãs muito específica. Para tirar maior proveito do jogo, precisam mesmo de o jogar com uma atitude positiva e mente aberta.
Pode não ser o melhor jogo do ano, nem ser um dos melhores jogos do seu género, mas é para já um dos meus jogos pessoais deste ano. Como crítico, tenho de lhe dar um Bom, mas como fã, acreditem que a nota seria mais elevada.
Positivo:
- Ambiente
- Personagens marcantes
- Combinação de armas
- Muitas missões secundárias
- Zero consegue ser encantadora apesar de tudo
Negativo:
- Gráficos datados
- Secções de plataformas
- Repetitivo
- Problemas de câmara
- Porque razão temos de pagar pelas vozes japonesas?
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