Análise – Descarrilada/ Trainwreck

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Vamos imaginar que esta análise a Trainwreck é uma partida de futebol. Pois bem, vão assistir a uma entra a pés juntos digna de cartão vermelho, e logo no primeiro minuto: Trainwreck é a versão deliberadamente cómica das 50 Sombras de Grey. Não fiquem já indignados, aqui vão os argumentos que alimentam esta teoria.

Em primeiro lugar, temos de entender o fenómeno Amy Schumer. Para quem não sabe, Amy Schumer é uma estrela emergente no panorama norte-americano, em parte devido aos conteúdos produzidos para a Comedy Central, mais concretamente, com o programa Inside Amy Schumer  (sketchs cómicos altamente inspirados em sexo e na Mulher). O trabalho e a temática desenvolvida por Amy Schumer tornaram a comediante numa figura da cultura pop moderna, e um ícone da emancipação feminina nas questões da liberdade sexual.

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Trainwreck narra a história de Amy (interpretada por Amy Schumer), uma mulher nos trinta que trabalha como jornalista, com especial atenção para os artigos relacionados com, claro está, sexo. Devido ao trabalho, Amy conhece Aaron (interpretado por Bill Hader), um médico-cirurgião bem-sucedido na recuperação de atletas de alta competição, com o qual vai viver um romance que desconstrói as relações amorosas clássicas.

O elenco de Trainwreck conta com caras bem conhecidas de Inside Amy Schumer, nomeadamente, Colin Quinn, Ryan Farrell, Dan Soder e Randall Park, bem como algumas participações especiais, estamos a falar de John Cena (inesperada noção de tempo cómico), Vanessa Bayer, Tilda Swinton, LeBron James, Daniel Radcliffe Marisa Tomei.

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A realização de Trainwreck ficou à responsabilidade de Judd Apatow (Virgem aos 40 e This is 40!), provavelmente um dos melhores realizadores contemporâneos na arte de reproduzir visualmente uma comédia mais verbalizada e menos física. Judd Apatow coloca em prática uma realização ao estilo televisivo, com enquadramentos abertos e com poucos movimentos de camera.

Do ponto de vista técnico, Trainwreck é estéril, ou seja, sem nenhuma componente extraordinária. A única referência digna de registo passa pela iluminação. Tradicionalmente a direcção de fotografia numa comédia passa pelas cores quentes, mas em Descarrilada as tonalidades são mais frias (escolha interessante).

NEW YORK, NY - JULY 16:  Amy Schumer and Bill Hader are seen filming "Trainwreck" in East Village on July 16, 2014 in New York City.  (Photo by Alessio Botticelli/GC Images)

Porquê da associação a 50 Sombras de Grey? As histórias unem vários elementos: ambas são histórias de amor nas quais os protagonistas são sujeitos a um processo de transformação e habituação ao estilo de vida da cara-metade, contudo, subvertem o estilo clássico, sobretudo nos arquétipos da razão e da emoção.

Do ponto de vista da dinâmica da narrativa, Trainwreck esta ao estilo de Inside Amy Schumer, com a temática a assentar no sexo, mantendo o estilo desgarrado e desconcentrado, com vários momentos separados da intriga principal. O resultado final, embora a história seja pincelada com alguma emotividade, pedagogia e humor, fica por surgir aquele momento memorável ou a barrigada de riso que se esperava num filme deste género. É uma experiência morna.

 

Positivo

  • Amy Schumer quer, pode e manda
  • Cameos de John Cena, Tilda Swinton e LeBron James
  • Filme pedagógico sobre relações modernas
  • Visão crua do gênero feminino

 

Negativo

  • Bill Hader não resulta enquanto par romântico
  • História desgarrada
  • O humor não é de ir às lágrimas

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