- Plataformas: PlayStation 4, PC
- Versão de Análise: PlayStation 4
- Informação Adicional: Imagens retiradas durante as sessões de jogo.
Com a Compile Heart a entrar na sua era onde ganhou gosto em explorar temas negros ao invés do “moe” que os seus outros jogos apresentam habitualmente, após Mary Skelter: Nightmares a atenção dos fãs recaiu em Death end re;Quest, um RPG híbrido com visual novel que prometia múltiplos finais tal como é possível encontrar em visual novels e também um tema negro.
Death end re;Quest parece prometer muito mas na realidade parte do que promete apenas fica por meio caminho ao invés de se explorado a fundo. No entanto continua a apresentar um sistema de combate e maneira de contar a história interessantes.
A história tem lugar sobre duas perspectivas, a de Arata, que é apresentada num formato de visual novel e tem lugar no mundo real onde estranhos eventos começam a acontecer, com a culpa a recair sobre a companhia Enigma onde Arata trabalha, causando com que o mesmo e os seus colegas sejam perseguidos por um grupo que não tem problemas em tirar vidas. Por outro lado, Shina, uma das colegas de Arata que desapareceu há mais de um ano, acorda dentro de um jogo que a sua companhia estava a desenvolver antes do seu desaparecimento sem recordação do que aconteceu, e a única maneira de escapar é a de chegar ao fim do mesmo.
Começando pelo lado de Arata, esta parte do jogo adapta a 100% o formato de visual novel, reflectindo os acontecimentos que estão a acontecer no mundo real e que aparentemente estão relacionados com o jogo onde Shina está presa. Nestas secções não existe realmente muito a fazer a não ser ler o texto que é mandatário para poder progredir no outro lado com Shina.
Virando-me para Shina, esta secção já funciona como um JRPG normal onde o texto continua a ser oferecido em formato visual novel. Os combates são feitos por turno numa arena onde o jogador pode mover as personagens à vontade, a diferença de outros jogos do género é que estas arenas estão recheadas de “bugs” que adaptam a forma de círculos no campo.
Estes bugs possuem múltiplas qualidades, sendo na sua maioria maléficos para com o jogador e às vezes amistosos, tendo diferentes efeitos como retirar vida, aumentar a corrupção das personagens, recuperar mp e mais. Normalmente o jogador deve evitar estes locais pois o dano causado ainda é grande, mas caso queira aumentar a corrupção das personagens e recuperar MP até que é uma boa ideia fazer uso destes locais como estratégia.
Para eliminar os bugs da arena de batalha tem três hipóteses; passar pelos mesmos, o que irá afectar a vossa personagem, utilizar uma habilidade para limpar o campo ou então fazer uso da função knockback e mandar os monstros adversários contra os mesmos. Knockback acontece quando o jogador faz um combo com os ataques de uma personagem, mandando os adversário para o outro lado do campo, limpando assim a arena de bugs, e ao mesmo tempo estes monstros podem bater em outros monstros e ir até contra as outras personagens que os irão mandar de volta para outro canto, fazendo assim ainda mais dano.
Durante os combates Arata irá funcionar como suporte a partir do momento em que a arena de combate esteja com menos de 50% de bugs presentes. Arata pode utilizar três mecânicas diferentes para interferir em combate, uma delas sendo basicamente suporte sob o nome de “Code Jack“, podendo alterar o estado do campo e oferecer buffs às personagens. A segunda função, “Summon” é a de invocar monstros, nomeadamente os bosses que o jogador derrota durante a sua aventura.
Estes monstros quando invocados apenas tem duas funções, ataque físico ou ataque mágico, e à medida que o tempo vai passando com eles em campo a arena volta a encher-se de bugs, e quando chegar novamente a 100% o summons é desfeito. A terceira e última opção é “Install Genre” onde uma espécie de minijogo tem lugar dependendo da vossa escolha onde por breves momentos o combate muda de género.
Infelizmente não é tão interessante quanto soa; sendo coisas bastante básicas e até o Instal Genre de luta apenas coloca o combate numa câmara lateral onde o jogador tem três ataques, sem realmente realçar aquilo que faz um jogo de luta ser popular. É pena pois a ideia de mudar o género de combate de um momento para o outro é bastante interessante e feito com mais atenção poderia tornar-se numa mecânica muito mais popular e a realçar.
Uma aproximação estranha que o jogo fez aos combates é a maneira em como é possível adquirir novas habilidades. Ao aumentar de nível o jogador não recebe novas habilidades para as suas personagens, sendo antes necessário utilizar as mesmas em combinações durante o combate. Por exemplo uma combinação de três “Metis” irá resultar em “Metic”, uma forma avançada dessa habilidade, e três “Metics” irão resultar numa outra habilidade e por aí fora.
Nem todas as habilidades são descobertas desta forma, sendo que outras necessitam a combinação de múltiplas habilidades para poderem ser adquiridas. Como se isso não bastasse existe uma percentagem de a personagem em questão adquirir essa habilidade, por isso mesmo que utilizem três Metis isso não quer dizer que irão obter Metialc na vossa primeira tentativa. Já joguei jogos onde era necessário usar habilidades um número de vezes para desbloquear outras, mas fazer com que as mesmas sejam adquiridas por sorte e num número enorme de combinações não é a melhor ideia que a produtora podia ter arranjado.
Como este não podia deixar de ser num jogo da Compile Heart, as personagens contam com transformações. Quando o nível de corrupção chega a 80% as personagens vão entrar no Glitch Mode onde tanto o ataque como defesa irão aumentar e uma habilidade extra estará disponível. Se a corrupção descer de 80% a personagem irá regressar ao normal, por outro lado se chegar a 100% então a personagem ficará inactiva.
O jogo preza-se em ter múltiplos maus finais mas a sua maioria apenas conta com duas ou três linhas de texto que não deixam nenhuma boa impressão. Já os finais que decidem apresentar mais um pouco, incluindo CGs, acabam por ser melhores, mas mesmo assim não tem muito para oferecer. A maioria destes finais aparece em decisões durante os momentos de história e se o jogador não tiver sorte pode acabar por perder grande parte do progresso que fez caso não tenha guardado o jogo recentemente. Felizmente durante os momentos de história é possível guardar a qualquer momento.
Quanto à história em si, Death end re;Quest não faz tanto uso das conversas aleatórias que não levam a lado nenhum que os típicos jogos da Compile Heart utilizam, algo que tem imenso a seu favor pois a produtora costuma abusar imenso disso. As secções de Shina tem o seu alto e baixo e a certa altura acabam por utilizar o mesmo padrão que rapidamente torna-se aborrecido. Já o lado de Arata começa lento mas a pouco e pouco fica ainda mais interessante devido à sua ligação com o lado de Shina e do que está a acontecer por detrás de todo este mistério.
Em termos de performance, o jogo por vezes demora um pouco a carregar alguns eventos durante conversas e os ecrãs de loading demoram um pouco mais do que o que deviam. O cenário não é muito inspirador, podendo usar melhores referências, enquanto que as personagens tem bons designs e bastante diferentes do habitual que a companhia faz. Quanto à banda sonora existe os seus momentos mas na sua maioria poderia oferecer uma melhor selecção.
Num todo Death end re;Quest tenta fazer algo diferente e apostar mais ainda no tema negro que a companhia decidiu seguir, mas metade das suas inovações não são exploradas a fundo e o tema do jogo nem sempre funciona ou é usado como devia. A sua jogabilidade tenta algo original mas não tem o impacto suficiente para destacar-se de outros jogos, tendo que investir mais neste aspecto.
Death end re;Quest tenta explorar algo novo não só em termos de tema como jogabilidade, e apesar de não o fazer a fundo e de uma maneira que o torne num jogo recomendado a todos, chega a criar algo interessante naquilo que surpreendentemente até é uma aventura curta tendo em conta a infame maneira em como a sua produtora gosta de alongar os seus jogos com material desnecessário.
Positivo:
- História interessante
Negativo:
- Install Genre podia ser melhor
- “Bad Ends” são desapontantes
- Maneira estranha de adquirir novas habilidades
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