A era dos Showcases e Directs medianos

Se já jogam videojogos ainda a internet era uma novidade, então sabem que existiam todos os anos determinados pontos altos em relação à chuva de informação.

Sou do tempo em que a malta de revistas como a Multi Consolas, BGamer e afins, eram quem nos trazia as grandes novidades sobre as maiores conferências de videojogos e o Verão era sempre a altura em que tínhamos acesso aos grandes destaques da E3.

Mesmo com a dominância da Internet e da possibilidade de ver as conferências em tempo real, durante muitos anos ainda tivemos acesso a várias E3 e Gamescom onde eram preparadas grandes novidades e alguns leaks eram descobertos mais cedo e confirmados durante uma das apresentações.

Eram anos em que a Microsoft, Nintendo e Sony tinham as suas grandes apresentações e os estúdios independentes também acabavam por ter o seu espaço para brilhar em apresentações mais pequenas.

Desde que a importância da E3 começou a diminuir e em especial com a aparição da Pandemia actual, parece que tudo e todos estão a migrar cada vez mais para as apresentações digitais mais ou menos regulares, com mais ou menos conteúdo.

O problema destas apresentações foi a forma como estas começaram a ficar cada vez mais banalizadas e bastante longe do que eram as verdadeiras apresentações, com verdadeiras novidades e momentos de verdadeiro “hype” (nem sempre justificado, mas igualmente empolgante).

As apresentações de antigamente estavam cheias de jogos novos, as novidades sobre algo revelado anteriormente eram verdadeiramente únicas e eram mantidos segredos a sério. Aliás, o que é feito da maioria dos grandes momentos finais do “temos mais uma surpresa”?

Vejam o recente Nintendo Direct e o Playstation Showcase. Cada um deles estava carregado de jogos que toda a gente já viu dezenas de vezes e são mais do que conhecidos. Cada um deles teve três ou quatro segredos anunciados e os leaks não foram verdadeiramente nada de especial.

Se formos comparar estas apresentações com outras dadas durante as E3 entre os 2005/2015, é gritante a diferença em termos de novos anúncios e segredos bem guardados que eram apresentados. Quem não se lembra do famoso ano de lançamento da PS4 e Xbox One onde foram atiradas farpas e exclusivos de um lado para o outro da barricada. Ou o ano em que a Sony apresentou na mesma conferência Final Fantasy VII Remake, Shenmue 3 e que The Last Guardian estava vivo? Ou quando a Nintendo revelou The Legend of Zelda: Twillight Princess com Miyamoto a surgir em palco com a Master Sword e o escudo? Ou a apresentação da Nintendo 3DS que nos deixou a todos malucos por uma consola que acabou por ter de lutar por uma merecida vitória?

Esses tempos de apresentações a sério parecem cada vez mais distantes e com a pequena excepção de tempos a tempos, parece que cada companhia cria hoje em dia cada apresentação mais como uma montra de jogos que todos já conhecem e um par de novidades, do que um momento de apresentação verdadeiramente empolgante para os que jogom videojogos e quem investe neles.

Cada apresentação que é anunciada, é mais um momento de “hype” atirado para o vazio que nos responde na maioria dos casos com algo sempre abaixo das expectativas, ou no caso das apresentações mais recentes, algo bastante mediano.

Claro que a Sony teve novidades e jogos novos e a Nintendo fez o mesmo no seu Nintendo Direct mais recente. No entanto, parece que cada vez mais as apresentações multiplicam-se e precisam de ser prenchidas de conteúdo, por isso, há sempre espaço para encher de conteúdo que todos já conhecem e arranjar dois ou três momentos altos.

Estes são os eventos a que fomos habituados, mas que estamos sempre há espera, pois o ser humano não sabe controlar as suas expectativas e está sempre há procura de mais e mais para encher as medidas. A verdade é que habituámos as empresas a ter de nos dar cada vez mais e chegámos a uma altura em que vamos ficar insatisfeitos por muito que nos apresentem. Ambas as partes são culpadas nesta situação e a cada apresentação que passa, vai ser cada vez mais difícil satisfazer toda a gente.

Daniel Silvestre
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