Análise – Yakuza 0

Yakuza 0 é a prequela ao primeiro jogo de Yakuza e dá-nos a conhecer os eventos que antecedem o mesmo através de duas personagens. Por um lado temos Kazuma Kiryu numa cidade na região de Kantō, por outro temos Goro Majima na região de Kansai. O enredo vai nos sendo apresentado alternando entre personagens. Kiryu tem uma história que começa com os simples problemas de um Yakuza e que desenvolvem rapidamente para uma história de traição, por outro lado Majima é o responsável por um cabaret e o resto deixo ao critério da vossa imaginação.

A história decorre na década de 80, um período em que o povo japonês gozava de um grande poder de compra. Este facto é o que move grande parte da história, tudo em Yakuza 0 está directamente ou indirectamente ligado ao poder de compra, desde o elevado valor de espaços de construção e edifícios até ao próprio consumismo e adaptação do comércio para chamar mais clientes. As cidades em que o jogo se passa têm ruas repletas de luzes e cartazes que gritam “vem aqui comprar”.

Apesar de ter um aspecto geral bastante bom é um jogo que não parece saído da actual geração mas sim um híbrido entre a geração passada e esta. As cidades são bastante apelativas mas continuam a usar truques baratos para parecerem mais vivas, existem tempos de espera sempre que entramos ou saímos de edifícios e a área de exploração é bastante limitada, a cidade parece uma aldeia cheia de gente. Felizmente no que toca a exploração esta é longe de aborrecida uma vez que existem eventos únicos que são activados em certos locais e que funcionam como histórias extra, existem também items para coleccionar sob a forma de “lindos” cartões com moças estampadas e ainda existem imensas actividades extra.

Ou seja temos aqui um jogo que apesar de ter uma área de exploração diminuta tem muito para fazer e eu até prefiro assim, pois se a alternativa passava por desertos, assim sempre fixamos melhor os caminhos e raramente nos aborrecemos. Algo também inerente à exploração em Yakuza 0 são os combates, vai se lá saber porquê existem imensos grupos de pessoas prontas a chegarem-nos a roupa ao pelo só porque sim, o que eles não sabem é que somos nós que lhes chegamos a roupa ao pelo em menos de nada.

O combate decorre recorrendo a diferentes poses ou estilos e cada estilo contém os seus próprios combos assim como fraquezas e forças, podem ter um estilo de combate muito rápido mas sem causar muito dano que é útil para certos tipos de inimigos ou um estilo em que somos facilmente comparados a um rinoceronte mas facilmente somos atacados. Normalmente os inimigos apresentam-se sempre em grupo de 4 ou mais e antes e depois de cada batalha existe uma espécie de loading, ou seja não é algo instantâneo. Existe um tipo de inimigo que é especialmente chato, os Mr. Shakedowns, estes brutamontes com cérebro de galinha só querem uma coisa, o vosso dinheiro, que por acaso também serve como pontos de experiência. Se encontrarem um destes idiotas o meu conselho é que fujam até terem evoluído algumas habilidades ou que tenham uma paciência de santo pois assim que perderem perdem todo o vosso dinheiro, felizmente podem tentar recuperá-lo se voltarem a ver esse mesmo tipo mais tarde.

Ainda dentro da exploração e actividades extra, existem as habituais arcadas da SEGA que contam com jogos como Space Harrier e máquinas de prémios se os conseguirem resgatar com uma garra. Outra diversão passa pelo Karaoke, o que é feito através de um jogo de ritmo, um mini-jogo de dança e até a visualização de vídeos atrevidos. Finalmente temos também corridas de carrinhos, sim, existe um mercado negro dedicado a estes passatempo com pilhas mais fortes, rodas que deslizam outras que agarram melhor ás pistas, enfim existe de tudo e é um passatempo engraçado se se quiserem dedicar ao mesmo.

Como já referi o vosso dinheiro serve não só para comprar items mas também para comprar habilidades, como um todo é um sistema que funciona bastante bem. Tal como em jogos anteriores também têm um espaço de inventário bastante reduzido mas podem facilmente trocar items em qualquer cabine telefónica que também serve para guardar o jogo o que nos leva a mais um momento arcaico em que só falta perguntar se temos um memory card.

Quanto à história em si, este é o ponto que vos irá manter agarrados do inicio ao fim do jogo, o que faz deste um jogo que não é para todos. Yakuza 0 é um jogo tipicamente japonês e como tal existem aqui barreiras para com alguns jogadores e apenas os jogadores que as conseguirem superar é que realmente conseguirão apreciar Yakuza 0. Para começar existem cinemáticas com mais de 15 minutos num registo quase constante, as personagens estão todas bem trabalhadas e acaba por ser fácil aproximarmos-nos destas. O jogo também dá por adquirido o nosso conhecimento sobre a cultura japonesa pelo que não esperem uma explicação para praticamente nada. O Aúdio é em japonês e eu não tenho anda contra pois está muito bem colocado.

Ainda assim tenho que referir que por vezes o jogo abusa da nossa boa vontade e existem momentos que se arrastam por demasiado tempo com objectivos quase ridículos. Por exemplo o 2º capítulo do jogo torna-se bastante aborrecido pois o jogo obriga-nos a explorar a cidade até ao tutano, percebo a ideia de nos fazer explorar a cidade mas não deixa de ser feito de uma forma aborrecida.

O aspecto das personagens sobressai claramente contra os cenários que apesar de variados são poucos os que receberam um tratamento soberbo. Em suma Yakuza 0 é um jogo que só agradará realmente aos que já são fãs da série ou a entusiastas da cultura japonesa pois só essas pessoas conseguirão retirar daqui o devido proveito. No entanto como este se trata de uma prequela é também um bom ponto de início pelo que reforço a ideia de darem uma hipótese a esta série se gostarem deste tipo de jogos.

Como um todo penso que Yakuza 0 se apresenta tal como foi pedido pelos fãs, pois não podemos deixar de nos relembrar que este só chegou até nós graças aos pedidos dos mesmos, para mim é um jogo que não desilude, da história mais séria aos momentos mais parvos este é um jogo que vale bem a pena o tempo investido.

 

Positivo

  • Extremamente divertido
  • História bastante boa
  • Missões Secundárias
  • Combate bastante viciante e incentiva a variar
  • Cidades cheias de vida e carisma
  • Montes de mini-jogos e distrações competentes

Negativo

  • Alguns momentos arrastam-se
  • Para cidades tão pequenas não há razão para alguns detalhes mais fracos

Alexandre Barbosa
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