Análise – Thief

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Depois de alguns lançamentos que são vistos por muitos como alguns dos melhores jogos do seu género, Thief está de regresso, desta vez sobre o controlo da Square-Enix e mãos da Eidos Montreal, mais precisamente da equipa que fez Deus Ex: Human Revolution.

Apesar de já ter jogado séries acção furtiva como Metal Gear Solid, confesso que nunca joguei nenhum dos jogos de Thief, por isso, começar com um Reboot não seria propriamente mau, afinal, esta é a altura ideal para visitar este universo e perceber onde param as modas.

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Thief é um jogo de acção e plataformas na primeira pessoa com uma forte utilização de acção furtiva, afinal, aqui jogam como Garrett, um ladrão mestre que prefere agir pelas sombras em vez de actuar debaixo a luz do holofote.

Isso é o que Thief mostra, mas não é aquilo que espera que façam, pois a forma como abordam a campanha pode ser decidida inteiramente por vocês, seja a roubar silenciosamente, “limpar” os inimigos pela calada ou lutar contra toda a gente frente a frente.

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Apesar de todas as opções serem válidas e levarem ao mesmo objectivo, Thief tenta sempre incentivar a agir de forma furtiva. Entrar em combate directo é arriscado, especialmente contra mais que um inimigo e isso faz com que se sintam imediatamente oprimidos. Combater frente a frente não é fácil e essa não é a vocação de Garrett, mas quando acontece, não funciona propriamente mal, mas nunca senti que é a melhor escolha

O primeiro entrave de Thief é a sua própria jogabilidade, pois a Eidos Montreal gosta sempre de apetrechar os comandos de coisas que podem fazer. A início, aprender tudo o que podem fazer leva o seu tempo e alguns botões acabam por realizar coisas que estamos habituados a ver posicionadas em outros botões. O curioso é que o mapeamento escolhido é o melhor para este jogo, mas parece estranho e complicado a início, o que pode assustar alguns jogadores.

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Entre as funções banais dos comandos, a Eidos Montreal introduziu algumas ferramentas que ajudam a explorar melhor mundo de jogo. A primeira é a possiblidade de andar agachado e a segunda o “Swoop”, uma corrida em frente silenciosa por uma pequena distância. Usar este movimento é uma experiência e tanto, o qual faz com que a furtividade pareça ainda mais recompensadora e a jogabilidade mais digna do nome do jogo.

Tal como a maioria dos jogos em primeira pessoa que não FPS, a interacção da personagem com o cenário podia ser bastante mais precisa. Thief permite que subam para os telhados, escalem por paredes, abram portas, janelas, gavetas e tudo mais. A interação com os objectos é bastante sólida, mas é na movimentação no cenário que se notam alguns problemas. Em algumas zonas onde podem escalar ou descer não respondem de forma precisa, e a diferença entre uns centímetros de altura de uma plataforma pode ditar que tenham de carregar num botão em vez de mover o analógico apenas, o que estraga a fluidez por completo, especialmente quando são perseguidos e os inimigos dão mais dano quando nos apanham pelas costas.

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Após ver alguns trailers de Thief, pensei que ia ter acesso a um mapa para poder explorar a meu bel-prazer, mas acabei por ficar um bocado decepcionado. O mundo de Thief não é tão amplo quanto isso e as zonas que podem explorar estão divididas entre distritos. Mudar de distrito significa que vão ter de ver uma barra de loading, o que estraga a imersão por completo. Além do mais, a cidade parece bastante vazia de conteúdo para encontrar e fazer, algo que consegue colmatar de certa forma com as missões alternativas que até nem são assim tantas quanto isso, mas representam alguns dos melhores momentos do jogo (algumas mais séries, outras mais viradas para a comédia).

Felizmente gostei mais das missões de história do que estava à espera. As primeiras impressões apontavam para personagens desinteressantes e uma história irrelevante, mas até gostei bastante de jogar a campanha de Thief. É verdade que algumas zonas são extremamente cliché para o estilo e tema negro do jogo (morgue, casa abandonada, etc.), assim como os inimigos que lá existem, mas foi criada uma linha orientadora geral para este mundo que encaixa bem e faz com que as zonas e as personagens que lá vivem pareçam credíveis.

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A história mistura elementos políticos e sobrenaturais sem parecer demasiado ridícula. Quando o jogo quer ser negro ou pesado consegue passar essa mensagem, e até chega ao ponto de nos fazer sentir que certas acções são realmente necessárias e que os fins justificam os meios. Embora claro, não existam opções para realizar decisões.

Algo que Thief engloba e me satisfez bastante é o seu sistema de evolução ao estilo de um RPG. Quanto mais objectos valiosos recolhem, mais dinheiro ganham, e com ele podem melhorar as armas e habilidades de Garrett. A dada altura ganham também uma habilidade de Focus que permite ver pontos de interesse a azul no cenário ou realizar certas habilidades com maior precisão. Esta habilidade também pode ser melhorada com certos pontos que permitem personalizar ainda mais a vossa abordagem.

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Voltando a todos os coleccionáveis que surgem pelos cenários. É certo que existem muitas coisas espalhadas por cada missão e na cidade e muitas delas não são de muito valor, mas ao contrário de muitas críticas, eu fico bastante agradado que possa encontrar coisas escondidas em quase cada sala e corredor, mesmo que seja uma moeda, pois sem estes, Thief ia parecer um jogo muito vazio e iria ser igualmente alvo de críticas por esse mesmo motivo.

Além do modo campanha, Thief engloba ainda um modo extra de desafios onde precisam de provar que são os melhores ladrões. Este modo testa a vossa perícia e velocidade, enviando os melhores resultados para os rankings online. É um extra engraçado e que vai interessar a quem queira aproveitar Thief ao máximo, mas o melhor extra não é esse.

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Para mim a melhor adicção é o modo de personalização de dificuldade. Cada campanha que jogam pode ser personalizada de todas as formas e feitios para criar a vossa experiência preferida. Preferem que os guardas sejam mais difíceis de enganar? Querem perder mal sejam detectados? Preferem jogar sem um indicador de furtividade para quando estão escondidos nas sombras? Existem aqui dezenas de opções que mudam o jogo de forma drástica e que é divertido de explorar.

A versão que joguei foi a de PS4 e tenho a dizer que gostei do que vi, Thief não é aquilo a que podemos chamar de um jogo bonito, mas consegue ser impressionante dentro do seu universo negro, cinzento e opressivo. As personagens e zonas mais importantes mostram um bom detalhe, mas outras podiam estar bem melhores e menos básicas. É o mesmo que estar a jogar um jogo onde o que é mais importante parece desta geração e o que não é, foi tratado de forma mais desleixada. Mesmo assim, deixo ainda uma nota positiva para a iluminação, sombras e efeitos climatéricos.

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A componente sonora a meu ver podia estar mais forte. A banda sonora não tem momentos realmente memoráveis ou épicos e as vozes andam entre o ideal e o razoável. Muitos sons são repetidos vezes sem conta, assim como certos diálogos, especialmente de NPC‘s que usam as vozes mais banais possível.

Depois de todo o alvoroço que tinha sido criado em redor de Thief, eu tinha de experimentar e ver por mim próprio se realmente este jogo estaria tão mau como alguns diziam. Posso dizer que está longe de ser um mau jogo, aliás, até gostei bastante do tempo que passei no papel de Garrett. Não está próximo de ser um candidato a jogo ano, mas está igualmente longe de ser mau e sei que muitos vão gostar de o jogar. Mesmo que não o consiga recomendar, posso dizer que está bem mais próximo do Muito Bom do que do Razoável.

Positivo:

  • Ambiente opressivo
  • Cenários com vários caminhos
  • Abordagem a cada missão é uma decisão do jogador
  • Habilidade “swoop”
  • Sistema vasto para escolha de dificuldade

Negativo:

  • Fluidez comprometida por momentos de jogabilidade
  • Algumas personagens menos interessantes
  • Componente sonora falha em criar impacto
  • Algumas falas fora de sincronia
  • “Mapa aberto” decepcionante

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Daniel Silvestre
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