Antes de passarmos para a análise, uma reflexão sobre as dobragens. Não haja quaisquer dúvidas, as dobragens são uma mais-valia, além de gerarem receita e postos de trabalho, permitem que os filmes cheguem ao público mais jovem/sénior, oferecendo perspectivas diferentes, e, com alguma liberdade criativa, sensações novas. Se no “drama” o impacto da dobragem não é significativo (Frozen e Rei Leão), nos filmes cómicos o caso muda de figura. Não será linear, A Idade do Gelo na versão portuguesa é mais rica do que a versão original (concordam comigo?), e a versão de Shrek em português é tão divertida como a original (recomendo as duas versões enquanto experiencias diferentes), mas no caso de The LEGO Movie, o cenário muda de figura.
Tudo estaria bem se as distribuidoras nacionais oferecessem a versão original e a versão dobrada (provavelmente veria as duas), mas sabe sempre a injustiça pagar por um bilhete e não apreciar o trabalho de Will Ferrell e Chris Pratt, como era previsto.
O Filme Lego narra a história de Emmet Brickowoski, mais um rosto na multidão, numa sociedade organizada, em que todos os elementos desempenham uma pequena tarefa em prol da harmonia e estabilidade (sentem a crítica política?). Devido a um acidente, Emmet encontra uma peça diferente, que irá alterar para sempre o universo onde está inserido. Ou seja, The Matrix foi tomar chá com Alice no País das Maravilhas e decidiram brincar com LEGO.
O elenco vocal original é uma autêntica chuva de estrelas (Will Arnett, Elizabeth Banks, Anthony Daniels, Will Forte, Dave Franco, Morgan Freeman, Jonah Hill, Shaquille O’Neal, Cobie Smulders e Channing Tatum), que, segundo o trailer, parecem estar muito bem. A versão portuguesa conta com alguns actores conhecidos da televisão nacional, nomeadamente: Jorge Corrula, Vera Kolodzig, Marco Delgado, Fernando Luis, João Lagarto e João Cabral. Como é apanágio das dobragens portuguesas, é um trabalho competente – com uma tradução criativa aqui e acolá -, que dá a entender que os actores divertiram-se durante as gravações.
O trabalho dos criadores Phil Lord e Christopher Miller é fantástico (devido ao sucesso, a secretária ficou empilhada de propostas de trabalho). A equipa conseguiu explorar o brinquedo, o potencial e a experiência de quem montou estruturas LEGO, e aplicou sucessivas referências aos elementos que potenciam e premeiam a imaginação/rigor do conceito.
Visualmente, O Filme Lego é mais divertido do que fascinante (não poderia ser de outra maneira), imprimindo um registo altamente dinâmico e recheado de informação. Do ponto de vista técnico, a intenção de manter presente a sensação de que é possível que sejamos “nós” a brincar com o LEGO é uma aposta vencedora. A música principal é gira, mas torna-se repetitiva e irritante a meio do filme.
Para além do famigerado twist (um polegar em riste para quem não subestimou a inteligência dos mais novos), O Filme Lego está recheado de humor inteligente, que se distingue pelas “desconstruções” dos clichés presentes nos filmes de aventura. E ainda há uma mensagem muito positiva, que refresca as noções do bem e do mal nas histórias.
Eventualmente, The LEGO Movie não é tão bom como estava rotulado (falta ali qualquer coisita), mas é um filme especial, recomendável para todas as idades, que ficará lembrado como um projecto altamente original.
Positivo
Negativo
- Dinamismo sufocante
- Piadas que nem sempre encaixam
- Everything Is AWESOME!!! torna-se extramente irritante
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