Análise – Super Neptunia RPG

  • Plataformas: PlayStation 4, Nintendo Switch, PC
  • Versão de Análise: Nintendo Switch
  • Informação Adicional: Imagens retiradas durante as sessões de jogo.

A série Neptunia é uma que nunca teve medo de experimentar novos géneros de mexer com a sua fórmula em vários spin-offs enquanto que os jogos principais continuam a seguir o mesmo formato. Isto é algo que aprecio pois sempre oferece a oportunidade de experimentar algo novo com personagens e cenários que os fãs conhecem e ao mesmo permite à série de expandir o seu repertório, e se um desses spin-offs funcionar bem até que poderá tornar-se na sua própria coisa.

No entanto, tal como acontece com a franquia Sonic the Hedgehog, a série Neptunia tem ideias interessantes para estes spin offs mas a sua maioria acaba por não ter uma boa execução, deixando um pouco (ou muito) a desejar por vários motivos. História demasiado simples, jogabilidade que podia estar mais polida ou simplesmente o motor de jogo que já tem um par de anos em cima e que necessita de ser mudado.

Desta vez uma das novidades é o facto de o jogo ter sido produzido por um estúdio Ocidental e de um o jogo adaptar um formato 2D ao invés do habitual 3D que tem acompanhado a série até agora. Tendo em conta estas mudanças a curiosidade em como o jogo iria sair tornou-se maior, mas no final o resultado continua o mesmo, oferecendo resultados mistos.

Para começar, a maior preocupação que eu tinha acabou por não se concretizar. Os trailers davam a impressão de o jogo contar com alguns problemas de animação com a transição das personagens para o 2D mas esse não é o caso e as personagens até contam com movimentos bastante fluídos, mas existem outros problemas de performance que estão presentes, pelo menos na versão Nintendo Switch. Quer no modo doca ou portátil o jogo é lento nos menus e transições ao ponto de chegar a incomodar, em especial no modo portátil onde a lentidão consegue ser ainda maior.

Para o melhor ou para o pior este é o máximo dos problemas em termos de performance, não tendo encontrado nada mais que necessitasse de atenção. Em termos de design algumas novas personagens podiam estar bem melhores enquanto que as outras conseguem manter o aspecto habitual que a série Neptunia possui. Já a banda sonora consegue emular bem o espírito do tema que Super Neptunia RPG decide abordar, os velhos RPG 2D e ao mesmo tempo apresenta uma enorme variedade de géneros.

Posso estar a referir RPGs 2D mas com isso não quero dizer que seja um RPG tal como os velhos jogos da era da NES e semelhante, mas antes um sidescroller RPG que tem lugar num universo onde os jogos 2D reinam em grande quantidade e onde jogos 3D não são vistos com boa cara. As nossas personagens do costume acordam neste novo universo com o problema do costume, amnésia, e partem numa aventura a ver onde esta as irá levar.

Como já tenho vindo a referir, o jogo toma um aspecto totalmente 2D. O cenário torna-se num jogo sidescoller de plataforma e as personagens obviamente não fogem às dimensões estabelecidas pelo tema, adaptando um visual 2D mas que está cheio de vida com os seus movimentos bem fluídos e que dão prazer em ver pois estão muito bem trabalhados. O combate também acaba por mudar de aspecto neste novo spin off tal como tem sido habitual com todos os outros spin offs da série.

O combate adapta o formato Active Time Battle onde é necessário esperar que uma barra se encha para o jogador poder atacar, mas o jogo faz uma revisão a este modo e muda um pouco as coisas. A barra de ATB (neste caso referida como Action Points Bar, AP) não é dedicada apenas a uma personagem mas sim todas, sendo que o jogador carrega no botão correspondente à posição de uma das quatro personagens em campo para fazer com que esta ataque, quanto maior a barra de AP for mais ataques o jogador pode fazer com a equipa toda. O elemento de estratégia baseia-se nos elementos dos inimigos e personagens, onde a personagem que estiver à frente (à esquerda) ditará o tipo de elemento e ataque/habilidade que será usada. Algumas personagens estão mais viradas para o ataque em si, enquanto que outras focam-se mais em magia ou até suporte. O tipo de elemento e habilidade irá mudar para toda a equipa consoante o líder, sendo necessário mudar o mesmo tendo em conta a situação.

Para além disso existe a barra “Break Attack” que vai aumentando à medida que os jogadores fazem dano ao inimigo e que permite o uso de um ataque especial por uma das personagens e também as habituais transformações para certas personagens. Isto é o básico dos básicos e nada muda a partir daqui, é interessante que o combate adapta um estilo diferente mas não existe muito a fazer com o mesmo, sendo mais um caso de “pedra-papel-tesoura” que RPG. Tudo é feito automaticamente, incluindo magia, e o jogador não tem mão sobre isso, o que por vezes atrapalha um pouco as coisas durante o combate. Uma mecânica interessante são as habilidades que estão associadas a cada arma mas que quando um certo montante de experiência é alcançado essa habilidade fica com a personagem de forma permanente, algo que faz lembrar alguns jogos de séries RPG populares.

Fora do combate existe a exploração neste novo mundo que introduz plataformas, mas por vezes quando o jogador tenta saltar de uma plataforma para a outra o jogo não responde muito bem ao pedido, o que faz com que o jogador tenha de tentar novamente e novamente, ouvindo Neptune a dizer algo de todas as vezes que falta, o que acaba por tornar-se um pouco irritante apesar de apreciar isso nos outros jogos. Um outro problema ligado a isto é o de por vezes ser complicado diferencia o que faz parte do cenário e o que não faz, o que por vezes leva a problemas de navegação. As sidequests adaptam um formato irritante devido à falta de informação oferecida pelo jogo. Imaginem que uma personagem pede por um certo material mas o jogo não informa onde é possível obter esse material e quando tiverem a sorte de o encontrar, a única que o jogo vai dizer é para regressarem à cidade e falar novamente com a personagem, não indicando ao certo quem visto que várias personagens oferecem missões, obrigando o jogador a falar com todos até encontrar a pessoa certa.

A história apresenta a habitual comédia e referências a jogos que a série Neptunia tem feito desde o primeiro dia mas o tema central não apresenta muito por onde puxar. Toda a ideia de jogos 2D e de até mudar o género podiam ter tornado Super Neptunia RPG em algo interessante, mas a sua execução não é a melhor principalmente devido aos problemas técnicos e a sua simplicidade que dá a ideia de ter algo em falta para tornar este num jogo completo. Tendo em conta que a série anteriormente adaptou outros géneros sem ser RPG seria interessante ver o jogo abordar outros géneros que utilizam um estilo 2D ou até pequenas referências tal como alguns jogos indie (e de bastante sucesso) tem feito.

Surpreendentemente o resultado final acaba por ser igual ao habitual mesmo com uma companhia Ocidental ao encargo do jogo. A transição para o 2D foi bem feita e a banda sonora está muito boa na sua maioria, mas é a parte mais importante que fica aquém daquilo que deveria ter sido entregue, apresentando mais um jogo da série que nem é bom nem é mau.

Positivo:

  • Animações das personagens
  • Banda sonora

Negativo:

  • Problemas de performance
  • Combate demasiado simplificado
  • Jogo no geral dá a ideia de haver algo em falta

Mathias Marques
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