Shadwen é uma assassina com a missão de assassinar o rei. Pelo caminho encontra Lily, uma jovem rapariga que após ser salva por Shadwen acaba por a acompanhar. Esta história tem um início que não me agradou, achei que esta história é uma desculpa para o jogo e em nenhum momento achei a interação e motivações das personagens algo que me interessasse.
A jogabilidade de Shadwen é puramente Stealth, se forem vistos o jogo termina e é aqui que entra a mecânica principal do jogo, voltar atrás no tempo. Quando quiserem corrigir um dos vossos movimentos podem fazê-lo com o premir de um botão e se precisarem de algum tempo para pensar basta não se mexerem e o tempo pára. É isso mesmo, este jogo tem como propósito obrigar o jogador a encontrar um caminho “perfeito” dando todas as ferramentas para tornar a tentativa erro na maior arma do jogador.
Enquanto agradeço a benesse de não ter que efectuar loadings de checkpoints podendo fazê-lo apenas com o premir de um botão e corrigir apenas um movimento, confesso que é uma mecânica que retira grande parte do desafio do jogo. Normalmente eu sou um jogador bastante cuidadoso neste tipo de jogos e até me dou ao trabalho de esperar num local algum tempo para estudar padrões de movimento mas em Shadwen estou-me completamente nas tintas para isso, pois com o poder de voltar atrás no tempo vem uma grande irresponsabilidade.
Se Shadwen não se tivesse dado ao trabalho de salvar Lily o jogo seria também bastante diferente, saltar por entre vigas a vários metros do chão assassinando guardas incautos seria certamente menos trabalhoso e muito mais rápido, mas como temos Lily atrás de nós temos que ir abrindo caminho, não só para nós, mas também para ela. E é aqui que entra alguma moralidade no jogo, matar guardas em frente a Lily ou fazer com que esta dê de caras com guardas mortos por nós irá afectar psicologicamente esta personagem e algo me diz que afectará o fim do jogo. Assim é uma escolha vossa abrir caminho assassinando todos os guardas para que Lily passe sem ser vista ou distrair os guardas conforme Lily avança. Apesar de esta não ser apanhada pelos guardas ela nunca se atravessa no campo de visão dos mesmos sendo assim necessário serem criativos com as distrações. Infelizmente isto faz com que o jogo se torne bastante repetitivo e depressa.
Para mim faz mais sentido completar o jogo distraindo apenas guardas, pois é aí que residem os desafios mais difíceis de Shadwen, ao matar os guardas eliminam a ameaça e é bastante fácil contornar os caminhos que o jogo nos tenta impor. Por exemplo através de alguns elementos claramente não intencionados num dado nível consegui colocar-me em posição atrás de um guarda em vez de ter que passar pelos intencionados 3 guardas, pelo que o distraí só a ele fazendo a Lily ficar presa pelos restantes guardas; se por outro lado o tivesse morto conseguiria matar os outros 3 um por um e o meu problema tinha sido solucionado rapidamente. O jogo incentiva então a que o joguem duas vezes uma furtivamente e outra de adaga na mão. Experimentei as duas formas e como já disse prefiro o desafio da furtividade apesar de a certa altura começar a praguejar comigo mesmo porque seria muito mais fácil matar guardas, não pela dificuldade mas por estar a ficar aborrecido.
No entanto Shadwen não está armada apenas com uma adaga, enquanto percorrem os níveis podem dar de caras com alguns baús que contêm objectos para fabricar artimanhas, por exemplo minas. Este sistema é um pouco estranho e só o utilizei quando fui obrigado, mas é sempre bom ter mais opções. Algo que também é interessante é que podem matar guardas “acidentalmente” por exemplo puxando um barril de uma viga ou algo do género. No entanto se os outros guardas virem vão a correr até ao sino para dar o alarme e Game Over. O barulho neste jogo é também importante e devido à forma como os objectos reagem à nossa passagem por vezes temos que corrigir alguns caminhos, se se encostarem a uma caixa de madeira por exemplo os guardas ouvem, se saltarem muito perto dos guardas, eles ouvem, se se aproximarem sem ser agachados e lentamente – adivinharam – eles ouvem.
A Frozenbyte (produtora do jogo) construiu um jogo dedicado à evasão com um tom bastante escuro e medieval, este tom constrasta bastante com o IP mais famoso desta e não é pelas melhores razões. Enquanto que Trine se pode gabar de ter cenários deslumbrantes, Shadwen parece saído de uma fase beta de um jogo da geração passada, fiquei bastante desapontado e o terror visual vai para além do ambiente fosco contemplando bugs visuais e mecânicas por polir. Não foram poucas as vezes em que apareceram locais com junções de modelos mal executadas ou o modelo de Shadwen a tentar fazer breakdance contra uma viga, até Lily se move de uma forma pouco natural e é estranho ver Lily a correr sem alertar guardas enquanto nós temos que ter cautela. No fundo é uma experiência visual desagradável de uma produtora que já fez muito melhor.
Sonoramente é um jogo que está dentro dos padrões de jogos do género sendo a predominância os sons do ambiente para que consigamos ouvir passos e a movimentação de objectos assim como algumas conversas entre guardas.
No fundo Shadwen é um jogo que a meu ver merecia ter um melhor polimento, existe potencial neste jogo que infelizmente não sobressai por culpa de vários problemas visuais, desde movimentações estranhas por parte de Lily, um cenário que por vezes apresenta erros se colocarem a câmara em certos ângulos e uma apresentação fraca no geral. Apesar de tudo é um jogo que conseguirá entreter os fãs do género mas para todos os outros jogadores tenho a dizer que existem alternativas melhores.
Positivo
- Mecânica “Temporal”
- Imensas formas de encarar uma situação
- Incentivo a repetir o jogo com uma abordagem diferente, mas…
Negativo
- … vai-se tornando repetitivo rápidamente pelo que poderão não querer repetir o jogo
- Aspecto visual fraco
- Movimentação de Lily é bastante inconsistente
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