Análise – Sekiro Shadows Die Twice

Vindo dos estúdios que nos fizeram morrer milhares de vezes com Demon Souls, Dark Souls e Bloodborne, Sekiro Shadows Die Twice é ao mesmo tempo uma aventura totalmente nova é uma viagem altamente familiar. No entanto, as diferenças que parecem pequenas a início, acabam por ditar que este universo consegue ser totalmente independente.

Como a maioria sabe, os jogos da linhagem Souls, sejam eles sequelas a sério ou espirituais estão entre os meus jogos favoritos de sempre, a ponto que os terminei a todos e repeti uns quantos. Existe algo nestes jogos que os tornam em algo impossível de largar, mesmo quando já morremos dezenas de vezes contra o mesmo inimigo. A vitória é sempre saboreada com ainda mais fervor.

Sekiro Shadows Die Twice é em si um mostro bastante interessante, não só por ser um ambiente feudal japonês, mas também por ser ao mesmo tempo a definição de que Dark Souls é um jogo desafiante, mas este consegue entrar no espectro do verdadeiramente difícil. Se Dark Souls não era para vocês, então esqueçam Sekiro.

O simples facto de se basear no universo japonês e no combate ao estilo de um Ninja, Sekiro já nos coloca numa situação complicada. O estilo de combate e a entrada a pés juntos da verticalidade fazem da personagem principal um ser altamente versátil, mas perigosamente frágil. As primeiras horas neste jogo, especialmente para quem jogou Souls, são frustrantes a pontos agravantes. Quando um veterano como eu começa a pensar que se calhar este não é um jogo para ele, isso quer dizer algo.

Há que aprender quase tudo de raiz, pois as introduções fazem alterações profundas. Algo como a possibilidade de saltar livremente pode parecer coisa pouca, mas altera drasticamente a abordagem ao mundo, ao combate e até à exploração. Se ainda pensam que isto é simples, posso dizer que Sekiro exige que dominem o salto, pois vão precisar dele até para desviar de ataques em combate, juntem a isto todo um novo sistema de desvios e Parry com a espada e há momentos em que o combate parece mais um bailado do que outra coisa.

Se a inicio parece que Sekiro Shadows Die Twice correu com os elementos RPG, estão bem enganados. Existe aqui muito para desbloquear e pontos de experiência para melhorar a personagem. A grande ferramenta é o braço de Sekiro que mais parece um canivete suíço. Podem usar fogo, shurikens e uma corda para trepar coisas. Isto é só a base, pois ainda há muito mais para encontrar e desbloquear.

O sistema de progresso, esse sim, está muito similar ao de Dark Souls, com áreas ligadas por estátuas que servem de pontos de controlo e de segurança para nós. Cada estátua está bem posicionada e acreditem que as vão visitar muitas vezes, pois é o ponto de evolução e também a área onde podem descansar para recuperar vidas. Como assim? Shadows Die Twice não é um nome só para enfeitar. Quando morrem, podem escolher voltar à vida trocando um desses dois pontos. Existem dois, um que regenera matando inimigos e outro quando visitam uma estátua, por isso também requer uma grande estratégia e planeamento para os saber aproveitar.

No que toca a bosses, Sekiro Shadows Die Twice também está bem servido e mantém a tradição. Desta vez, como a história está mais presente e existem mais personagens importantes, também os bosses são personagens mais próximas da narrativa e que podem ou não ser mencionados antes ou depois. Posso dizer que estes combates são brutais e alguns pensei que nunca conseguiria passar (o primeiro boss “a sério” dá logo uma boa ideia).

Sekiro Shadows Die Twice não é um jogo enorme, mas a longevidade está assegurada por vários momentos de exploração e algum grind. Eu sei que no futuro alguns prós vão mostrar como se faz, mas até agora metade do meu tempo foi tido a fazer a história normalmente e farmar em pontos chave. Não existe qualquer tipo de on-line ou mensagens escritas, por isso são vocês e o desafio do jogo.

No que respeita ao visual, Sekiro Shadows Die Twice vai entre o fenomenal e o bom. Alguns modelos mais repetidos em demasia e certas texturas são fracas. Os cenários e direcção artística são fenomenais e conseguimos sentir que estamos a ser transportados para o mundo feudal das terras do sol nascente. As vozes em japonês são imponentes, embora algumas pareçam saídas de um anime, o que pode causar alguma estranheza inicial. A banda sonora é fantástica e também consegue deixar grandes marcas.

Já estava a contar que Sekiro Shadows Die Twice fosse um jogo de excelência, mas nunca contei que me fosse esmagar da forma que o fez. Se alguma vez pude recomendar Dark Souls, Sekiro Shadows Die Twice é um monstro por si só que não deve ser levado de ânimo leve. Estamos a falar de um dos melhores jogos do género e um jogo que vence por si só, mas é também a proposta mais difícil de mastigar.

Se são fãs de Dark Souls e a frustração não vos preocupa, então vão encontrar aqui um desafio à altura que se torna ainda mais pessoal, pois é preciso penar bastante para adquirir a mestria de o dominar, desse ponto em diante, vão sentir que cada batalha é uma vitória ainda mais saborosa e foram vocês que a conseguiram. É um jogo fantástico, mas não é seguramente para todos.

Positivo:

  • Tema e ambiente
  • Habilidades desbloqueadas
  • Jogabilidade testa o jogador
  • Sistema de vidas
  • História
  • Verticalidade

Negativo:

  • Não é fácil de recomendar
  • Requer uma paciência de santo
  • Nada de ferramentas on-line

Daniel Silvestre
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