Eu sou aquele tipo de pessoa que não se assusta em jogos de terror de forma fácil, ou quase, desde que tenha as armas adequadas como em Dead Space, sinto-me seguro. Depois existem aqueles jogos em que por alguma razão uma camara fotográfica é a nossa arma.
Project Zero Maiden of Black Water é um jogo tipicamente japonês sobre o tema terror, e dá-nos uma câmara fotográfica para exorcizar os fantasmas. Sim, a nossa arma contra fantasmas é uma câmara fotográfica. Alguma questão?
Vamos então começar por falar um pouco da história, desde já friso que não vou dar muitos detalhes pois a mais pequena informação estragará o grande atrativo do jogo. Project Zero Maiden of Black Water deu-me a sensação de estar a ver um anime, as cinemáticas foram alvo de um grande cuidado tal como a forma utilizada para a passagem da informação.
Fiquem apenas a saber que a história envolve fantasmas que tentam matar várias pessoas da mesma forma que pereceram, tudo isto numa montanha assombrada que dá pelo nome de Monte Hikami. Aqui residem os fantasmas de muitos dos que procuram suicidar-se e esta história começa por se centrar num ritual macabro sendo que mais tarde os próprios fantasmas tentam apaziguar as almas torturadas dos vivos entregando-lhes a libertadora morte.
Existem 3 protagonistas nesta história, Miu Hinasaki, Yuuri Kozukata e Ren Hojo. A história faz com que tenhamos de jogar e interagir com as 3 personagens, apesar de cada uma ter motivos diferentes todas elas têm uma jogabilidade idêntica. Desde a corrida lenta até ao apanhar objectos de forma amedrontada, não fosse algum fantasma tentar agarrar-nos, o que acontece. Ainda assim a única diferença reside nas lentes disponíveis para a câmara obscura de cada um. Não esquecer que antes de iniciar cada nível poderão equipar a personagem com algumas fatiotas temáticas, se as tiverem.
O GamePad da Wii U é utilizado como a câmara obscura através do giroscópio do comando todos os movimentos que fazemos com o GamePad são replicados no jogo podendo ainda usar os manípulos analógicos para movimentar a personagem e fazer curvas com a câmara. No entanto e apesar de podermos olhar para a TV é no GamePad que se encontram assinalados os pontos fracos dos fantasmas, pelo que este se torna essencial.
A câmara obscura pode sofrer melhoramentos, quer sejam gerais ou de lentes. Algumas lentes trazem efeitos secundários como paralisar fantasmas quando uma barra de energia fica cheia ou regenerar alguma vida. Em adição às lentes todos os aspectos podem ser melhorados, desde a distância a que os fantasmas são afectados até ao tempo de espera entre cada foto.
Existe ainda vários tipos de rolos para a câmara, dependendo do tipo de rolo existem várias modificações desde o tempo entre cada disparo até à eficácia. Estes rolos são encontrados espalhados pelos níveis a explorar.
Os níveis de Project Zero Maiden of Black Water variam entre os edifícios abandonados, florestas e cavernas. Apesar de todas as localizações serem bem trabalhadas repletas de caminhos secundários e segredos, a verdade é que durante a história vão acabar por passar pelos mesmos sítios bastantes vezes. Aconteceu-me de forma consistente passar 4 vezes pelo mesmo sítio e só à 4ª vez encontrar uma área escondida.
A apresentação gráfica destes níveis é um misto entre o razoável e o bom, se por um lado sabemos que a Wii U é capaz de melhor, também é verdade que jogos de terror tendem a optar por cenários mais escuros o que acaba por afectar alguns detalhes. Ainda assim os lagos e poças de água presentes no jogo em grande quantidade acabam por acompanhar este estilo pelo que não sobressaem mas também não ajudam.
Nestes níveis que são normalmente labirínticos na sua construção e que têm secções bastante parecidas durante a progressão existem muitos items para apanhar. Desde documentos que contêm informação sobre personagens ou eventos até alguns items para recuperação de vida ou items que nos secam as roupas, entre outros. Existe mesmo uma grande quantidade destes para colecionar. O facto de existirem áreas idênticas neste jogo não é um ponto negativo pois não é feito em demasia mas ajuda ao sentimento de desespero que o jogo tenta causar ao jogador.
No que toca a jogabilidade, esta faz lembrar os primeiros Resident Evil, movimentos relativamente lentos, corredores longos e apertados mas com uma câmara que se pode controlar livremente.
Uma das mecânicas de Project Zero Maiden of Black Water é a água, conforme forem jogando vão presenciar alguns momentos em que a vossa personagem vai ficando molhada. Quer seja pela chuva ou a caminhar sobre algumas poças a água vai entranhando-se nas nossas roupas e quanto mais encharcadas estiverem as personagens, mais suscetíveis estarão aos ataques dos fantasmas. Porquê? Digamos que os fantasmas gostam de ambientes húmidos e de vocês.
Estes fantasmas para além de serem uns amores, querem sempre aproximar-se de nós e são também umas verdadeiras divas, é verdade, como a forma de combater fantasmas é através de fotografias estes fantasmas adoram ser fotografados. É costume estas sessões fotográficas durarem longos minutos. Os fantasmas aproximam-se, afastam-se, mudam de posição, por vezes têm ataques de fúria e tentam matar-nos porque ficaram mal na foto… Enfim o combate não é assustador e demora demasiado tempo, alguns encontros chegam a demorar 5 minutos onde andamos às voltas a desviar-nos dos fantasmas e a fotografa-los, vezes e vezes sem conta.
Os fantasmas seguem alguns padrões de ataque, variando entre os padrões simples e os mais rebuscados que envolvem teleportes e abraços mortais. Ainda assim a atmosfera do jogo, principalmente a parte sonora do jogo, contribui para que nos sintamos incertos sobre o que vamos encontrar. Alguns encontros com estes fantasmas conseguem ser stressantes e é mais por esse caminho que este jogo tenta chegar ao nosso coração.
Ainda em relação a estes fantasmas, o que mais me perturba é a história que cada um tem. Depois de exorcizados a maioria destes fantasmas fica a desfazer-se por um breve período de tempo e se formos rápidos a tocar-lhes podemos ver os seus últimos momentos de vida. Estes momentos complementam muito bem a história tendo quase sempre uma cinemática que replica o estilo dos antigos filmes a preto e branco de terror.
No geral algumas missões requerem que procuremos uma dada zona em busca de um item ou pessoa. E este é o meu maior problema com este jogo, o facto de termos que explorar a mesma área em busca de uma pista, por exemplo uma dada área que tem de ser fotografada de um dado ângulo para revelar o item. Dei por mim a explorar a mesma zona durante mais de 40 minutos e já me estava a sentir cansado, devido à jogabilidade lenta e ao mesmo tempo quanto mais cansado menos assustado, no fundo estava a conhecer os cantos à casa e nem as bonecas a caírem de prateleiras me assustavam… quem é que eu quero enganar estive sempre com o coração nas mãos e detestei estar 40 minutos em busca de um item porque não sabia o que me esperava.
No fim de cada secção o jogo dá-vos uma pontuação e uma nota, existem várias dificuldades e se for do vosso agrado podem mesmo escolher dificuldades elevadas e escolher exatamente que items levar ou não para cada nível/secção.
No fim fica uma história bem contada e de grande qualidade onde a jogabilidade tem um ritmo lento com o propósito de nos fazer sentir inseguros que apesar de conseguir o efeito se torna irritante em algumas situações. Com a progressão e apesar de a história se adensar o facto de visitar algumas áreas repetidas também faz com que o jogo perca algum brilho já que os próprios fantasmas ficam cada vez mais chatos sem grandes inovações.
Project Zero Maiden of Black Water é um jogo com uma boa qualidade mas que não é de todo um jogo para todos. No entanto se são fãs de terror japonês então têm aqui uma grande aventura, até eu fiquei fã apesar de todos os sustos.
Positivo
- História
- Sonoridade do jogo
- Câmara Obscura
- Primeiros encontros com fantasmas
- Ambiente bem conseguido…
Negativo
- … se bem que não está no melhor que a consola consegue oferecer.
- Jogabilidade lenta chateia mais do que assusta
- Alguns encontros com fantasmas perto do fim do jogo começam a tornar-se monótonos e chatos
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