Análise – Nintendo Land

Quando a Wii foi lançada para o mercado, a sua atenção à jogabilidade por movimentos foi mais que motivo suficiente para que milhões de pessoas dessem uma primeira hipótese aos videojogos.

Curiosamente, muitos nem foram além do pacote inicial, pois entre muitos jogos de grande qualidade, Wii Sports era tudo aquilo que precisavam, um jogo que permitia jogar Ténis, Golfe ou até Bowling no conforto da sua casa, em família ou com amigos e permitindo que pessoas dos 8 aos 80 pudessem mostrar os seus dotes.

Nintendo Land surge na Wii U como um novo teste às capacidades da consola, o que o coloca numa posição de enorme responsabilidade. Será que o novo jogo de destaque da nova consola consegue seguir as pisadas do fenómeno que foi Wii Sports?

Mesmo sendo um jogo de mini-jogos  é notório que a Nintendo fez um grande esforço para oferecer uma grande variedade e conteúdo para todo o estilo de jogadores. Estejam a jogar em grupo ou sozinhos, há muito para fazer neste jogo.

O primeiro problema de Nintendo Land é forma como tenta gerir o nosso progresso. Existem vários mini-jogos para um jogador apenas e outros tantos para jogar de forma cooperativa ou competitiva. É uma pena então que não tenha sido criada uma forma de jogar mais calendarizada. Quando estão a jogar sozinhos, podiam existir desafios ocasionais ou “horas marcadas” para certos torneios, até podiam existir Miis que seriam os nossos rivais e os quais tínham de derrotar em cada um dos jogos com pontuações ou algo semelhante.

Não existindo esse incentivo por desafios, o que Nintendo Land nos propõem é algo tão simples como passear pelo parque (ou praça), participar nos jogos e reunir moedas em cada um dos desafios realizados. Com as mesmas podemos jogar um mini-jogo de Pachiko no qual desbloqueados prémios que se espalham por toda a praça.

A praça de Nintendo Land acaba por se um dos primeiros pontos positivos do jogo. O facto de estar sempre cheia de Mii de outras pessoas (quando jogam com a consola ligada à internet) e de ter muito movimento faz com que este Menu seja bastante vivo e animado. A praça é também o sítio onde podem aprender a jogar com Monita, uma televisão voadora que explica bem o funcionamento de cada atracção,embora demasiado pormenorizada por vezes.

Até hoje, uma compilação de mini-jogos não passava disso mesmo, um aglomerado de pequenas tarefas com principio e fim, no caso de Nintendo Land, isso muda de figura.
Grande parte dos jogos para um jogador ou cooperativos oferecem vários níveis de dificuldade que acabam por representar novos cenários. Jogos como The Legend of Zelda Battle Quest, Metroid Blast ou Pikmin Adventure podem ser jogados sozinho ou em grupo, mas à medida que completam um cenário, outro é aberto, criando uma aventura única. Mesmo que esteja bastante longe de um jogo a sério é um bom esforço para criar algo que prenda os jogadores.

Como não podia deixar de ser, é no jogo competitivo que reside grande parte das jogatanas em grupo e Mario Chase, Luigi’s Ghost Mansion e Animal Crossing Sweet Day são algumas das melhores apostas deste jogo.
Todos estes jogos usam as características únicas do Gamepad para recriar experiências tão antigas como o jogo da apanhada ou as escondidas de uma forma totalmente inovadora.

É aqui que entra a jogabilidade. Seja pelo ecrã táctil, giroscópio ou pela utilização de um ecrã extra, Nintendo Land consegue mostrar alguns dos trunfos que a Wii U tem na manga e que podem vir a influenciar os próximos jogos.

Como disse, Mario Chase é o jogo clássico da apanhada, mas a utilização do Gamepad permite que quem foge possa ver todo o mapa, e quem joga com os Wii Remote sigam apenas o radar da distância. Já com Luigi’s Ghost Mansion, este sistema é ampliado, colocando todos os jogadores a caçar o fantasma com lanternas. A grande diferença é que quem joga com o fantasma usando o Gamepad sabe onde está sem que seja visto pelos outros.
Uma introdução tão simples como um ecrã extra consegue criar elementos de jogabilidade tão banais que até agora impossíveis de fazer.

Outra coisa que me agradou em toda a experiência Nintendo Land é a capacidade que este tem para introduzir jogadores casuais ao mundo dos videojogos. Sem darem conta, alguém que nunca jogou tem aqui um tutorial quase invisível para a jogabilidade com comandos tradicionais. Seja a começar com os analógicos em Mario Chase ou a controlar a nave de Samus em Metroid Blast, este é o jogo ideal para “evoluir” aqueles que nunca saíram do Wii Remote.
O Gamepad mostra uma reacção bastante boa à maioria dos jogos, mas existem alguns, como é o caso de Captain Falcon’s Twister Race ou Takamaru’s Ninja Castle que sofrem com algumas das imprecisões do posicionamento do Gamepad.

Outro calcanhar de Aquiles de Nintendo Land é o esforço económico que exige para que possam tirar total partido de cada experiência. Jogar a 4 exige a utilização de quatro Wii Remote e alguns jogos até mesmo a presença do Nunchuk. A não ser que já tenham investido nestes suplementos, se não compraram a Wii, terão de investir num mínimo de quatro Wii Remotes, o que não fica propriamente barato, especialmente tendo em conta que também compraram a consola.

Visualmente Nintendo Land é um misto de um mundo colorido e brilhante com personagens básicas (sim falo dos Mii) e alguns cenários que não fazem muito por se destacar. Por seu lado, cenários como o Legend of Zelda Battle Quest ou o Pikmin Adveture são atracções de encher o olho com uma boa promessa do que a Wii U pode oferecer no futuro.

A música é um reagrupar de alguns clássicos da Nintendo, não faltando a música de Super Mario, Metroid, Donkey Kong ou Zelda. Tudo encaixa bem, seja do tom mais antigo e retro, até às versões mais recentes. Quanto à voz da Monita, a versão portuguesa da mesma não é nada má e até é uma companhia bastante agradável, não soando a professora da primária, nem a alguém que parece mais entusiasmado do que devia.

Embora seja uma decisão da Nintendo, é uma pena que Nintendo Land não inclua qualquer tipo de modo online. Era bom que fosse possível convidar amigos ou até desconhecidos ligados pela net para partilhar as diversões, o que limita infelizmente a experiência ao multi-jogador local, assim sendo, a nota final acaba por sofrer ainda mais pela questão do preço global que precisam de gastar para que todos os mini-jogos funcionem a 100%.

Embora seja uma boa demonstração das potencialidades da Wii U, Nintendo Land ainda fica longe de atingir o patamar daquilo que foi Wii Sports na Wii. Consigo ver este jogo entre um daqueles que vai estar sempre presente nas festas e noitadas com os amigos, mas duvido que vá tomar o lugar de referência em salas de estar, lares de idosos ou em hospitais tal como Wii Sports.

Positivo:

  • Boa variedade de mini-jogos
  • Consegue ser uma experiência cativante mesmo para um só jogador
  • Excelente para jogar com outras pessoas
  • Uma grande demonstração das capacidades do Gamepad
  • Tradução para português bem realizada

Negativo:

  • Podia ter uma “campanha” feita a pensar no singleplayer
  • Gamepad não é 100% preciso em certos jogos
  • Onde está o modo online?
  • Caso não tenham Wii Remotes e Nunchuck é um investimento caro
Daniel Silvestre
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