Análise – Murdered: Soul Suspect

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Como sabem, eu não sou um grande apreciador de jogos ou filmes que me tentem assustar ou me façam sentir desconfortável com um ambiente sinistro.

Quando vi Murdered: Soul Suspect pela primeira vez, nunca me passou pela cabeça que o facto da personagem principal estar morta, que isso iria levar o jogo a percorrer caminhos mais tenebrosos.

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Curiosamente, tenho a dizer que enquanto joguei Murdered: Soul Suspect, embora tenha presenciado momentos algo de enregelar, que este é capaz de ter o balanço mais bem conseguido dentro do estilo.

É verdade, Murdered: Soul Suspect não é um jogo de terror, nem tenta ser, mas o facto da personagem estar morta e visitar o mundo que separa o nosso do pós-vida, cria alguns momentos no mínimo arrepiantes.

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O objectivo passa por descobrir quem é o assassino de Bell Tower e qual o motivo que o levou a matar a personagem principal. Sendo um polícia, Ronan vai poder usar a sua intuição e capacidades fantasmagóricas para resolver cada mistério.

Infelizmente, os puzzles e investigações de Murdered: Soul Suspect são bastante óbvios e até demasiado simples. Apenas precisam de procurar pelas pistas, ler a mente de algumas pessoas e juntar as peças a partir do momento em que já aglomeraram pistas suficientes. A forma como as soluções são apresentadas são extremamente básicas, ao estilo de “esta pessoa está…”, quando podemos ver claramente que está assustada. Por vezes até parece que voltámos ao tempo da primária.

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É uma pena que este sistema seja tão simples e linear, pois os cenários que nos permitem explorar conseguiam oferecer bem mais. A interacção é demasiado limitada e começa a ficar cada vez mais repetitiva à medida que realizamos o mesmo processo em cada puzzle.

Outro elemento que me desiludiu foi o grau de exploração da cidade de Salem, não só cada zona principal está bloqueada por um ecrã de loading, como muitas vezes a cidade é limitada por paredes invisíveis, o que a torna num lobby segmentado com zonas bastante pequenas.

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Seja na cidade ou nas zonas de investigação, Murdered: Soul Suspect permite que interajam com outras almas penadas que ficaram presas no limbo. Ao ajudar com os seus problemas, estas encontram a paz. Embora algumas destas histórias alternativas sejam interessantes, o raio de alcance das mesmas é muito reduzido, e muitas vezes, quando estas são realizadas, deixam determinadas áreas bastante vazias e desprovidas de interesse.

Curiosamente, um dos elementos que mais gostei foi a exploração dos cenários e o “combate”. Ronan consegue atravessar paredes, possuir animais, entrar no corpo dos vivos, ou teleportar-se entre espectros. Estas ferramentas são úteis não só para resolver alguns puzzles, como são essenciais para combater os demónios, criaturas que perderam a esperança e agora caçam outros espíritos. Estes momentos conseguem ser bastante divertidos e exorcizar um demónio depois de o enganar nunca chega a ser cansativo.

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Murdered: Soul Suspect ainda dura mais de 8 horas a terminar, sendo que existem várias pistas e objectos para descobrir nos cenários, alguns dos quais até revelam histórias macabras de Salem, ou sobre o passado de Ronan com a sua namorada. Quando terminada, não existe grande incentivo para repetir a história, mas alguns jogadores podem querer explorar ainda melhor o mundo.

Visualmente, Murdered: Soul Suspect não é um jogo que tenha um poder gráfico por aí além. Os modelos das personagens na nova geração não estão muito melhores que o melhor que se viu na geração anterior, e salvo algumas texturas mais trabalhadas, é bastante mediano.

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Onde Murdered: Soul Suspect ganha pontos é na criação do seu ambiente “estranho” e assombrado. Salem parece estar sempre a esconder segredos do seu passado macabro e dou um valente aplauso à pessoa que se lembrou de espalhar imagens espectrais de pessoas pelos cenários, estas conseguiram incomodar-me bem mais do que tudo o resto.

Quanto à banda sonora, esta não cria momentos épicos ou que me tenham ficado na memória. O mesmo posso dizer das prestações vocais que na sua maioria cumprem apenas a sua função.

Confesso que até gostei de Murdered: Soul Suspect. O seu ambiente soturno bem conseguido e a história conseguem manter interesse, mas de resto, é um jogo bastante banal, linear e repetitivo. Se fizesse algo realmente de mal, ou estivesse estragado, era um coisa, mas assim sendo, é um jogo diferente, com boas ideias que foram mal aproveitadas.

Positivo:

  • Ambiente misterioso de Salem
  • História deixa o jogador curioso
  • Jogos de gato e rato com os demónios
  • Algumas mecânicas divertidas
  • O raio daqueles espectros ficam na memória

Negativo:

  • Não é muito longo
  • Personagens podiam ter bem mais carisma
  • Puzzles básicos e lineares
  • Cidade limitada e vazia em alguns locais
  • Missões alternativas são limitadas

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Daniel Silvestre
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