Análise – Monochroma

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Nos últimos anos o sistema de crowdfunding tem estado bastante presente na indústria dos videojogos, especialmente no departamento indie. Deste modo de financiamento surgiram jogos como Broken Age ou Shadowrun Returns, consolas como a Ouya e até mesmo periféricos que prometem revolucionar a nossa experiência enquanto jogadores, como é o caso do Oculus Rift.

Se olharmos mais por dentro deste sistema e pesquisarmos projectos onde a fasquia de financiamento é colocada em valores mais modestos, encontramos vários jogos que passam despercebidos a muitas pessoas, mas que possuem o seu próprio valor.

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Esse é o caso de Monochroma, um platformer indie com um visual altamente inspirado em Limbo, salvo algumas diferenças, que veio tentar mostrar que não é preciso um orçamento astronómico para conseguir uma experiência enriquecedora. Mas, será que conseguiu?

Monochroma não tem história. Ou melhor dizendo, não nos conta uma história. Não há diálogos, texto ou imagens a explicar o que está a acontecer. Tudo o que há em termos de enredo explícito acontece nas primeiras dezenas de segundos e, após isso, tudo fica entregue ao departamento sensorial de quem está a experienciar o jogo.

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No seu núcleo Monochroma é um puzzle platformer tal como Limbo. Uns puzzles são feitos com base nas regras da física, outros implicam a destreza do jogador e umas fugas aos inimigos em que temos de dar corda aos sapatos para fugirmos o mais depressa possível. A pior parte é que devido às mecânicas incorporadas no jogo, “o mais rápido” possível é o equivalente à velocidade máxima do segundo classificado de uma corrida de tartarugas.

Onde o distante sósia Limbo conseguiu com bastante clarividência primar pela dificuldade dos puzzles, Monochroma conseguiu apenas incluir uma boa dose de frustração nos seus puzzles que até estão bem conseguidos. Sim, os puzzles que estão bem feitos provocam frustração não por serem difíceis de resolver, mas porque os controlos são a componente mais fraca do jogo.

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A dupla de protagonistas do jogo são dois irmãos que andam sempre juntos. Por norma espera-se que num jogo de puzzles com um par de protagonistas eles sejam ambos essenciais para progredir, tal como foi feito de forma exímia em  Brothers: A Tale of Two Sons, mas em Monochroma um dos irmãos serve apenas como “saco de batatas”, um peso extra que nos obriga a ter de dar a volta maior ao puzzle em vez de conseguirmos fazer tudo de seguida.

Tal como referi antes, os controlos são a parte mais fraca do jogo. Num dos puzzles iniciais do jogo temos de escapar por uma janela rachada depois de atravessar uma ponte levadiça enquanto fugimos de um inimigo. Fiz várias tentativas para partir a janela mas todas em vão, acabando sempre por ser apanhado por um inimigo. Qual era o problema?

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A ponte levadiça estava apenas dois pixeis acima de encaixar no fim por isso a janela não se partia. Tenho de me lembrar na próxima vez que estiver a ser perseguido de esperar que as coisas fiquem todas alinhadas para poder fugir. Para além de frustantes, as mecânicas são altamente inconsistentes. Por exemplo, em certas cordas podem dar balanço para chegar mais longe, mas na corda imediatamente seguinte já não. Diga-se de passagem que o tempo desde que somos apanhados ou morremos até fazermos spawn no checkpoint é extremamente grande.

Graficamente o jogo é bastante semelhante a Limbo, se bem que tem um especial enfoque no background que, de resto, é onde decorre a maior parte da narrativa visual e em certos momentos, existem imagens de fazer inveja a várias vistas de jogos cuja principal atracção são o chamado “eye candy”.
No departamento sonoro apesar de ter uma boa banda sonora, o trabalho e design da secção deixa muito a desejar. Sons extremamente repetitivos e irritantes são material de longa-duração de Monochroma.

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Monochroma prometia muito e cumpriu pouco. As poucas coisas boas que o jogo consegue oferecer são facilmente encobertas por falhas grosseiras no design global. Se forem fãs acérrimos de Limbo puderam encontrar algum divertimento com Monochroma, mas até mesmo essa pequena quantidade é facilmente apagada pela frustração dos controlos e da má optimização de que o jogo sofre.

Positivo:

  • Puzzles bem construídos
  • Fundos e vistas extremamente belos

Negativo:

  • Controlos altamente frustantes
  • Personagem consegue ter menos equilíbrio que uma esfera numa rampa
  • Inconsistências na jogabilidade
  • Design sonoro
  • Tempos de carregamento aleatórios e extremamente longos
  • Má optimização

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Roberto Silva
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