Análise – JoJo’s Bizarre Adventure: Stardust Crusaders

  • Episódios: T2 – 24 ; T3 – 24
  • Temporada: Primavera 2014 (Abril) ; Inverno 2015 (Janeiro)
  • Produtores: David Production ; Yomiko Advertising, Warners Bros., KlockWorx
  • Géneros: Acção, Aventura, Supernatural, Shounen, Vampiros
  • Idades: +17
  • Adaptação: Manga

Após um par de meses está na hora de regressar até à série JoJo’s Bizarre Adventure e analisar a adaptação da “Part 3: Stardust Crusaders” que foi dividida em duas temporadas de 24 episódios. Caso tenha-vos escapado quando saiu, existe já uma análise à primeira temporada de JoJo que adapta a história de Phantom Blood e Battle Tendency, bem como uma introdução à série que poderão ler aqui. Caso ainda não conheçam a série é do vosso interesse começar por esses dois artigos uma vez que poderá haver spoilers sobre temporadas anteriores nesta análise.

E começando com ditos spoilers, a história de Stardust Crusaders é colocada em acção com a revelação de que Dio Brando (agora pronunciado DIO por alguma razão) está vivo. Tendo-se apoderado do corpo de Jonathan Joestar à cerca de 100 anos atrás, e ter sobrevivido este tempo tempo graças aos seus poderes vampíricos e dentro do caixão que estava no barco (embora seja o mesmo caixão que Erina Joestar tenha usado para escapar juntamente com os dois bebés, mas vamos falar disso mais tarde).

Tendo lugar em 1989, Joseph Joestar viaja até ao Japão a pedido da sua filha Holly para identificar o que está a acontecer com o seu neto Jotaro Kujo [Daisuke Ono]. Joseph revela que Jotaro possui uma Stand que surgiu devido ao facto de DIO ter despertado a sua Stand e de ambos estarem ligados devido ao sangue da família Joestar que agora corre nas veias de DIO. No entanto essa ligação também acaba por afectar Holly, e devido a isso Joseph e Jotaro partem para enfrentar DIO antes que seja tarde de mais para Holly, uma vez que o seu corpo é demasiado fraco para aguentar com o poder da sua Stand.

Não é certamente a melhor maneira de iniciar uma história que já viu melhores começos. Começando com uma plot hole, seguido de uma ligação mágica entre uma família inteira e terminando com a revelação do vilão principal que vai estar desaparecido durante toda aventura, marcando apenas presença nos episódios finais de Stardust Crusaders. Tendo em conta que Phantom Blood foi construindo a relação entre Dio e Jonathan, e Battle Tendency que sempre teve os Pillar Men em cena, o foco da terceira parte de JoJo podia ser bem melhor.

DIO é uma personagem que conseguiu obter o estatuto de vilão respeitável devido à sua relação com Jonathan, mas em Stardust Crusaders o autor decide descansar sobre a popularidade da personagem o que faz com que a mesma perca valor. Mas DIO não é a única personagem que acaba por ser mal aproveitada. Stardust Crusaders apresenta um maior elenco em comparação às temporadas anteriores, mas infelizmente metade dessas personagens não é bem desenvolvida.

Basicamente metade do grupo não consegue ultrapassar a apresentação inicial que recebem, Avdol é na maior parte das vezes a personagem de exposição; Polnareff nunca deixa ser a pessoa barulhenta e que cria confusão e Iggy fica ausente durante a maior parte do tempo, regressando apenas nos últimos minutos de cada episódio apenas para marcar presença. Deste pequeno exemplo apenas Polnareff acaba por apresentar alguma mudança, sendo talvez a personagem que mais cresce durante esta jornada.

Incluíndo os exemplos já dados, o restante grupo também se mantém maioritariamente igual. E isto acaba por afectar o protagonista, Jotaro, que desde o início demonstra ser uma personagem de poucas palavras, falando mais com a sua presença do que com a boca. Jotaro consegue mostrar alguma personalidade ao longo da jornada, com o seu pensamento rápido e inteligência sobre o que está a ocorrer em situações de pressão e combate, mas tirando isso Jotaro não apresenta grande disposição para se sobressair em relação ao resto do grupo.

A história apesar de estar dividida em duas temporadas acaba por ter o mesmo formato desde o início. O grupo está a viajar desde o Japão até ao Egipto, passando por outros países entretanto e enfrentando os vários inimigos enviados por DIO para os travar. A primeira temporada de Stardust Crusaders acaba por ser uma demonstração do que as Stands são capazes de oferecer, não oferecendo grandes momentos emocionantes para além de um ou dois que acabam por ser bons e interessantes.

A segunda temporada acaba por ser bem melhor, tendo vilões mais interessantes e situações ainda mais complicadas para as personagens, não sendo a exibição e tutorial de Stands que a primeira temporada é. O autor não se fica por combates à la Dragon Ball, e cria as mais variadas Stands com habilidades inimagináveis, criando confrontos memoráveis ao longo da história e uma das razões pela qual JoJo se tornou ainda mais popular ao longo dos anos.

Por fim, a conclusão de Stardust Crusaders deixa a desejar, principalmente devido ao facto de DIO não ter grande impacto e de a batalha final ser demasiado curta. Os episódios anteriores acabam por ser melhores devido à situação a qual as personagens se encontram e pela conclusão ser mais satisfatória do que o confronto com DIO. Outra parte da culpa deve-se ao facto de toda a história de Stardust Crusaders colocar as personagens num confronto atrás do outro sem terem um momento de descanso, acabando por fazer com que o confronto final não tenha grande diferença em relação aos outros confrontos.

Falando sobre as openings e endings que costumam ser um dos pontos altos da série, tenho a dizer que tanto a primeira abertura como encerramento de Stardust Crusaders deixam um pouco a desejar. Ambas costumam estar recheadas de pistas e eventos que vão acontecer ou já aconteceram e são basicamente um mimo de se ver, mas a primeira abertura tem esse aspecto em falta, sendo maioritariamente uma exibição das personagens e locais que vão visitar. O primeiro ending acaba por reforçar essa ideia ainda mais, sendo literalmente uma exibição das personagens e as suas Stands; e a música “Walking Like An Egyptian” pode ser boa a início mas perde o sabor após ser ouvida várias vezes seguidas.

Já a segunda abertura está melhor trabalhada. Continua a dar destaque às personagens, mas faz o velho trabalho de indicar acontecimentos futuros que vão acontecer, bem como a música que é melhor em comparação à primeira, não esquecendo a versão final desta abertura é um dos melhores presentes que os fãs podiam receber. Quanto ao segundo encerramento, “Last Train Home” é o melhor que podia ser escolhido para acompanhar os visuais, que apesar de focar-se apenas nas personagens, possui muito por onde pegar e contar sem nunca usar algo extravagante. Fica também a menção honrosa àquele ending especial na segunda temporada de Stardust Crusaders que indica o quanto a equipa por detrás do anime se diverte com o mesmo.

A animação do anime continua igual, as personagens já tem um aspecto mais humano em comparação a aparições anteriores na série, e o estúdio continua a usar o mesmo estilo onde tanto a cor do cenário como personagens acaba por mudar de tom conforme a situação, sendo visualmente apelativo. A banda sonora demora a aquecer, mas possui umas quantas faixas que trabalham bem em conjunto com a acção do anime.

Stardust Crusaders é uma grande aventura com os seus altos e baixos, contando com as suas personagens sempre no centro de atenção. A primeira temporada acaba por sofrer devido a ser mais para exposição do conceito de Stands e pela maioria dos vilões serem fracos, no entanto não fica desprovida de alguns momentos que se tornaram memoráveis e com imensa comédia. Por sua vez, a segunda temporada oferece uma melhor seleção de vilões e confrontos mais interessantes, sendo DIO que acaba por ser o ponto negativo da mesma, devido à sua fraca participação.

A terceira parte de JoJo’s Bizarre Adventure é uma que muda o conceito da série daqui para a frente,  abrindo a porta para um número ilimitado de possibilidades tendo em conta que o autor sabe utilizar o conceito de Stands para criar imensas situações inimagináveis. Tornando a série JoJo em algo mais do que apenas um anime sobre homens macho à pancadaria, fazendo assim jus ao seu nome e continuando a sua aventura bizarra.

Positivo:

  • Stands são uma excelente adição à série
  • Vários momentos memoráveis
  • Alguns vilões interessantes

Negativo:

  • DIO não está à altura da sua forma original
  • Personagens principais podiam estar mais desenvolvidas
  • Primeira temporada acaba por ser uma demonstração do conceito de Stands

Mathias Marques
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