Chega ao grande ecrã o novo filme dos estúdios da Pixar (ALEGRIA): Inside Out (há um título para a versão portuguesa, mas é franca-mente estranho). O trabalho mais recente das mentes criativas que nos trouxeram Up e WALL-E (bem hajam Pete Docter e Ronaldo Del Carmen) é o regresso da Pixar aos títulos originais (ALEGRIA), depois de uma temporada a investir em sequelas (TRISTEZA). E chega em boa hora!
Embora o grande público ofereça resistência em reconhecer valor ao cinema de animação (RAIVA), Inside Out apresenta argumentos para ombrear com fatos metálicos, dinossauros amestrados e guitarras elétricas que fumegam labaredas (MEDO).
Inside Out narra a história de Riley (voz de Kaitlyn Dias), uma jovem de 11 anos que troca Minesota para viver em São Francisco (TRISTEZA). Como tudo na vida, a mudança provoca um turbilhão de emoções, proporcionado a oportunidade de ver essas mesmas emoções numa jornada para resolver a situação (MEDO).
O elenco vocal escolhido pela Pixar é brilhante (ALEGRIA), seria impossível encontrar actores que desempenhassem o trabalho com tamanha distinção. As participações de Amy Poehler (Joy), Phyllis Smith (Sadness), Bill Hader (Fear), Lewis Black (Anger), Mindy Kaling (Disgust), Richard Kind (Bing Bong) e Diane Lane (Mom) estão sempre no ritmo certo e tornam a versão original obrigatória. Não obstante, o elenco vocal para a versão portuguesa também promete, com Carla Garcia (Alegria), Bárbara Lourenço (Repulsa), Rui Paulo (Medo) e Maria Henrique (Tristeza).
A realização de Inside Out vai ao encontro do modelo moderno estandardizado do cinema de animação em 3D, ou seja, é colorida, animada, pisca o olho aos óculos 3D e recorre, em vários momentos, à comédia galhofeira “over the top” para agradar ao público mais jovem (REPULSA). Mas pronto, é o drama de produzir uma obra com um alcance etário dos 8 aos 80 (TRISTEZA).
Segundo os modelos narrativos, Inside Out não é genial, apenas muito esperto. A história base é banalíssima (o drama da adaptação), e as emoções não são mais do que os arquétipos do modelo clássico antropomorfizados, que desempenham e seguem a jornada do herói. Tão simples quanto isto. O verdadeiro “soco no estômago” surge na originalidade, e na destreza intelectual para incorporar elementos naturais do comportamento humano e transformá-los em trama (para os mais crescidos, recomendo a leitura das obras do neurologista português António Damásio).
Inside Out é uma montanha-russa de emoções. É notável o potencial de uma folha em branco e um cheque com muitos zeros. Quando os criativos não têm limite para a imaginação, a obra nasce, e, normalmente, na casa da Pixar tornam-se clássicos instantâneos.
Sem princesas encantadas nem músicas que emprenham os ouvidos, mas com a capacidade de tornar o quotidiano numa experiência transcendente. A exigência estava alta (MEDO) mas a Pixar fez valer os pergaminhos e perfilou Inside Out como candidato aos Óscares. Inside Out está “carregadinho” de humor, detalhes e camadas para descobrir a cada nova visualização (ALEGRIA). Tenho a certeza que os mais novos irão gostar ainda mais de Inside Out no futuro.
Positivo
- Amy Poehler é uma força da natureza
- Originalidade
- Elenco vocal
- Construção da história
- Humor sofisticado
- Se o filme tivesse o dobro da duração, ficaria a mesma sensação de recompensa
Negativo
- Humor over the top
- Pontas soltas
- Algumas decisões pontuais pouco focadas e previsíveis
- Encaro com indiferença os naufrágios no Mediterrâneo, mas choro baba e ranho com um filme da Pixar
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