Análise – Injustice 2

Mesmo não sendo um dos melhores jogos de luta de todos os tempos, com o primeiro Injustice, a Netherrealm conseguiu dar finalmente um destino com muita qualidade aquilo que foi em tempos DC vs Mortal Kombat.

Com um bom número de vendas e uma boa quantidade de fãs, era quase certo que Injustice 2 iria acabar por surgir mais tarde ou mais cedo. Será a qualidade desta sequela digna de o colocar entre os melhores jogos de luta do mercado?

Comecemos pela história, pois tendo em conta aquilo que a Netherrealm fez com Mortal Kombat, esta campanha teria tudo para dar certo. Depois de a jogar quase de enfiada, posso dizer que esta é a melhor campanha que já joguei num jogo de luta. O enredo faz sentido, existem bons momentos de narrativa e alguns twists bastante bons. Além do mais, as personagens que menos gosto estão do lado dos maus, o que é bastante satisfatório.

Mesmo não tendo modos para dar e vender, Injustice 2 ainda acrescenta valor à oferta com um modo extra conhecido como Multiverse. Este funciona ao estilo de missões com alterações na jogabilidade que criam desafios extra. As vitórias oferecem caixas de items para abrir que podem equipar nas vossas personagens. O modo funciona um pouco como um RPG, havendo muitos estilos diferentes de armaduras e cores que podem equipar e usar para mudar o estilo.

Continuando com a questão do Loot e Lootboxes (caixas de items), quem costuma jogar jogos como Overwatch e outros do género já conhece o sistema de abrir caixas com tesouros lá dentro. Injustice 2 não é excepcção mas já entra perigosamente no exagero no que toca a modelos free-to-play. Não só existe este sistema de caixas como as mais raras são complicadas de abrir sem gastar dinheiro real. Existem missões diárias que incentivam a voltar todos os dias e podem contar com personagens DLC bloqueadas no dia de lançamento, algo que eu abomino totalmente.

A chuva de DLC vai continuar e já existem pelo menos nove personagens confirmadas em packs que podem comprar desde já, com alguns já anunciados. É uma política de DLC que não faz sentido, especialmente quando alguns deles já estão no código do jogo.

Sendo um jogo de luta, Injustice 2 não podia por de lado os típicos modos de luta em Versus, quer offline, quer online. Ambos funcionam bem, com a versão sem Lag a ser a ideal como sempre. Surpreendentemente o online corre sem grandes problemas de ligações e a velocidades satisfatórias (mudei recentemente para Fibra, por isso pode ajudar).

No que toca ao combate, Injustice 2 aprendeu com os pontos menos bons do primeiro episódio para se tornar num dos melhores jogos de luta disponíveis no mercado. O combate é rápido, cheio de combinações e possibilidade de aplicar juggles e especiais encadeando ataques, coisas presentes no cenário e outras funcionalidades. Cada combate parece ser diferente e como os loadings são bastante rápidos, parece que nunca ficamos parados por muito tempo, mantendo a acção constante.

Sendo um fã da Marvel, muitas das personagens da DC Comics são completos estranhos para mim. Entre os novos convidados de Injustice 2 posso dizer que não conhecia três ou quatro caras, mas o jogo acaba por apresentar cada um de forma consistente e os movimentos de combate das novas personagens fazem delas óptimas escolhas para combate.

Como sempre, o jogo foi lançado com algumas personagens um pouco desequilibradas, mas só quem joga jogos de luta de forma mais exaustiva é que vai dar por isso. Os mais casuais vão ficar contentes por ver que pelo menos os heróis principais que mais gostam são fortes o suficiente para dar luta.

Injustice 2 também mostra que aproveita bem o poder desta geração de consolas, sendo um jogo com bons cenários, personagens detalhadas e ataques de encher o olho. Encontrei um ou outro bug visual e continuo a dizer que certos corpos e faces femininas mais parecem homens com atributos de mulher, mas felizmente a quantidade é cada vez menor nos jogos da Netherrealm (quero ver o mesmo a acontecer em Mortal Kombat).

O mundo de Injustice 2 é negro e cheio de conspirações, mas felizmente o visual consegue aproveitar isso para dar um tom mais sério e tipicamente DC ao jogo, sem perder a oportunidade de deixar umas piadas e referências engraçadas pelo caminho.

A nível sonoro, temos aqui um trabalho bem feito no que toca às vozes. A banda sonora é igualmente boa, embora não faça muito por deixar marca e os sons de combate são mais do que competentes.

Depois de um bom punhado de horas com ele, Injustice 2 confirmou ser um jogo de grande qualidade, fazendo bem tudo aquilo que compete a um jogo de preço completo. Porém, a quantidade de modelos “free-to-play” que tenta forçar para o seu interior mancham algo que podia ser uma experiência simples e sem custos escondidos. É complicado recomendar algo que à partida sabemos através de todo o DLC, que terá uma edição jogo do ano mais tarde com um preço mais convidativo, por isso mesmo, esta análise não terá direito a selo de recomendado.

Ou seja, Injustice 2 é um dos melhores jogos de luta desta geração e algo que os fãs do género devem jogar. De qualquer forma, pensem primeiro se o modelo de pagamento adiantado (season pass), loot boxes e afins é do vosso agrado antes de investir.

Positivo

  • Boa campanha
  • Combates dinâmicos e desafiantes
  • Loadings rápidos
  • Visual cuidado
  • Boa selecção de personagens

Negativo

  • Personagens desequilibradas
  • Conteúdo “free-to-play”
  • Personagens bloqueadas no lançamento

Daniel Silvestre
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