É o arranque da Fase 2 da Marvel. Iron Man 3 é o primeiro filme de uma saga que contempla Thor: The Dark World, Captain America: The Winter Soldier e Guardians of The Galaxy, uma odisseia que culminará em 2015 com o segundo filme dos Vingadores.
Iron Man 3 é o terceiro filme dedicado a um dos personagens carismáticos do universo Marvel, Tony Stark, que mistura o génio extraordinário da engenharia bélica, com um ego massivo, problemático no universo da luta contra o crime. O protagonista oferece constantes dilemas, assentes na natureza do personagem, e desviantes do paradigma do herói.
Os dois primeiros filmes constituíram grandes sucessos de bilheteira, o suficiente para incentivar a aposta em filmes a solo de outras personagens, menos populares do que o Homem-Aranha ou os X-Men. Na prática, Iron Man nunca desiludiu: o primeiro e segundo filmes, apesar de não serem brilhantes, demonstraram competência na missão proposta… entreter. Posto isto, Iron Man 3 consegue manter o registo dos antecessores?
Não. Consegue ser muito melhor. Iron Man 3 é das boas surpresas do ano. Aparentemente a mão de Kevin Feige (quase que podemos apelidar de Beyonder ao Presidente da Marvel Studios) está mais influente do que nunca: a qualidade do argumento, a intenção da realização, a construção dos personagens. Estes elementos estão num patamar elevadíssimo e devem-se a uma estratégia de sinergias entre franchises e optimização dos lucros, privilegiando sempre a qualidade. Mas vamos à história. Prometo medir muito bem as palavras para não estragar a vossa experiência, caso ainda não tenham visto o filme, porque Homem de Ferro 3 é muito mais do que: “vieram os maus, mas os bons ganharam”.
Tony Stark tem tudo. É multimilionário, construiu uma armadura que voa e dispara energia, e é casado com a mulher perfeita. Um único senão: tem ataques de ansiedade. Mas até este detalhe provoca inveja, tendo em conta que deve-se ao facto de enfrentar alienígenas e acompanhar outros super-heróis em aventuras. A tranquilidade de Tony Stark é interrompida quando um poderoso terrorista, conhecido por Mandarim, decide ir além das questões políticas e interferir na vida de Stark, colocando em perigo as pessoas próximas do protagonista. Resultado: Tony terá de aprender a proteger as pessoas de quem gosta e emergir das dificuldades, valorizando mais a atitude do que a própria armadura.
Robert Downey Jr. (interpreta Tony Stark/Iron Man) não sabe representar mal, pelo menos tem um registo singular. Downey Jr. aplica a comicidade, atrevimento, determinação e astúcia de forma orgânica, respeitando a personagem da banda-desenhada. Admito que estava redondamente enganado quando lamentei a recusa de Tom Cruise para interpretar o papel. Durante o filme, Tony Stark completa o arco da personagem, muito difícil de delinear tendo em conta os dois filmes anteriores que consolidaram o personagem. Stark atravessa o filme como motor da história, provocando os eventos (se bem que há algumas coincidências precipitadas), aprendendo com os erros, desencadeando soluções e chegando mais forte ao epílogo (física e psicologicamente).
O elenco principal conta ainda com Gwyneth Paltrow (Pepper Potts), Rebecca Hall (Maya Hansen), Don Cheadle (James Rhodes/War Machine) e Jon Favreau (Happy Hogan). Destaque para Ben Kingsley, no papel do intimidante Mandarim – efectivamente o actor britânico só sabe representar muito bem – e Guy Pearce, no papel de Aldrich Killian. O actor que protagonizou Memento, de Christopher Nolan, é fantástico e o papel em Iron man 3 assenta-lhe na perfeição.
A realização é liderada por Shane Black (autor de Kiss Kiss Bang Bang e responsável pela anunciada adaptação cinematográfica ocidental de Death Note). No que respeita ao trabalho desenvolvido, o terceiro filme supera os antecessores: a história contém twists (!?), diálogos extraordinários, resoluções recompensadoras para os espectadores e eventos em crescendo até ao clímax.
Do ponto de vista técnico, o trabalho de Shane Black deve ser reconhecido pela sensacional direcção de fotografia: a abordagem oscila consoante a intenção da cena e do cenário, com luzes intensas a encher o ecrã. Há um problema a apontar, existem planos onde os actores não estão iluminados em concordância com o cenário gerado por CGI. Os efeitos visuais balançam entre o “não distinguir o que é real e o que não é” e o 3D embutido por obrigação.
Iron Man 3 possuí um nível de entretenimento altíssimo, não foi elaborado com o grau de complexidade de The Dark Knight ou o entusiasmo proporcionado pelo encontro das estrelas em The Avengers, mas conquista um lugar de destaque pelo notável argumento e pela espectacularidade dos acontecimentos. Tem alguns problemas, concretamente na concordância da lógica imposta (um miúdo de dez anos consegue causar os mesmos danos na armadura que uma ofensiva militar, ou, a ausência da S.H.I.E.L.D perante a gravidade dos acontecimentos), mas esses detalhes ficam diluídos no todo.
Vejam aqui a Vídeo Análise:
Positivo
- Todas as cenas entre Tony Stark e Harley (Ty Simpkins)
- Referências a Avengers, poderiam tornar-se cansativas, mas revelaram-se divertidas
- Elenco bem dirigido
- Analogia aos altos e baixos, comuns nos relacionamentos, no casal Stark e Pepper
Negativo
- Algumas coincidências no encadeamento dos eventos a favor da velocidade do filme (apesar de aproveitadas para momentos cómicos ou cenas de acção)
- Cena depois dos créditos: Existe, mas não vale a pena
- Onde é que anda a S.H.I.E.L.D?
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