Análise – GRID 2

 

Os jogos de corrida são detentores de muito mais liberdade do que outros desportos, como é o caso do Futebol ou Baseball. Fazer algo diferente e realmente inovador é complicado, mas com tantos estilos de competição explorados, até os jogos de corridas já não têm muito por onde fugir.

Já quase tudo foi trabalhado e explorado até à exaustão, seja corridas em pista fechada, terra batida, Drifts, destruição ou corridas de rua ilegais.

GRID 2 surge como uma tentativa de evolução do sucesso que foi o jogo original, tentando oferecer mais do mesmo mas com alguns condimentos para apimentar a experiência do primeiro jogo. O resultado não envergonha o original, mas nem tudo correu tão bem como podia.

GRID 2 está dividido em dois modos claramente segregados. De um lado temos a experiência local onde podem realizar a campanha e competir em diversas provas livres. Do outro existe o modo online que funciona de forma totalmente independente.

Começando então pelo Singleplayer, aqui vão ser os principais impulsionadores da WSR, a World Series Racing, uma competição independente que procura juntar os melhores pilotos do mundo para competir em provas oficiais em várias regiões do globo.

A progressão da carreira tenta recriar o ambiente do propagar do projecto desde o Youtube até a segmentos fictícios da ESPN, mas estes chegam a parecer falsos e sem um impacto realmente visível no jogo, pois os eventos e pistas são quase sempre os mesmos, embora com uma ou outra variação dependendo dos vossos adversários ou modo de jogo.

Claro que a coisa fica mais séria quando entram em pista e tentam atingir os objectivos propostos para seguir na carreira. O jogo tenta sempre criar uma situação equilibrada, mas a início parece que somos levados às costas ao jogar na dificuldade normal. Como sempre, podem aumentar a dificuldade para uma experiência de condução mais vibrante.

A condução continua agressiva e divertida. Os riscos são recompensados, mas podem deitar por terra uma boa corrida a partir do momento que cometem um pequeno deslize. Infelizmente, por vezes parece que o computador dá um ligeiro “empurrão” aos adversários que ganham mais velocidade nas zonas finais da prova e por vezes estes parecem autênticos suicidas, cometendo proezas que valiam a sua desqualificação em provas da vida real.

Para amenizar este problema o Flashback faz o seu regresso, permitindo retroceder por alguns segundos na acção e assim evitar um acidente ou travagem mal colocada. Os veteranos vão certamente tentar ignorar esta ajuda, mas confesso que os utilizei diversas vezes para me ajudar a ganhar em algumas provas.

Além da campanha, o modo local inclui ainda uma série de opções para competir livremente em diversos modos e pistas, assim como ecrã dividido, uma opção que funciona bem e não sofre em muito no que respeita à fluidez do jogo ou da própria condução.

Saltando então para o Online, este acaba por ser um dos pontos mais fortes e de destaque de GRID 2. Ao contrário da maioria dos jogos, o Online aqui é algo totalmente isolado do singleplayer e tudo o que fazem online tem apenas resultados no jogo em rede. Desde a experiência que acumulam, carros que ganham e até os níveis, tudo é independente.

A realidade de ter uma campanha distinta online é muito bem-vinda e faz quase com que GRID 2 seja dois jogos distintos. Querem um carro novo? Compitam para o ganhar. Querem pinturas? Autocolantes? Tudo sai do vosso esforço e progresso online, algo que me agradou imenso e que gostaria de ver em outros jogos.

Como é natural em ambiente online, preparem-se para encontrar todo o estilo de jogadores, desde os mais agressivos aos mais “profissionais”. O ponto positivo é que podem ver através do perfil de cada jogador a sua apetência para criar caos ou interferir com os outros, uma boa vantagem sem dúvida que ajuda a preparar a prova.

Só é uma pena que a modificação dos carros a níveis técnicos não seja realmente explorada a fundo o que diminui as possibilidades de gestão da viatura antes de partir para a pista. De resto, os fãs de modificações podem contar com mudanças de cores, faixas e autocolantes para personalizar os carros.

Tal como o primeiro GRID, GRID 2 é um jogo bastante bonito de ser visto e a sua fluidez é bastante boa. As cores quentes usadas nas pistas e a forma como os carros foram modelados conferem mais realismo e fidelidade ao jogo. As pistas são bonitas no geral e só pecam por não terem um número maior. As colisões e danos dos carros também estão bastante bons e caso joguem com os efeitos no máximo, qualquer impacto pode alterar a condução do carro.

É bonito ver o reflexo do ambiente no capô do carro e manchas naquilo que será a câmara que acompanha esta vista, mas embora não seja fã da vista de cockpit, é uma pena que esta opção não tenha sido incluída. Embora não me incomode muito, é algo que os entusiastas mereciam e que já foi feito muito bem em jogos rivais que foram lançados entretanto.

Sonoramente a Codemasters fez um bom trabalho com os sons dos motores e das multidões que rodeiam a pista, porém, continuo a não ser grande fã das vozes ao estilo rádio do nosso colega/co-piloto que acompanham durante a maioria do jogo. É uma forma de incentivar o jogador e de o manter a par da evolução do jogo ou da corrida, mas nunca consegue estar realmente bem.

No geral, GRID 2 apresenta-se ao serviço não como uma evolução massiva de GRID, mas sim como uma expansão do mesmo. Com tantos anos de espera, pensava seriamente que a Codemasters iria além de uma abertura de horizontes, adicionando também mais vida e alma ao seu jogo, dando mais atenção ao que fazia de bem e não ao que podia vir a fazer também. Felizmente, não o faz tanto ao nível de Dirt Showdown.

Vejam a nossa análise em vídeo a GRID 2!

Se são fãs de jogos de corridas mais arcade que vos ofereçam um bom desafio e divirtam, GRID 2 é uma excelente aposta, embora pudesse e devesse ter cimentado uma ideia clara dos desportos motorizados que tenta recriar.

Positivo:

  • Condução divertida e viciante
  • Modo campanha longo
  • Online independente e desafiante
  • Várias ferramentas sociais
  • Trabalho feito nos carros e sistema de danos

Negativo:

  • WSR parece demasiado artifical
  • Podia incluir mais pistas licenciadas
  • Voz de narrador cansativa
  • Síndrome de expansão
  • Ausência da visão de  cockpit

Daniel Silvestre
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