Análise: Frozen – O Reino de Gelo

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Durante gerações, a Disney foi o expoente máximo da animação cinematográfica, a referência de uma indústria e responsável por clássicos maiores do cinema. Com a democratização da tecnologia digital, algumas empresas brotaram (Dreamworks) e a hegemonia do Rato Mickey perdeu gás. Seria o início da era digital e o declínio da animação tradicional, êxitos como Rei Leão e A Bela e o Monstro não se repetiram, e a Disney manteve-se viva no mercado devido à Pixar, embora possuísse “apenas” os direitos de distribuição e marketing  da, então, empresa de animação independente (até ser comprada pela Disney).

Para contrariar a tendência decrescente, a Disney assumiu regras fundamentais para os novos projectos, nomeadamente, render-se à animação 3D (o público mais velho tende a rejeitar a animação tradicional), manter o registo “monárquico” (príncipes e princesas) e modelar os personagens com olhos esbugalhados (Pocahontas foi o princípio do declínio do cinema de animação tradicional).

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A nova geração de filmes da Disney conta com Entrelaçados e Wreck-It Ralph, dois projectos bem-sucedidos nas bilheteiras mundiais, que trouxeram a magia de volta ao reino. Em 2013 chega a vez de Frozen, uma obra reciclada dos clássicos da Disney, que proporciona ao público o que quer ver, embora aplique algum jogo de cintura para contornar as reminiscências clássicas.

Frozen conta a história de Anna (voz original de Kristen Bell) e Elsa (Idina Menzel), duas princesas do reino longinco de Arendelle. Próximas desde sempre, Elsa foi obrigada a evitar o contacto com Anna, por ser incapaz de dominar um incrível poder que adquiriu à nascença, o poder do gelo. Atingido a maioridade, Elsa perde o controlo e liberta o poder escondido, congelando o reino e tornando-se uma ameaça. A única pessoa que pode ajudar Elsa a controlar os poderes é Anna, que irá iniciar uma aventura com Kristoff  (voz de Jonathan Groff), Sven e o boneco de neve mágico chamado Olaf (voz de Josh Gad).

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O elenco vocal original conta ainda com Santino Fontana, Alan Tudyk, Ciarán Hinds e Chris Williams. O elenco vocal português contou com as participações de Bárbara Lourenço (Anna), Maria Camões (Elsa), Diogo Morgado (Kristoff), Bruno Ferreira (Olaf) e Paulo Vintém (Hans).

Disney nomeou Chris Buck (Surf’s Up e Tarzan) e Jennifer Lee para desenvolverem o projecto, e a dupla desempenhou a tarefa muito bem. O aspecto visual de Arendelle é riquíssimo e as animações dos personagens são notáveis. Realmente impressionante é a forma como o gelo assume personalidade, tornando-se motivo de encanto, com o elemento a interagir com personagens e espaço cénico. A banda-sonora não é a melhor de sempre, se bem que algumas músicas são orgânicas e ajudam a narrativa (exemplo de “Let it Go”). Outros momentos musicais dão a sensação de que são “metidas à pressão” porque está escrito nos manuais.

Frozen pisca o olho ao género feminino, desta vez são duas protagonistas, ambas princesas, dotadas de personalidades cativantes e profundidade emocional. Os estúdios acertaram em cheio com Sven (na senda dos animais personificados da Disney), contudo, apesar de divertido, Olaf chega muito tarde ao filme.

Frozen não é uma barrigada de riso, nem uma lição de vida (a família é o melhor do mundo? devemos lutar pelo que acreditamos? o amor é o mais importante? não se percebe), mas a forma como os criadores de Frozen contornam os clichés é fantástica, criando, quem diria, sucessivos twists e afogando algumas mensagens perigosas dos maiores clássicos da Disney (Spoiler Alert: Cuidado com os estranhos!). Frozen não possuiu a magia de A Bela e o Monstro e não é um clássico com a envergadura do Rei Leão, mas corresponde às expectativas de quem quer ver um filme Disney. É “fofinho”, os personagens evoluem ao longo da história e o bem prevalece sobre o mal. 

FROZEN

Positivo

  • Dinâmica entre Anna e Elsa
  • Dinâmica entre Sven e Kristoff
  • Noção abstracta do antagonismo
  • Ambiente Visual
  • Clímax

Negativo

  • Adaptações musicais para português, a métrica é uma desgraça
  • Poucos momentos cómicos
  • Filme sem potencial para atingir o patamar de clássico

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