Análise: Blended – Umas Férias Inesperadas

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Há uns anos para cá, os filmes mais populares têm assumido uma assinatura sombria, com moral dúbia e reflexões Nietzschianas da vida, correspondendo à nova exigência do público generalista. O último filme feel good, com impacto mundial, talvez tenha sido o oscarizado Slumdog Millionaire (2008), e, mesmo assim, pincelado a registos trágicos. As comédias, que têm a obrigação de abrir a janela, não contornam a “depressão”, explorando conteúdos violentos e maduros (A RessacaTed e Horrible Bosses).

Entre os pingos da chuva, Adam Sandler contraria a tendência, mantendo a receita que lhe “dá de comer” há mais de 15 anos, com o típico filme de “Domingo à Tarde”. A fórmula não dispensa: a componente familiar, um local paradisíaco de férias, uma direcção de fotografia com muito projectores ligados e humor físico/imediato. No entanto, há outra variável que costuma correr bem. Aparentemente, Adam Sandler e Drew Barrymore funcionam enquanto par romântico.

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Em BlendedSandler (Jim) e Barrymore (Lauren) são pais separados que não conhecem outra pessoa desde os ex-companheiros. Por obra do acaso, Jim e Lauren vão de férias para África com as respectivas famílias, promovendo a aproximação das crianças e o despertar da paixão entre Jim e Lauren.

O elenco conta ainda com Kevin Nealon, Terry Crews, Wendi McLendon-Covey, Emma Fuhrmann, Bella Thorne, Braxton Beckham, Joel McHale,  Abdoulaye NGom, Kyle Red Silverstein e Zak Henri. Apesar da arte de representar estar num nível secundário em Blended, fica na retina o talento natural da pequena Alyvia Alyn Lind.

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A realização de Frank Coraci é a típica realização para comédia, ou seja, com planos abertos (humor corporal), que fecham nos rostos, quando se exige uma careta do actor.

Do ponto de vista técnico, há a registar que a produção era robusta (48 milhões de dólares!), embora o resultado prático não seja surpreendente. A direcção de fotografia, tal como foi dito, é bastante iluminada, sem zonas cinzentas, engatada nas tonalidades quentes, que funcionam em favor do público-alvo (8 aos 80).

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Blended é uma agradável surpresa, fundamentalmente, por tratar-se de um filme com o coração no lugar certo. Claro que não nos podemos esquecer que Adam Sandler quer engordar a conta bancária, a história já foi feita um milhão de vezes, o elenco não é desafiado para grandes interpretações, as etapas da narrativa são previsíveis e há momentos desconfortáveis, mas funciona tudo em harmonia.

Estou embaraçado por me ter divertido com Blended e investido interesse nos personagens, quer no romance entre os protagonistas, quer na transformação dos personagens secundários. A história está bem arrumadinha, respeitando o consagrado modelo clássico. Pese embora a manifesta falta de criatividade, um filme como Blended cai bem de vez em quando.

 

Positivo

  • Estranha química entre Adam Sandler e Drew Barrymorepn-recomendado-ana
  • Alyvia Alyn Lind é querida e com imenso potencial
  • Arco dos personagens
  • Mensagem com o coração no lugar certo

 

Negativo

  • Fusão de clichés
  • Terry Crews
  • Previsibilidade
  • Product placement
  • Segundo Blended, África é um lugar genérico

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